quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Lobão, Santa Maria da Feira



A povoação de Lobão, situada no Município de Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, é conhecida desde muito cedo na documentação histórica.
A base do seu topónimo é um nome pessoal que, embora não muito frequente, surge em 906 como Lupon e depois em 967 como Lubon. Este trata-se de um derivado de Lupu com o sufixo expressivo aumentativo – one. Existe um documento do ano de 1055 que menciona a povoação como Lopone.
Em 1079, um documento define a sua posição geográfica: “Vimara vende a Gonçalo Viegas que abeo in uilla Lobon seu subtus Kastro Portella terretorio  portucalense discurrente riba Uniad” – a norte do castro da Portela de Romariz, no território Portucalense, águas vertentes ao rio Uíma, que lhe fica a poente.
No ano de 1101, Patrina Eris e filhos doaram à Sé de Coimbra, na pessoa do Bispo D. Maurício, a quarta parte dos seus direitos nesta Igreja, além de outros bens, ficando com usufruto como colonos da Sé.
Em 1172 menciona-se Lobom de lusano, em 1195 e 1251, Lobom, em 1514, Lobão, em 1527 Lobãom e em 1689 – Lobão.
No ano de 1202, o direito de padroado de Lobão foi cedido ao Mosteiro de Grijó por 100 maravidis de ouro. O padroado veio a ficar à mitra do Porto, por uma transacção, no ano de 1229, entre o bispo do Porto, D. Sancho e o Mosteiro de Grijó. A parte daquele primeiro documento deveria ter passado com a anexação do território Conimbricense acima de Antuã. Em 1296 uma sentença arbitral havia declarado que os cavaleiros que pretendiam ser daqui padroeiros já não o eram mas sim aquele mosteiro.
Lobão ou Lobon, segundo se depreende da leitura das memórias da Ordem dos Templários, teve relações estreitas com a Comenda de Malta e foi chamada Comenda de Lobão em tempos muito recuados.
Pertenceu aos Templários, em 1319 passou para a Coroa e desta para a Ordem de Cristo, no reinado de D. Dinis. A antiga freguesia era no século XVIII um curato e comenda da Ordem de Cristo. Em 1615 era avaliada em 470.00 reis. Lobão beneficiou do foral concedido em 10 de Fevereiro de 1514, pelo rei D. Manuel I, à Feira e Terras de Santa Maria. Depois do século XVIII aparece como curato da apresentação do reitor de Canedo passando posteriormente a reitoria.
Na Coreografia Portuguesa que o Padre António de Carvalho dedica à Rainha D. Mariana de Áustria há uma referência que dá Lobão como sendo curato e comenda da Ordem de Cristo, que no século XVIII acusava a existência de 24 fogos.
Pinho Leal no seu Portugal Antigo e Moderno refere: “Lobão, freguesia do Souro, comarca e concelho de Feira, dista 285 km para norte de Lisboa e 24 km para sul do Porto, a cujo bispado pertence. É do distrito administrativo de Aveiro e dista da sede do concelho 70 Km. O orago é S. Tiago Apóstolo e em 1757 tinha 325 fogos. A igreja tem elegante e alta torre. Há Capela de Santo Ovídeo e 3 romarias se fazem ali anualmente”.
Há referência num livro de José Mattoso à existência de um denominado Castro de Lobão, situado, presume-se, para os lados da chamada Serra de Gaeta. Faria parte de um conjunto de castros existente na área: o de Fiães e o de Sanguedo e serviriam como defesas da estrada vinda do sul para norte que percorreria o vale do Uíma. Há referência num sítio genealógico dedicado, entre outros, à família Príncipe da Silva, de Sandim, à existência de um Convento de Lobão.
A Igreja Matriz, bissecular, sofreu uma reforma geral em 1899 e, em 1907, foi feito o douramento dos altares e outras talhas e dotada de paramentos a expensas dos Condes de S. Tiago de Lobão.
Em 1911, o Conde de S. Tiago de Lobão adquire o terreno e manda construir a Escola Condes de S. Tiago de Lobão e, em 1917, efectua a compra da residência paroquial e passal anexo.
 Relatos de 1940 dão conta que o recenseamento geral acusa a existência de 632 fogos albergando 3.047 almas com vocações e possibilidades diferentes, neste ano foi reparado o edifício escolar do Condes de S. Tiago de Lobão e a Junta fez a canalização da água para o chafariz da Igreja, construiu os lavadouros e abriu a estrada Corga – Ponte da Chã.
Alguns dos melhoramentos, devem-se a iniciativas de particulares: reconstrução da residência paroquial pelos habitantes da freguesia auxiliados pela Condessa de S. Tiago de Lobão, ajardinamento do adro a expensas do padre Rufino Pinto de Almeida, reparação dos sinos a expensas de José Augusto de Oliveira. No sector da beneficência merecem especial destaque os nomes dos Condes de S. Tiago de Lobão de o Sr. Francisco Henriques da Costa.
Aqui nasceu e viveu, embora em períodos limitados, o Conde de S. Tiago de Lobão.
Há nesta terra, em relativo estado de conservação, alguns prédios velhíssimos. Entre esses pode-se citar a Casa das Valérias e da Dona (José Bernardino Tavares (?) a que Camilo Castelo Branco se refere nas “Memórias do Cárcere”), a Casa do Alferes com mais de 2 séculos e a do Coutinho com a capela anexa.
Entrou em visível decadência e desapareceu completamente a célebre e antiga industria que deu aos habitantes de Lobão o epíteto de “breeiros”
Em 1991, a freguesia de Lobão é elevada, pela Portaria 78/91 de 16 de Agosto, em consequência da aprovação em reunião plenária da Assembleia da república de 20 de Junho,ao estatuto de Vila.
A Vila de Lobão está situada a nordeste do concelho de Santa Maria da Feira, distando cerca de 12 km da sede de concelho, 24 km do Porto e 285 km de Lisboa.
Ao nível de acessibilidades o seu território é cruzado por duas vias importantes, as Estradas Nacionais Nº 326 e 223. Estas vias permitem a ligação ao litoral como ao interior, sendo Lobão um ponto de cruzamento entre as mesmas e também um ponto de passagem para quem se dirige para Santa Maria da Feira e para os concelhos de Castelo de Paiva, Arouca e Gondomar. Sendo assim, a situação geográfica de Lobão revela-se duma importância estratégica quer a nível concelhio, quer a nível regional. Por Lobão circulam milhares de veículos que servem de suporte ao comércio, indústria, agricultura e serviços das freguesias do nordeste feirense e dos concelhos atrás citados.
 Actualmente, Lobão com território de cerca de 7,91 km2 de área, que confina a Norte com as freguesias de Vila Maior e Sanguedo, a Sul com Caldas de S. Jorge e Guisande, a Poente com Fiães e a Nascente com Gião, possui uma população de aproximadamente 5.761 habitantes (2001). Densidade de 728,3 hab/km2.
Constituem a freguesia os seguintes lugares: Aldeia Nova, Amorim, Arosa, Azenha, Barbeito, Bertal, Cainha, Candal, Carreira Cova, Casqueira, Chã, Cimo de Vila, Corga, Cruz, Cruz de Ferro, Fontainhas, Igreja, Lavandeira, Merujal, Miradelo, Mirelo, Mouta, Ponte da Chã, Portela, Quintã, Ribeirinho, Ribeiro, S. Martinho, S. Miguel, S. Pedro, Salgueiral, Sub-Outeiro, Tabuaça, Teixugueira, Tugilde e Vale da Cabra.
Em virtude do novo ordenamento territorial, a partir de 2013 o território da freguesia passou a englobar as freguesias de Gião, Louredo e Guizande.
Pela Portaria 6/85 de 2 Janeiro foi criada a 3a Repartição de Finanças do Concelho de Santa Maria da Feira que ficou localizada em Lobão (Corga).
Tem como principais actividades económicas a indústria transformadora (Construção Civil, Ferro, Madeira, Têxtil, Serralharia, Metalomecânica e Cortiça), o comércio e ainda alguma agricultura de subsistência.
Na educação há ensino pré-primário nos lugares do Candal, Igreja, Ribeiro e Aldeia Nova; escolas do 1o ciclo do EB nos lugares da Igreja, Candal e Ribeiro e a Escola EB 2.3 da Corga.
Ao nível da saúde está servida por uma Unidade de Saúde, uma Policlínica e uma Farmácia. Ao nível da educação possui vários estabelecimentos de ensino os quais permitem a formação desde jardim-de-infância até ao 3º ciclo de aprendizagem.
No domínio cultural há a registar colectividades de recreio e cultura: Banda de Música de S. Tiago de Lobão (01/01/1916), Rancho Folclórico de S. Tiago de Lobão (1/6/1960), Fanfarra da Vila de S. Tiago de Lobão (05/12/1992), Rancho Regional de S. Tiago de Lobão (05/03/1993) e Centro Social de S. Tiago de Lobão.   
No domínio do desporto temos: Sociedade Columbófila de S. Tiago de Lobão (12/05/1967), Associação Desportiva e Cultural de Lobão (futebol sénior, júnior, juvenil e iniciados) (03/12/1978) e Centro de Incentivo Cultural (atletismo; badmington; futsal distrital; futsal amador; ginástica de manutenção)  (09/08/1981).
Socialmente são oferecidos serviços por duas instituições. A primeira é o Centro Social de S. Tiago de Lobão com serviços de Jardim de Infância, Creche, ATL, Centro de Dia e Apoio Domiciliário. A segunda é a Obra do Frei Gil que acolhe crianças sem família ou abandonadas que funciona no Solar do Ribeiro, oferta do Comendador Francisco Henriques da Costa.

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