A povoação de Lobão, situada no Município de Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, é conhecida desde muito cedo na
documentação histórica.
A base do seu topónimo é um nome pessoal que, embora
não muito frequente, surge em 906 como Lupon e depois em 967 como Lubon. Este
trata-se de um derivado de Lupu com o sufixo expressivo aumentativo – one.
Existe um documento do ano de 1055 que menciona a povoação como Lopone.
Em 1079, um documento define a sua posição geográfica:
“Vimara vende a Gonçalo Viegas que abeo in uilla Lobon seu subtus Kastro
Portella terretorio portucalense discurrente riba Uniad” – a norte do
castro da Portela de Romariz, no território Portucalense, águas vertentes ao
rio Uíma, que lhe fica a poente.
No ano de 1101, Patrina Eris e filhos doaram à Sé de
Coimbra, na pessoa do Bispo D. Maurício, a quarta parte dos seus direitos nesta
Igreja, além de outros bens, ficando com usufruto como colonos da Sé.
Em 1172 menciona-se Lobom de lusano, em 1195 e 1251,
Lobom, em 1514, Lobão, em 1527 Lobãom e em 1689 – Lobão.
No ano de 1202, o direito de padroado de Lobão foi
cedido ao Mosteiro de Grijó por 100 maravidis de ouro. O padroado veio a ficar
à mitra do Porto, por uma transacção, no ano de 1229, entre o bispo do Porto,
D. Sancho e o Mosteiro de Grijó. A parte daquele primeiro documento deveria ter
passado com a anexação do território Conimbricense acima de Antuã. Em 1296 uma
sentença arbitral havia declarado que os cavaleiros que pretendiam ser daqui
padroeiros já não o eram mas sim aquele mosteiro.
Lobão ou Lobon, segundo se depreende da leitura das
memórias da Ordem dos Templários, teve relações estreitas com a Comenda de
Malta e foi chamada Comenda de Lobão em tempos muito recuados.
Pertenceu aos Templários, em 1319 passou para a Coroa
e desta para a Ordem de Cristo, no reinado de D. Dinis. A antiga freguesia era
no século XVIII um curato e comenda da Ordem de Cristo. Em 1615 era avaliada em
470.00 reis. Lobão beneficiou do foral concedido em 10 de Fevereiro de 1514,
pelo rei D. Manuel I, à Feira e Terras de Santa Maria. Depois do século XVIII
aparece como curato da apresentação do reitor de Canedo passando posteriormente
a reitoria.
Na Coreografia Portuguesa que o Padre António de
Carvalho dedica à Rainha D. Mariana de Áustria há uma referência que dá Lobão
como sendo curato e comenda da Ordem de Cristo, que no século XVIII acusava a
existência de 24 fogos.
Pinho Leal no seu Portugal Antigo e Moderno refere:
“Lobão, freguesia do Souro, comarca e concelho de Feira, dista 285 km para norte
de Lisboa e 24 km para sul do Porto, a cujo bispado pertence. É do distrito
administrativo de Aveiro e dista da sede do concelho 70 Km. O orago é S. Tiago
Apóstolo e em 1757 tinha 325 fogos. A igreja tem elegante e alta torre. Há
Capela de Santo Ovídeo e 3 romarias se fazem ali anualmente”.
Há referência num livro de José Mattoso à existência
de um denominado Castro de Lobão, situado, presume-se, para os lados da chamada
Serra de Gaeta. Faria parte de um conjunto de castros existente na área: o de
Fiães e o de Sanguedo e serviriam como defesas da estrada vinda do sul
para norte que percorreria o vale do Uíma. Há referência num sítio genealógico
dedicado, entre outros, à família Príncipe da Silva, de Sandim, à existência de
um Convento de Lobão.
A Igreja Matriz, bissecular, sofreu uma reforma geral
em 1899 e, em 1907, foi feito o douramento dos altares e outras talhas e dotada
de paramentos a expensas dos Condes de S. Tiago de Lobão.
Em 1911, o Conde de S. Tiago de Lobão adquire o
terreno e manda construir a Escola Condes de S. Tiago de Lobão e, em 1917,
efectua a compra da residência paroquial e passal anexo.
Relatos de 1940 dão conta que o recenseamento
geral acusa a existência de 632 fogos albergando 3.047 almas com vocações e
possibilidades diferentes, neste ano foi reparado o edifício escolar do Condes
de S. Tiago de Lobão e a Junta fez a canalização da água para o chafariz da
Igreja, construiu os lavadouros e abriu a estrada Corga – Ponte da Chã.
Alguns dos melhoramentos, devem-se a iniciativas de
particulares: reconstrução da residência paroquial pelos habitantes da
freguesia auxiliados pela Condessa de S. Tiago de Lobão, ajardinamento do adro
a expensas do padre Rufino Pinto de Almeida, reparação dos sinos a expensas de
José Augusto de Oliveira. No sector da beneficência merecem especial destaque
os nomes dos Condes de S. Tiago de Lobão de o Sr. Francisco Henriques da Costa.
Aqui nasceu e viveu, embora em períodos limitados, o
Conde de S. Tiago de Lobão.
Há nesta terra, em relativo estado de conservação,
alguns prédios velhíssimos. Entre esses pode-se citar a Casa das Valérias e da
Dona (José Bernardino Tavares (?) a que Camilo Castelo Branco se refere nas
“Memórias do Cárcere”), a Casa do Alferes com mais de 2 séculos e a do Coutinho
com a capela anexa.
Entrou em visível decadência e desapareceu
completamente a célebre e antiga industria que deu aos habitantes de Lobão o
epíteto de “breeiros”
Em 1991, a freguesia de Lobão é elevada, pela
Portaria 78/91 de 16 de Agosto, em consequência da aprovação em reunião
plenária da Assembleia da república de 20 de Junho,ao estatuto de Vila.
A Vila de Lobão está situada a nordeste do concelho
de Santa Maria da Feira, distando cerca de 12 km da sede de concelho, 24
km do Porto e 285 km de Lisboa.
Ao nível de acessibilidades o seu território é cruzado
por duas vias importantes, as Estradas Nacionais Nº 326 e 223. Estas vias
permitem a ligação ao litoral como ao interior, sendo Lobão um ponto de
cruzamento entre as mesmas e também um ponto de passagem para quem se dirige
para Santa Maria da Feira e para os concelhos de Castelo de Paiva, Arouca e
Gondomar. Sendo assim, a situação geográfica de Lobão revela-se duma
importância estratégica quer a nível concelhio, quer a nível regional. Por
Lobão circulam milhares de veículos que servem de suporte ao comércio,
indústria, agricultura e serviços das freguesias do nordeste feirense e dos
concelhos atrás citados.
Actualmente, Lobão com território de cerca de
7,91 km2 de área, que confina a Norte com as freguesias de
Vila Maior e Sanguedo, a Sul com Caldas de S. Jorge e Guisande, a Poente com
Fiães e a Nascente com Gião, possui uma população de aproximadamente 5.761
habitantes (2001). Densidade de 728,3 hab/km2.
Constituem a freguesia os seguintes lugares: Aldeia
Nova, Amorim, Arosa, Azenha, Barbeito, Bertal, Cainha, Candal, Carreira Cova,
Casqueira, Chã, Cimo de Vila, Corga, Cruz, Cruz de Ferro, Fontainhas, Igreja,
Lavandeira, Merujal, Miradelo, Mirelo, Mouta, Ponte da Chã, Portela, Quintã,
Ribeirinho, Ribeiro, S. Martinho, S. Miguel, S. Pedro, Salgueiral, Sub-Outeiro,
Tabuaça, Teixugueira, Tugilde e Vale da Cabra.
Em virtude do novo ordenamento territorial, a partir
de 2013 o território da freguesia passou a englobar as freguesias de Gião,
Louredo e Guizande.
Pela Portaria 6/85 de 2 Janeiro foi criada a 3a Repartição
de Finanças do Concelho de Santa Maria da Feira que ficou localizada em Lobão
(Corga).
Tem como principais actividades económicas a indústria
transformadora (Construção Civil, Ferro, Madeira, Têxtil, Serralharia,
Metalomecânica e Cortiça), o comércio e ainda alguma agricultura de
subsistência.
Na educação há ensino pré-primário nos lugares do
Candal, Igreja, Ribeiro e Aldeia Nova; escolas do 1o ciclo do
EB nos lugares da Igreja, Candal e Ribeiro e a Escola EB 2.3 da Corga.
Ao nível da saúde está servida por uma Unidade de
Saúde, uma Policlínica e uma Farmácia. Ao nível da educação possui vários
estabelecimentos de ensino os quais permitem a formação desde
jardim-de-infância até ao 3º ciclo de aprendizagem.
No domínio cultural há a registar colectividades de
recreio e cultura: Banda de Música de S. Tiago de Lobão (01/01/1916), Rancho
Folclórico de S. Tiago de Lobão (1/6/1960), Fanfarra da Vila de S. Tiago de
Lobão (05/12/1992), Rancho Regional de S. Tiago de Lobão (05/03/1993) e Centro
Social de S. Tiago de Lobão.
No domínio do desporto temos: Sociedade Columbófila de
S. Tiago de Lobão (12/05/1967), Associação Desportiva e Cultural de Lobão
(futebol sénior, júnior, juvenil e iniciados) (03/12/1978) e Centro de
Incentivo Cultural (atletismo; badmington; futsal distrital; futsal amador;
ginástica de manutenção) (09/08/1981).
Socialmente são oferecidos serviços por duas
instituições. A primeira é o Centro Social de S. Tiago de Lobão com serviços de
Jardim de Infância, Creche, ATL, Centro de Dia e Apoio Domiciliário. A segunda
é a Obra do Frei Gil que acolhe crianças sem família ou abandonadas que
funciona no Solar do Ribeiro, oferta do Comendador Francisco Henriques da
Costa.
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