sábado, 14 de maio de 2011

Heterofobia – Tribo – Sociedade – Solidariedade – Património Comum

A heterofobia tem as suas raízes em mecanismos atávicos de socialização, quando a pertença ao grupo implicava a hostilidade aos que não eram da tribo ou como os da tribo. O que antes foi útil nas formas primitivas da sociedade humana é algo que hoje tem a ver com o primitivismo da sociedade moderna. O que caracteriza as sociedades actuais é o reconhecimento da pluralidade dos grupos e a autonomia dos indivíduos. A organização moderna das sociedades considera a harmonização pactuada dos grupos pela força do direito ou pelo direito da força, de se unirem no ofício de constituir uma sociedade superior. Progridem mais as sociedades capazes de integrar maior número de diferenças dentro dos direitos reconhecidos, de encontrar um marco homogéneo que permita maior heterogeneidade, de maximizar a autonomia dos indivíduos e limitar as responsabilidades ao que fazem por opção e não aos seus traços característicos que não puderam escolher. A sociedade democrática liberal, ao contrário do que foi a constante milenária das tribos, representa um sistema que estabelece o desenraizamento dos direitos vindos dos deuses, linhagem ou pertença territorial, a refundação como convenção igualitária e respeitadora da autonomia individual.
Existem no mundo diversas organizações não governamentais (ONG) que prestam auxílio a sectores da sociedade marginalizados ou desintegrados e a povos vítimas de conflitos regionais, catástrofes naturais, etc. A história recente dá-nos conta de membros dessas organizações, eles também, vítimas de rapto e muitas vezes assassinato por parte de organizações rotuladas de “terroristas”, que lutam por valores diferentes dos da sociedade em geral.
Há um Património Comum: a língua, a história, os saberes, as tradições, a gastronomia, o património edificado, etc., de cada povo, fazem parte do património desse povo, mas ao mesmo tempo, com maior ou menor importância, de toda a Humanidade. Este caldo de culturas espalhadas pelo mundo, são a prova da sua evolução, que mostrará às gerações vindouras o que foram e como viveram as gerações actuais, como nos mostra a nós o que foram e como viveram as civilizações anteriores, algumas delas já desaparecidas.

1 comentário:

  1. Reconheço-me no seu texto, considero que é um profundo elogio do humanismo.

    Sempre que apontamos ao Outro, com um ódio destruidor, pensando que não é como eu, que é outra coisa...afastamo-nos rapidamente de um ideal nobre e antigo, de um diamante indestrutível. E tudo começou como uma breve e simples boa nova. É nossa obrigação procurar mantê-lo a descoberto.

    ResponderEliminar