segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Tolerância e diversidade

A educação é uma das formas de promover a tolerância e a diversidade. Preparar para viver numa sociedade plural e complexa, submetida a rápidas e profundas mudanças.
A intolerância, o extremismo e a violência têm tido um acentuado aumento em todo o mundo, estimulados pela tendência para definir identidades diferentes.
A humanidade sempre se caracterizou pela diversidade, no entanto, a aceitação dessa diversidade não tem sido fácil.
Num mundo marcado por uma concorrência económica intensa, pelo movimento da população, pelo encurtar das distâncias, a convivência com pessoas de culturas e crenças diferentes e o aumento de todo o tipo de fanatismos que exploram a ignorância e o medo, criam tensões, e daí a escalada da xenofobia e do extremismo em todo o mundo.

sábado, 10 de dezembro de 2011

ESTEREÓTIPOS CULTURAIS - BELEZA E FELICIDADE


BELEZA E FELICIDADE
Uma das facetas mais marcantes da globalização é a intensificação das interações entre as culturas que proporciona oportunidades crescentes de intercâmbio e novas experiências culturais estrangeiras.
Os estereótipos fazem parte da cultura de um grupo e, como tal, são adquiridos pelos indivíduos e utilizados para uma melhor compreensão da realidade. Além disso, esta crença tem para o indivíduo uma função de tipo defensivo, ao contribuir para a preservação de uma cultura e de determinadas formas de organização social, garantindo a salvaguarda das posições alcançadas.
O estereótipo não é neutro, mas uma projeção que fazemos sobre o outro, um juízo de valor. Está carregado de sentidos, de tradição. É um rótulo que condiciona o olhar, mesmo antes que possamos ver algo.
Poderia pensar-se que numa sociedade moderna, caracterizada pela predominância da racionalidade tecnológica e por uma maior aceitação dos valores de igualdade e convivência democrática, os estereótipos estavam destinados a perder terreno progressivamente, no entanto, sabemos que não podemos pensar sem estereótipos, o que torna esta temática teoricamente relevante.
Podemos dizer que o estereótipo tem uma função na necessidade de simplificar a realidade na pertença de um lugar, que faz com que o indivíduo tenha uma identidade, reconheça o seu similar, mas que tenha aversão ao outro ou o observe como exótico, mesmo que inconscientemente, e nas relações de tipo histórico e social que definem a posição e funções de cada grupo humano a um nível global.
As características nacionais imaginadas, na ausência de informações consistentes, funcionam como instrumento de previsão e orientação. Exemplos comuns de tais estereótipos são as afirmações do tipo: os alemães são frios, os ingleses são reservados, os italianos são simpáticos, os franceses são detentores de grande sentido estético, etc.
O conteúdo do estereótipo expressa tendências de comportamento de grupos humanos inteiros. É por decorrência, um aspeto da natureza humana que interessa a uma multiplicidade de áreas do conhecimento. Usamos os estereótipos como um padrão para determinar comportamentos.
“A consciência nacional da nossa existência como indivíduos únicos e incompletos, levou a uma procura incansável da perfeição, hoje hipocritamente interpretada como sendo a busca da felicidade. Neste contexto insere-se o conceito da beleza, cuja definição assenta na combinação de qualidades pertencentes a objetos ou pessoas, que originam prazer ou deleite. Alguns filósofos afirmam ainda tratar-se de uma qualidade sensível ou intuitiva, podendo também ser propriedade casual, a qual suscita uma reação especial. Porém, não será a beleza a simples tradução das nossas inseguranças? Procuramos desculpabilizar a nossa essência, relacionando-a com a nossa verdade física, no entanto, o que somos não está carimbado na harmoniosa proporção dos elementos corporais, pero contrário, expressa-se pelas nossas ações, harmoniosas ou não, mas jamais perfeitas.
Há quem afirme que a máxima da beleza está patente na Arte, ora nem todas as formas que dela resultam, são visivelmente aceites e agradáveis, deixarão de ser belas? Não, a sua captação e interpretação varia consoante o ser, e o que poderá ser belo para uns, não o será para outros. Todavia, não somos peças de arte e, como tal, não nos podemos moldar na origem.
Reagimos quando os nossos sentidos são acionados, é a sua perceção que irá determinar o que é ou não belo. Não deixamos de ser feios por sermos belos, mas podemos ser belos e conjuntamente feios, feios e feios, assim como belos e belos, pois a verdadeira beleza, aquela que perdura, refletindo-se nas palavras e nos gestos, pertence à matéria do ser, enquanto que a beleza efémera pertence ao invólucro, e não constrói os motores reais de uma sociedade (valores, princípios, conhecimentos…). Ambas estão interligadas.” (MãoFina)
Será possível uma pessoa ter sucesso, ser rica e ser feliz? Qual a relação entre estes elementos? A primeira resposta lógica a esta pergunta, sem dúvida é: “SIM”. Então, por que razão nem sempre as pessoas bem-sucedidas e ricas, são felizes? Ou ainda, porque é que no meio de pessoas ricas e bem-sucedidas, é grande o número de pessoas com depressões ou até casos de suicídios?
A resposto não é fácil, principalmente porque nós, seres humanos, possuímos características e perceções únicas e estes conceitos variam de pessoa para pessoa. Tudo gira em torno do nosso pensamento. Como dizia René Descartes: “Penso, logo existo”, portanto, a nossa existência baseia-se na habilidade humana de pensar e agir. A ignorância pode ser uma bênção ou maldição, pois é o nosso pensamento quem controla as nossas ações e os nossos sentimentos. A felicidade pode ser entendida como paz de espírito e consequentemente um sentimento. “Eu” tenho o controlo sobre a minha felicidade, pois posso controlar o meu pensamento e as minhas atitudes.
O que acontece é que, geralmente, as pessoas não têm um pensamento estruturado e os seus comportamentos seguem o mesmo padrão que tem o mesmo pensamento em relação a um determinado assunto ou situação, fazendo com que os seus sentimentos sejam sempre os mesmos. Por mais bem-sucedidas e ricas que as pessoas sejam, se a forma de pensar ou agir sobre determinadas situações não se alterar, podem sempre ser pessoas com imensa infelicidade, porque os seus sentimentos também sempre serão os mesmos.
Procurar a felicidade na riqueza, na honra, no poder, na glória, na beleza e no prazer, é fragmentar a felicidade. A felicidade verdadeira e perfeita torna autossuficiente, poderoso, respeitável e alegre quem a possui, sendo portanto ema felicidade plena, não necessitará de mais nada, uma vez que tudo está nela contido.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O QUE É A FAMÍLIA

A família é a instituição social mais antiga e a base da estrutura social e de toda a organização da sociedade.
Apesar de a família ser uma instituição universal e em todos existir uma ideia de família, a palavra família estabelece associações com outros termos como casamento, filhos, casa ou parentesco, e na realidade esses são elementos que fazem parte da definição de família. A família é um grupo de pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de um ancestral comum,  matrimónio ou adopção, ou, numa outra definição, a família é o grupo social caracterizado por residência em comum, cooperação económica e reprodução.
Embora muitas das famílias actuais pudessem caber nestas definições, temos que ter presente, igualmente, que a família tem evoluído na sua estrutura, dando origem a novas formas de família presentes, hoje em dia, nas sociedades de tipo ocidental.
Como muitas referências à família são de tipo demográfico, convém ter presente também a definição do Instituto Nacional de Estatística que define a família como o “Conjunto de indivíduos que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco (de direito ou de facto) entre si, podendo ocupar a totalidade ou parte do alojamento. Considera-se também como família clássica qualquer pessoa independente que ocupa parte ou a totalidade de uma unidade de alojamento. Os empregados domésticos residentes no alojamento onde prestam serviço são integrados na respectiva família.

domingo, 20 de novembro de 2011

Reconversões Profissionais e Organizacionais

Do ponto de vista da formação profissional, a modernização é o conjunto de transformações tecnológicas que vão ocorrendo directamente no processo de trabalho. No mesmo conceito se usam outras expressões como: inovações tecnológicas, novas tecnologias ou inovações técnico-científicas.
Movido como forma de resgatar o lucro e o ganho do capital, a modernização veio alterar a estrutura do sistema produtivo nos aspectos de natureza organizacional e de equipamentos, gerando mudanças na qualificação profissional, afectando o desemprego e criando a necessidade de reconversão profissional. O problema agrava-se com a agressiva competitividade nos mercados internacionais conjugado com as questões ligadas à qualidade e diversidade dos produtos, num quadro inquietante de impasses políticos, económicos e sociais.
A incorporação das novas tecnologias por força dessas transformações, suscita discussões sobre as formas de organização da produção, a gestão do trabalho e a qualificação profissional tendo em vista os desafios que são colocados às empresas, aos trabalhadores, às escolas e à sociedade.

sábado, 15 de outubro de 2011

O Relativismo, Subjectivismo e Objectivismo Ético.

Todos os padrões de comportamento de um povo são determinados pela cultura desse povo. O que é correcto para uns pode não ser para outros. Não se pode afirmar que estes ou aqueles costumes estão correctos ou incorrectos; o que existe são costumes de uma sociedade com códigos morais de acordo com os seus costumes.
Se pensarmos pelo lado prático, a tortura de bebés filhos de terroristas seria justificável, já que a morte de um bebé poderia salvar milhares de vidas, no entanto há quem pense que nada poderia ser mais normalmente redutor que justificar a prática da tortura pela lógica utilitarista, pois já não seriam precisos códigos morais para determinar o que é certo ou errado, mas uma simples calculadora. Há, todavia, quem defenda uma tortura “leve” para minimizar a ideia de tortura, tornando-a aceitável ou até justificável em situações extremas.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Como alterar os preconceitos e as atitudes discriminatórias presentes numa sociedade.

“A diferença compreendida como constituidora da diversidade humana é bela, enriquece a vida humana e afirma cada ser na sua singularidade”.


A conversão das diferenças de género, etnia, religião, diferença e orientação sexual, entre outras, são construções históricas geradas pela humanidade ao longo da sua história.

As ciências, nos últimos séculos, pensaram e falaram em torno de um sujeito abstracto e universal, como representação de toda a humanidade. Um sujeito proposto nos moldes das verdades ocidentais – homem, adulto, branco, heterossexual e cristão.

A nossa linguagem e o nosso imaginário foram aos poucos construídos em torno deste modelo universal de humano. Assim, o que não correspondia a ele, rapidamente foi conduzido à condição de «outro», ou seja, diferente, à margem. Desta forma se construíram as categorias de sujeitos que, por estarem na condição de diferentes, se encontram em situação de maior vulnerabilidade: crianças, adolescentes, mulheres, deficientes, negros, de orientação sexual e, ou, religiosa distintas, entre outras.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Condes de S. Tiago de Lobão

Lino Henriques Bento de Sousa, Conde de S. Tiago de Lobão, nasceu na freguesia de Lobão, concelho da Feira, em 19 de Novembro de 1857, no lugar de São Martinho, filho de, António Francisco Henriques e Ana Ferreira Pais (assento de baptismo do ano de 1857, folha 52 do Livro Misto nº 9, freguesia de Lobão, Arquivo Distrital de Aveiro). Foi casado com Maria Albertina Saraiva de Sousa (faleceu no Porto, a 19/6/1948), laureada também com o título de Condessa de S. Tiago de Lobão não havendo descendentes directos deste casamento.

 Ainda muito novo rumou para o Brasil onde fixou residência e graças ao seu trabalho, esforço, tenacidade, inteligência e indomável determinação conseguiu amealhar uma enorme fortuna.
Segundo o testemunho de um parente (sobrinho-neto Pimentel Paiva), ali chegado, começou a trabalhar naquilo que apareceu. Em determinada altura, ainda jovem, foi despedido da casa onde trabalhava e estava a chorar numa rua do Rio de Janeiro. Passou por ali uma senhora, que ao vê-lo a chorar, lhe perguntou qual o motivo de tanta tristeza?!... O senhor Lino, se calhar com mau aspecto, terá contado à senhora o sucedido: ela teve pena dele e acolheu-o em sua casa. A senhora era viúva e dona de uma grande fortuna. Ele tê-la-á servido com tanta dedicação e fidelidade, que a dita fortuna, por morte da senhora, ficou para ele. Não se sabe de que constava a fortuna. Os escritos que se conhecem sobre o assunto, dizem que se dedicou ao comércio.
 A sua actividade comercial estendeu-se a várias regiões do Brasil, nomeadamente em Santos, onde era muito influente e respeitado integrando-se perfeitamente na comunidade tendo-se até naturalizado brasileiro. Foi, digamos uma forma de agradecer ao Brasil tudo aquilo que conseguiu na sua segunda Pátria.
Segundo histórias da tradição oral da família de Boaventura Rodrigues de Sousa, o Conde e Boaventura eram muito amigos e havia em Santos uma empresa fundada por Boaventura e seu irmão Bento de Sousa, que se chamava: Bento de Sousa & Cª.
Curioso o Conde ter no seu nome Bento de Sousa, pelo que será de admitir que tenha adoptado o nome da empresa. Possivelmente terá sido sócio na empresa, pois do pouco que se conhece é que terá sido comprada, já no século XX, pela empresa Moinho Santista.
Regressado a Portugal, com 40 a 50 anos, uma das primeiras coisas que fez após o regresso, foi cumprir a promessa feita quando partiu (que se a sorte lhe sorrisse no Brasil, casaria com uma mulher que tivesse sido falada, isto é, que tivesse andado nas bocas do povo por algo…). Foi assim que, embora muito rico, casou com uma senhora de classe humilde, a futura condessa.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Lobão, Santa Maria da Feira



A povoação de Lobão, situada no Município de Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, é conhecida desde muito cedo na documentação histórica.
A base do seu topónimo é um nome pessoal que, embora não muito frequente, surge em 906 como Lupon e depois em 967 como Lubon. Este trata-se de um derivado de Lupu com o sufixo expressivo aumentativo – one. Existe um documento do ano de 1055 que menciona a povoação como Lopone.
Em 1079, um documento define a sua posição geográfica: “Vimara vende a Gonçalo Viegas que abeo in uilla Lobon seu subtus Kastro Portella terretorio  portucalense discurrente riba Uniad” – a norte do castro da Portela de Romariz, no território Portucalense, águas vertentes ao rio Uíma, que lhe fica a poente.
No ano de 1101, Patrina Eris e filhos doaram à Sé de Coimbra, na pessoa do Bispo D. Maurício, a quarta parte dos seus direitos nesta Igreja, além de outros bens, ficando com usufruto como colonos da Sé.
Em 1172 menciona-se Lobom de lusano, em 1195 e 1251, Lobom, em 1514, Lobão, em 1527 Lobãom e em 1689 – Lobão.

sábado, 16 de julho de 2011

Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (O desenvolvimento humano e os direitos humanos)

      Em Setembro de 2000, os líderes mundiais reuniram-se na Cimeira do Milénio das Nações Unidas. O resultado foi a Declaração do Milénio, aprovada por 189 países, que inclui compromissos colectivos urgentes para vencer a pobreza que ainda atinge a maioria da população mundial. Em vez de aceitar as declarações habituais, os líderes mundiais comprometeram-se com metas ambiciosas, com prazos claramente definidos.
Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio são pontos de referência do progresso no sentido de uma visão de desenvolvimento, paz e direitos humanos, orientada por “certos valores fundamentais… essenciais às relações internacionais no século vinte e um.
A pergunta que se coloca é se os pressupostos aprovados no início do milénio são mais um arrazoado de boas intenções e não mais que isso, ou um firme compromisso dos dirigentes mundiais no sentido de pôr um travão à escalada desenfreada do acentuar das desigualdades!
Infelizmente, a história da primeira década deste milénio e o avolumar das dificuldades com que sociedade se debate, parece querer-nos dizer que, ou não há vontade para mudar este estado das coisas ou, subjugados pelo poder económico, os dirigentes são impotentes para impor mudanças.

sábado, 9 de julho de 2011

Identidade sindical

A segunda metade do século XX patenteou claros sinais de intensificação dos processos de globalização económica.
Se procedermos a uma análise por décadas, verificamos que após o crescimento económico e o aumento da produtividade mundiais que marcaram os anos sessenta, a década de setenta significou, porém, o início do abrandamento dessa evolução favorável, transportando para as décadas de oitenta e mesmo de noventa muitos dos sinais de desaceleração económica, ainda que esses sinais tenham apresentado um grau de intensidade diferenciado pelo mundo fora. Apesar disso, a década em que vivemos está sobretudo a confirmar a tendência para a crescente globalização dos mercados já registada no decénio precedente, confirmando assim o peso da “escala global”. O comércio financeiro mundial estimulou a multiplicação das empresas transnacionais que actuam não só em função das economias de muitas regiões do mundo, como contribuem directamente para a globalização do mercado por via dos seus investimentos directos estrangeiros (prioritariamente na América do Norte, Europa ou Ásia, mas também, cada vez mais, noutras regiões do globo como a América Latina). Por exemplo, ao longo da segunda metade da década de oitenta, em países como Itália e Portugal, o investimento americano directo cresceu mais de 150,0% e mais do que duplicou no Luxemburgo, França, Holanda, Irlanda e Espanha.
Tendo-se apoiado, na sua fase contemporânea, em instituições promotoras do comércio e investimento estrangeiros, a globalização revela-se capaz, através da sua propensão aglutinadora, de revelar tendências comuns. Do ponto de vista sindical, uma dessas tendências comuns é simultaneamente um medo comum: o medo que os diferentes movimentos sindicais nacionais expressam de que a globalização lhes está a cortar pela raiz as suas capacidades de negociação e de influência política. Este efeito negativo da globalização sobre o sindicalismo é testemunhado pela competição resultante das produções de baixo custo que exercem pressão de sentido descendente sobre os salários e o emprego em indústrias como a têxtil ou do vestuário. Procurando assegurar vantagens competitivas, os empregadores investem frequentemente na produção de bens e serviços tecnologicamente mais intensivos (que incorporam mais tecnologia), o que, no curto prazo, pode trazer consequências nocivas para os sindicatos visto que “reduz a procura de trabalhadores manuais – que constituem uma grande parte de muitos movimentos laborais – enquanto impulsiona o emprego dos trabalhadores não manuais”.

sábado, 2 de julho de 2011

As transformações do trabalho em Portugal

Os efeitos da crise económica internacional, na década de 70, limitaram crescentemente a margem de manobra interna, agravando a incapacidade política de adopção de uma nova estratégia de desenvolvimento, enquanto ocorrem entretanto consideráveis transformações nos mercados de trabalho, como o reforço da terciarização, o crescimento expressivo da mulher nesse mercado, o retorno das ex-colónias, a diminuição dos fluxos de emigração, o abandono da agricultura, o aumento do desemprego, a precarização, o recurso a estratégias de pluriactividade.
A concentração dos sintomas de crise, entendida enquanto processo de mutação estrutural, foi de algum modo diferida em Portugal em relação ao contexto europeu. Desde 1978 que o País vive sob uma política restritiva decorrente de acordos com o FMI, mas o discurso e a intervenção governamentais tendem a sobrevalorizar os aspectos aparentemente conjunturais da crise, como o défice externo e a inflação, em detrimento das opções estratégicas de desenvolvimento: estas vão sendo colocadas na dependência das negociações da integração na CEE. Os processos de reconversão industrial, por exemplo, só começam a revelar o seu impacto social já na década de 80. E a este desfasamento dos sintomas estruturais da crise junta-se um outro, o da tomada de consciência ao nível quer da opinião pública, quer da própria percepção científica, já que o fervilhar de inovações teóricas neste campo disciplinar ocorrido nos últimos anos só tem sido acompanhado por um pequeno número de especialistas.
Será a verificação de novos problemas — como as transformações profundas na lógica do mercado de trabalho português, a recomposição acelerada das classes sociais, a penetração de novas tecnologias — que irá tornar mais evidentes as lacunas de potencial científico entretanto acumuladas. Com efeito, o potencial científico relativo aos problemas do trabalho e do emprego foi marginalizado durante décadas em consequência das «soluções» espontâneas que a sociedade portuguesa foi produzindo para os resolver: a emigração, o baixo nível de salários, o enfraquecimento do poder contratual das classes assalariadas. Mas estas «soluções» ameaçam agora esgotar-se e a descoberta de outras esbarra com um pesado défice de capacidade científica e, de um modo mais geral, de sensibilização e capacidade de inovação dos agentes sociais neste domínio.
As mutações estruturais em curso tendem, no entanto, a suscitar crescentes interesses (políticos, empresariais, sindicais, regionais e culturais) em torno de problemas como a valorização dos recursos humanos, os novos modelos de desenvolvimento, a informatização, a flexibilidade organizacional, a reconversão industrial, a formação profissional, as iniciativas locais de emprego, a sociedade pós-industrial.

sábado, 25 de junho de 2011

A transformação do trabalho no mundo global

Numa economia global, onde o capital circula livremente nas redes financeiras globais, há uma tendência crescente para interdependência da força de trabalho à escala global, ainda que constrangido pelas instituições, culturas, fronteiras, políticas e xenofobia.
O aprofundamento do processo de globalização económica alarga a interpenetração das redes de gestão e produção além fronteiras, aproximando as condições da força de trabalho nos diferentes países, com os diferentes níveis de salários e protecção social, distinguindo-se, cada vez menos, as qualificações e as tecnologias, dando novas oportunidades às empresas dos países avançados em relação às suas estratégias de emprego, no que respeita à mão-de-obra qualificada ou não qualificada, podendo optar por:
·         Manter um quadro de efectivos indispensável à força de trabalho mais qualificada e importar mais-valias das zonas de baixo custo, ou;
·         Subcontratar parte do trabalho dentro das suas filiais e redes auxiliares, internalizando a produção dentro do sistema da empresa em rede, ou;
·         Recorrer a trabalhadores em regime de tempo parcial ou a empresas dentro do país de origem, ou;
·         Automatizar ou redefinir as tarefas e funções, cujos custos do mercado de trabalho sejam considerados elevados por comparação com fórmulas alternativas, ou ainda;
·         Com a anuência da força de trabalho, obter condições de trabalho e salários restritivos como condição para a manutenção dos empregos, com prejuízo dos contratos sociais mais favoráveis, anteriormente estabelecidos.

sábado, 11 de junho de 2011

INSTÂNCIAS SUPRANACIONAIS

A globalização é um fenómeno capitalista e complexo que terá começado na era dos descobrimentos e que se desenvolveu a partir da Revolução Industrial, mas o seu conteúdo passou despercebido por muito tempo, e hoje muitos economistas analisam a globalização como resultado do pós Segunda Guerra Mundial, ou como resultado da Revolução Tecnológica e que afecta todas as áreas da sociedade, principalmente comunicação, comércio internacional e liberdade de movimentação, com diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento e integração das nações ao redor do planeta.
Tem sua face mais visível na internet, a rede mundial de computadores, possível graças a acordos e protocolos entre diferentes entidades privadas da área de telecomunicações e governos no mundo, permitindo um fluxo de troca de ideias e informações sem critérios na história da humanidade.

domingo, 5 de junho de 2011

A minha terra daqui a 50 anos

Ficcionar como será a minha terra daqui a 50 anos é um exercício com um grau de dificuldade semelhante ao de descrever como será um país, o mundo ou mesmo uma casa.
A constante evolução da ciência e da tecnologia quase todos os dias nos traz novidades e quem se predispuser a uma tarefa destas, arrisca-se a falhar em alguns aspectos, mesmo que as suas previsões sejam para apenas daqui a 50 meses.

sábado, 28 de maio de 2011

Aprendizagem ao longo da vida

Aquilo que somos hoje é o reflexo daquilo por que passamos e reflectir-se-á nos actos e atitudes do nosso futuro.
Quando em crianças, sentíamos fascínio e admiração por pessoas com conhecimentos acima da mediania que nos rodeavam; o professor, o médico, o advogado e pessoas que pouco mais estudaram para além da instrução primária ou mesmo não tendo passado disso, eram ouvidas com atenção, com respeito e as suas opiniões eram merecedoras de encómios mesmo que não merecessem total aprovação, não deixávamos de sonhar de um dia vir a ser também assim, de nos ser reconhecida alguma importância e de podermos contribuir para o bem, pelo menos, daquele núcleo da sociedade à nossa volta.
Se o sonho comanda a vida, também cedo aprenderíamos que muitos dos nossos sonhos iriam cair por terra e que a realidade seria até cruel, pois muitos dos sonhos de criança ou adolescente estavam dependentes, não só de nós, da nossa vontade, mas do projecto de vida que os ascendentes tinham para a nossa realização pessoal, projectos esses condicionados pelas tradições, seus pontos de vista, condições do meio e condições económicas ou outras.

sábado, 21 de maio de 2011

Falar Português



Não é fácil fazer um levantamento de expressões ou vocábulos característicos desta ou daquela região, porque se nela (região) estamos inseridos, eles nos são tão familiares que passam despercebidos, pelo que só quem viaja e contacta com alguma frequência com o povo de outras regiões, poderá ter uma percepção das diferenças no seu linguajar.
De qualquer maneira, os vocábulos ou expressões do norte, do centro, do sul, do madeirense ou do açoriano; minhoto, transmontano, beirão, alentejano ou algarvio, são formas muito características do nosso digníssimo falar português e, realçando a peculiar troca dos Vês pelos Bês do povo do norte, não me parece que se fale assim tão mal como por vezes se quer fazer crer.
Acho até natural que este nosso polifónico verbo português sofra alguns atropelos por parte dos menos letrados, o que não concebo é que os maus exemplos, contrariamente ao que seria expectável, como hoje se diz, venham de cima, dos que se consideram «instruídos»; de quem tem a missão de dirigir, ensinar, corrigir e informar. Quase diariamente se ouve nos noticiários das rádios e televisões e se lê nos jornais, relatos de acidentes de viação ou de aviação, de atentados bombistas, naufrágios, catástrofes, etc., onde se “fazem” mortos e feridos; de senhoras a quem lhes esticaram a dizerem-nos que “fizeram” uma plástica; na rádio e televisão, quando se referem à idade de uma pessoa, por exemplo, dizem que tem “vintanos”, “vintissetanos” ou “vintoito” ou “vintinovianos”, em vez de “pode levá-la” preferem o “pode a levar” e então lá vai o “podiá levar”, o “que atinge” passa a o “catinge”, o “também” agora virou “támém” e o médico de família a quem me queixo quando algo não está bem com a minha saúde, já por diversas vezes me mandou “fazer” análises, e eu por diversas vezes lhe disse que não estou habilitado para isso e que tenho que recorrer a alguém que as faça.
O país está numa profunda crise, os índices de produtividade, dizem, são baixos, no entanto pelo que se ouve, qualquer um “faz” cirurgias, “faz” ginásios, “faz” piscinas, “faz” cursos, “faz” mestrados ou doutoramentos, etc. A autoestrada de Lisboa ao Porto (A1) já tem sido “feita” inúmeras vezes, e por várias pessoas, com a rapidez incrível de algumas horas, no entanto durante muitos anos só existiu esta e, desde há alguns anos até agora só se viu mais uma e repartida em vários troços, A8, A17, A25 e A29. Como resultado destas “feituras” têm sido muitos os acidentes provocaram (não feitos), muitos os mortos e muitos mais feridos.
Os portugueses aplicam o verbo «fazer» para tudo e para nada e depois “fazem” as coisas mais mirabolantes que, depois de bem espremidas, de pouco ou nada servem e são perfeitamente dispensáveis.
Os estrangeirismos são outra praga da nossa língua, (e mais uma vez os maus exemplos partem, invariavelmente, quase sempre de cima), que os portugueses teimam em adoptar, como que querendo demonstrar uma cultura acima da média, mais não passando de pobres coitados que nem sequer são capazes de preservar o que mais e melhor define a nossa identidade de povo e nação, que é a Língua Portuguesa.
Podem argumentar que foi assim que a língua portuguesa se fortaleceu, que foi na diversidade que se enriqueceu acrescentando-lhe novos vocábulos, mas substituir, sem necessidade, palavras que fazem parte do nosso vocabulário por uma amálgama de palavras estrangeiras, é diversidade a mais que levará, a prazo, ao desaparecimento da nossa identidade e da nossa cultura como nação.
Pegando na conclusão duma crónica publicada no “Público” de 04/01/2000, “(…) confesso que não me agrada a ideia de que, por força da força homogeneizadora da televisão, cada vez mais portugueses sejam «colonizados» (…)” por esta maneira de falar, “(…) e mais preocupado ainda fico quando penso que nessa altura provavelmente teremos de falar em inglês para nos entendermos (…)” não com os espanhóis ou brasileiros como escrevia o cronista, mas entre nós, portugueses!

sábado, 14 de maio de 2011

Heterofobia – Tribo – Sociedade – Solidariedade – Património Comum

A heterofobia tem as suas raízes em mecanismos atávicos de socialização, quando a pertença ao grupo implicava a hostilidade aos que não eram da tribo ou como os da tribo. O que antes foi útil nas formas primitivas da sociedade humana é algo que hoje tem a ver com o primitivismo da sociedade moderna. O que caracteriza as sociedades actuais é o reconhecimento da pluralidade dos grupos e a autonomia dos indivíduos. A organização moderna das sociedades considera a harmonização pactuada dos grupos pela força do direito ou pelo direito da força, de se unirem no ofício de constituir uma sociedade superior. Progridem mais as sociedades capazes de integrar maior número de diferenças dentro dos direitos reconhecidos, de encontrar um marco homogéneo que permita maior heterogeneidade, de maximizar a autonomia dos indivíduos e limitar as responsabilidades ao que fazem por opção e não aos seus traços característicos que não puderam escolher. A sociedade democrática liberal, ao contrário do que foi a constante milenária das tribos, representa um sistema que estabelece o desenraizamento dos direitos vindos dos deuses, linhagem ou pertença territorial, a refundação como convenção igualitária e respeitadora da autonomia individual.

sábado, 7 de maio de 2011

GOVERNAÇÃO GLOBAL

O tema sobre governação global vem ganhando importância na actualidade, pois apresenta-se intimamente ligado ao processo acelerado de globalização, às suas variáveis e consequências, tanto no contexto local como internacional.
O conceito de globalização indica um processo de reestruturação económica, em que as relações entre seus agentes adquirem um alcance planetário, originando mudanças significativas no sistema produtivo, nas interacções tanto comerciais como políticas, ultrapassando as fronteiras nacionais, colocando desafios comuns através do multilateralismo.
Do ponto de vista técnico, é uma verdade aceite de forma universal que a preservação do meio ambiente não pode ser problema de um ou alguns países, atingidos pela degradação causada pela poluição de outros. Respiramos o mesmo ar e estamos expostos ao mesmo sol. A escassez dos recursos naturais em partes do mundo geraria a migração dos povos e o surgir de inúmeros conflitos.
Questões globais – como a recente crise financeira – exemplificadas pelas abordagens multilaterais, demonstram que os desafios globais exigem soluções globais.
Embora preservando a identidade própria de cada nação, as fronteiras dos países vão perdendo importância e os governos vão adoptando, cada vez mais, políticas de consenso alargado, o que é eticamente recomendável.