sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Natal 2016

É nesta época do ano que as pessoas se apresentam mais alegres, irradiando maior felicidade. Cumprimentam-se mais efusivamente, trocam entre si mensagens, desejando-se mutuamente muita saúde e muitas felicidades, e os desejos de “bom Natal e um “próspero Ano Novo” que se avizinha.
Entre os familiares e amigos mais chegados, trocam-se prendas e renovam-se os votos de felicidade e muita saúde.
Na nossa meninice, a época natalícia era particularmente ansiada, pois era nesta época festiva que dávamos mais asas à nossa fantasia. Já imaginávamos o que nos iria tocar em prendas que, para muitos de nós, não era o brinquedo novo o mais importante, mas talvez a roupa domingueira: um par de calças, uma camisa ou a camisola, para substituir as já gastas e usadas, ou até, em particular nos rapazes, uns sapatos novos para o lugar dos já velhos, rotos e com a biqueira aberta devido aos chutos na bola e nas pedras do caminho, e com as solas já tão gastas que nos molhavam os pés logo aos primeiros pingos da chuva.
Se para as crianças de hoje esta época natalícia é importante, julgo que já não tem aquela magia do nosso tempo, tal é a profusão de brinquedos que têm para as suas brincadeiras que já não sentem aquela ansiedade das crianças dos tempos mais remotos, perdendo-se grande parte daquela magia do Natal. Não têm aquela necessidade imperiosa de desejar a vinda do Natal, pois as roupas velhas ainda são novas e depressa passam à reforma sem o uso intensivo de outrora, e os sapatos dificilmente se reformam na velhice como antigamente, até porque já não se joga à bola em terrenos pelados e cheios de pedras, para evitar que os meninos de hoje tenham amanhã os problemas que nós, meninos de ontem, não temos hoje.
Outros tempos, melhor para estas crianças de agora, que não passam pelas dificuldades que sentiram as crianças de ontem, faltando saber se estarão a ser bem preparadas para enfrentarem os obstáculos que a vida futura sempre reserva. Pelo menos eu sei (ou penso que sei), não sentirão a magia do Natal com a mesma intensidade que os mais velhos sentiram e sentem. A época do Natal, para elas, é apenas mais uma época mais ou menos igual às outras épocas do ano em que os pais e outros familiares lhes oferecem mais uns brinquedos, ou coisa assim.
E volto ao início: Um feliz Natal, muitas felicidades e muita saúde para todos.

sábado, 10 de setembro de 2016

O direito à informação e à liberdade de expressão

O direito à informação e a liberdade de expressão são aspetos fundamentais para o desenvolvimento e fortalecimento das sociedades democráticas. A informação e a liberdade de expressão ajudam na consolidação das liberdades democráticas ao facilitar a participação dos membros da sociedade nos processos de decisão, constituindo-se como ferramenta para alcançar uma sociedade mais tolerante e estável, dignificadora da pessoa humana através do intercâmbio de ideias e de opiniões, possibilitando que os conflitos inerentes a cada sociedade possam ser debatidos e resolvidos sem destruir o tecido social, mantendo o equilíbrio entre a estabilidade e a mudança.
O direito à informação e à liberdade de expressão permitem o debate aberto sobre os valores morais e sociais e facilitam o discurso político, essencial para a consolidação da democracia. Assim sendo, ao criarem-se obstáculos à liberdade de informação e de expressão, a democracia perde a sua dimensão social coletiva e permanente, tornando-se um simples acordo institucional formal no qual a participação social não é efetiva.
Contudo, o direito à informação e liberdade de expressão pode colidir com um dos muitos direitos fundamentais consagrados constitucionalmente, o direito à privacidade. E talvez seja este dos menos compreendidos pelos cidadãos sem formação jurídica. Qualquer um de nós compreende que matar alguém é um ato ilícito pois atenta contra o direito à vida a vida, assim como o furto ou o vandalismo são atentados contra o direito ao património, mas nem todos compreendemos as variadas violações que podem ser praticadas contra o direito à privacidade e menos são aqueles que lhe dão a devida importância. É fundamental termos a noção do valor que pode ter, em termos de violação da nossa privacidade, a revelação de um conjunto de dados pessoais, quer relativos a um indivíduo, quer a uma organização, assim como deve haver o máximo cuidado ao publicarmos na internet e nas redes sociais dados acerca das nossas preferências, gostos, desejos, ambições, fotos, etc., que facilmente podem ser manipulados por pessoas sem escrúpulos e nos podem trazer inúmeros dissabores.
Pode dizer-se que a privacidade é a nossa habilidade em controlar a exposição e disponibilizar informação acerca de nós, é a capacidade de existirmos de forma anónima.
Deve o direito à privacidade prevalecer sobre o direito à informação? São dois direitos fundamentais, havendo situações em que deve haver muita ponderação para que o direito à identidade, à imagem e à privacidade prevaleçam sem, contudo, perturbar o direito à informação. Quer isto dizer que aspetos da vida privada não relevantes para a informação devem ser omissos.
O Parlamento Europeu e o Conselho da UE aprovaram, em 24-10-95, a Diretiva 95/46/CE, respeitante à proteção de pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais e a sua livre circulação, estabelecendo que “os sistemas de tratamento de dados estão ao serviço do homem, devem respeitar as liberdades e os direitos fundamentais das pessoas singulares, independentemente da sua nacionalidade ou da sua residência, especialmente a vida privada, e contribuir para o progresso social e económico, o desenvolvimento do comércio e o bem-estar dos indivíduos” sendo transposta para a legislação portuguesa (Lei nº 67/98, de 26 de Outubro).
No entanto, a Constituição já estabelece restrições ao tratamento de dados referentes a convicções filosóficas ou políticas, filiação partidária ou sindical, fé religiosa, vida privada e origem étnica, salvo consentimento expresso do titular, ou autorização prevista por lei com garantias de não discriminação ou para processamento de dados estatísticos não individualmente identificáveis”.
Por sua vez Código Deontológico do Jornalista, no seu número 9, afirma que “O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos exceto quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade e responsabilidade das pessoas envolvidas”. O artigo 14º (deveres) do Estatuto do Jornalista impõe, entre outros, nas alíneas f): “Abster-se de recolher declarações ou imagens que atinjam a dignidade das pessoas; e g): “Respeitar a privacidade de acordo com a natureza do caso e a condição das pessoas;”.
Por isso, o espaço privado dos cidadãos é um limite imposto aos jornalistas, um princípio consagrado no jornalismo de qualidade e que obriga a cuidados especiais na elaboração de notícias. Deve prevalecer sobre o direito de informar, salvo nos casos socialmente relevantes (trabalho infantil, maus tratos, violação sexual, etc.) ou lesivos do interesse público ou ainda de figuras públicas com comportamentos contrários à ética e à moral, não devendo envolver, abusivamente, as relações de parentesco.
A Constituição reconhece a todos o direito à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva de intimidade da vida privada e familiar, pelo que o direito à informação só e apenas em situações muito particulares sobreleva o direito à privacidade, devendo ser condenada toda e qualquer violação de privacidade injustificada.
Fontes:
http://www.cidh.oas.org/relatoria/showarticle.asp?artID=453&lID=4
http://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=o%20direito%20%C3%A0%20privacidade&source=web&cd=10&ved=0CGUQFjAJ&url=http%3A%2F%2Ftuliovianna.org%2Findex.php%3Foption%3Dcom_docman%26task%3Ddoc_download%26gid%3D48%26Itemid%3D72&ei=5GtsT5mmDILD8QOW2sC_DQ&usg=AFQjCNGBQYizc0EA_a6jy1eAHV4m0Qnb0Q
http://www.cej.mj.pt/cej/forma-ingresso/fich.pdf/arquivo-documentos/FC_Protec_Dados_Drto._Privacidade.pdf
http://www.bocc.ubi.pt/pag/Codigo-Deontologico.pdf
http://static.publico.pt/nos/livro_estilo/08-privacidade-r.html
http://www.ccpj.pt/legisdata/LgLei1de99de13deJaneiro.htm
Constituição da República Portuguesa

sábado, 23 de julho de 2016

A Organização Internacional do Trabalho



Com a finalidade de manter a paz no mundo e a missão de promover o progresso social, esta organização foi criada quando da constituição da Sociedade das Nações, em 1919, como parte integrante do Tratado de Versalhes, que pôs fim à I Guerra Mundial.
A sua origem esteve no imperativo da proteção legal dos trabalhadores, posta em causa no início da Era Industrial e assumiu um carácter permanente com o objetivo de pugnar para que os Estados melhorem as condições de trabalho, visando a paz e harmonia universal.
Sobrevivendo à Sociedade das Nações e à II Guerra Mundial, através da Declaração de Filadélfia, em 1944, a OIT reafirma a sua continuidade como agência especializada da ONU para as questões laborais internacionais. A sua maior tarefa é promover a aplicação das leis do trabalho para melhorar a justiça social, contribuindo para o progresso social e económico, especialmente no Terceiro Mundo, em colaboração com outras organizações internacionais.
A OIT é a referência internacional em matéria do Direito do Trabalho. Ao longo da sua existência, já adotou mais de 180 Convenções e 190 Recomendações, que alteraram profundamente as condições e relações de trabalho a nível internacional.
Neste período de tempo, Portugal foi retificando algumas convenções da OIT, o que levou a que os trabalhadores portugueses usufruam hoje de um conjunto de direitos salvaguardados sobre questões específicas.
Com sede em Genebra, esta agência especializada da ONU dispõe de escritórios de representação em quase todos os países do mundo, contribuindo decisivamente para a regulamentação do trabalho com direitos e condições, mantendo atual e necessário o espírito da sua constituição: Justiça Social e Paz Mundial.

sábado, 25 de junho de 2016

“A morte é a possibilidade da impossibilidade de toda e qualquer possibilidade” (Heidegger)

Segundo Epicuro (341aC – 270aC) a morte não é nada, pois todo o bem e todo o mal têm por objeto a sensação e a morte é a sua privação. A perceção de que a morte não é nada, torna agradável a mortalidade da vida, retirando-lhe uma duração infinita e acabando com a sofreguidão da imortalidade, pois o que há de medonho na vida é não compreender que se tem de morrer. A morte só pode ser dolorosa pela sua antecipação, visto que “o que não traz qualquer problema quando chega em antecipação não passa de uma dor vazia”, de modo que o mais aterrorizador dos males, a morte, durante a nossa existência não está connosco, nada é para nós e, quando chega, nós não existimos. A morte não conta nem para os vivos nem para os mortos, dado que para os primeiros não é nada, e os segundos nada são.
A morte, apesar da sua inevitabilidade, é algo que ninguém quer. Qualquer um de nós augura para si uma vida o mais longa possível, e só perante casos extremos de desespero escolhe terminar com a vida.
Será possível habituarmo-nos à ideia de que a morte não é nada para nós? Será possível esquecermos que mais cedo ou mais tarde imos morrer? Todos nós sabemos que a morte um dia chegará, e não é por sabermos que temos o seu cutelo pendente sobre a cabeça que a nossa vida se torna num inferno. É a nossa vivência que nos faz tornar a vida aprazível ao esforçarmo-nos por viver o mais longamente possível, em paz e felicidade. O que dá sentido à nossa existência é o facto de sermos mortais.
Por isso a morte não é necessariamente um mal, pois uma vida sem fim conduzir-nos-ia a um estado de saturação, de tédio, aborrecimento, indiferença e frieza. Ao fim de um certo tempo já não haveria experiências novas, tudo seria repetitivo, enfadonho. Só a contínua busca de algo de novo dá sentido à vida e quando esta deixa de ter sentido, quando já nada nos impressiona e as sensações desaparecem, talvez a morte seja um bem. A busca da perfeição constante não estará ao alcance de todos e a eternidade seria, para muitos, entediante.
Sócrates (469aC - 399aC) aponta outras razões para crer que a morte é um bem. Aquele que morre fica reduzido a nada e não tem consciência do que quer que seja, ou, crendo no que se diz, a morte é a libertação da alma do corpo para outro lugar.
Se a morte é o fim de toda a sensação e se parece com aqueles sonos em que nada vemos, mesmo em sonho, “morrer é então um maravilhoso lucro”. Segundo Sócrates, se comparássemos uma dessas noites às outras noites e aos outros dias da nossa vida, e se tivéssemos de dizer quantos dias e noites vivemos melhores e mais agradáveis que essa noite, qualquer simples mortal acharia que eles eram fáceis de contar em relação a outros dias e outras noites, e defende que a morte é um ganho se for algo de semelhante, pois que a inteira sucessão dos tempos não parecerá mais que uma só noite.
Mas, se a morte for a passagem deste para outro lugar. Um lugar onde todos os mortos se encontrarão reunidos, questiona se poderemos imaginar melhor bem! Se não valeria a pena tal viagem para nos encontrarmos com os verdadeiros juízes, aqueles que lá fazem justiça, com os poetas e com todos os semideuses que foram justos toda a sua vida.
Pergunta Sócrates: “a que preço não compraríeis tal ventura?”. Por ele, aceitaria morrer vezes sem conta, se o que se conta for verdade.
A palavra «salvação» designa antes de mais o efeito de “salvar ou salvar-se”, “tirar ou livrar de um perigo”, “livrar da morte”, “redenção”. As religiões tentam responder às questões que ela levanta pretendendo ajudar-nos, sob a mais diversas formas, a escapar da morte prometendo-nos a vida eterna, assegurando que um dia encontraremos aqueles que amamos – avós, pais, irmãos, maridos ou esposas, filhos, netos ou amigos – de quem fatalmente seremos separados no fim da nossa existência neste mundo.
Uma passagem do Evangelho Segundo S. João conta-nos a experiência de Jesus perante a morte do seu amigo Lázaro. Como qualquer de nós, Ele vive o tormento suscitado pela separação, mas, ao contrário de nós, simples mortais, Ele tem o poder de ressuscitar o seu amigo e utiliza-o para provar que o amor é mais forte que a morte. É este o essencial da mensagem da doutrina cristã da salvação: para aqueles que amam e têm fé na palavra de Cristo, a morte não passa de uma aparência, de uma passagem. Pelo amor e pela fé podemos alcançar a imortalidade, o que dá bastante jeito pois, acima de tudo, o que desejamos é não ficarmos sozinhos, não sermos separados daqueles que nos são chegados, sermos compreendidos e amados, não morrermos e que eles não morram também. Contudo, mais cedo ou mais tarde, a realidade contraria as nossas expectativas, mas é acreditando num deus que muitos procuram a salvação e as religiões asseguram-nos isso. E porque não acreditar, se temos fé?
Porém, para aqueles que duvidam da veracidade das promessas religiosas, o problema mantém-se, tanto mais que a morte não é uma realidade assim tão simples como em geral pensamos. Não se resume ao «fim da vida», ao ocaso da nossa existência. Alguns sábios da Antiguidade diziam que não devemos pensar na morte visto que das duas, uma: ou estou vivo e a morte não está presente, ou está presente e já não estou cá para me preocupar! Por que motivo preocuparmo-nos com um problema inútil?
Parece ser um raciocínio bastante simples, pois a morte tem diferentes rostos “cuja presença é paradoxalmente bastante percetível no coração da vida mais viva”. A morte designa tudo o que pertence à ordem do «nunca mais», o que passou e já não volta. É, no centro da vida, no que ao passado diz respeito, o que nunca mais poderemos encontrar: a infância, escola, as férias, as casas que tivemos de abandonar, os familiares e amigos que deixamos para sempre, ou de muitas coisas mais; tudo o que é da ordem do «nunca mais», mesmo que não signifique o desaparecimento de um ente querido, pertence ao registo da morte.
Neste sentido, a morte está longe de ser simplesmente o fim da vida biológica, é parte da nossa existência.

domingo, 12 de junho de 2016

A evolução tecnológica e as competências para enfrentar os desafios

A evolução da sociedade é um processo contínuo e exige adaptações que nem sempre são pacíficas. Foi o caso das profundas transformações operadas na segunda metade do século passado que implicaram mudanças de paradigma nas formas produtivas, uma nova organização laboral associada a formas mais flexíveis de produção, acompanhadas pela restruturação das economias e reajustamentos sociais e políticos.
Estas transformações, com a introdução de novas tecnologias, implicam quase sempre a substituição progressiva do homem pela máquina, a substituição de mão-de-obra menos qualificada por outra mais qualificada, conduzindo ao aumento do desemprego, lançando assim mais pessoas no mundo da exclusão e aumentando a injustiça social.
A formação e qualificação profissional tornam-se por isso numa necessidade prioritária de qualquer sociedade, por forma a manter os seus membros habilitados com os conhecimentos e competências de acordo com as ofertas e procuras do mercado de trabalho, dos produtos e padrões de consumo, face às inovações tecnológicas, laborais e sociais
A evolução tecnológica, a sua complexidade e diversidade, exige do profissional qualificações e competências para enfrentar os novos desafios. As novas tecnologias não se compadecem económica, financeira, social e laboral de pessoas sem qualificações, relegando-as para o «analfabetismo funcional», retirando-lhes hipóteses de um futuro garantido, diminuindo-lhes o mérito e a capacidade individual.
Hoje em dia, a gestão de carreiras assenta principalmente nas competências, nas capacidades demonstradas e reconhecidas em diferentes níveis. Na maioria das médias e grandes empresas, os postos de trabalho têm uma descrição detalhada das funções dos superiores e subordinados. O profissional evolui linearmente e, se os objetivos delineados forem atingidos, as promoções surgirão.
As mudanças que se operam no mundo do trabalho exigem uma mudança cultural e uma maior maturidade aos profissionais. É longo e árduo o caminho a percorrer e há desafios práticos para que a difusão do trabalho à distância e por projetos, se popularize.
Quanto melhor forem compreendidas as novas tecnologias, mais e melhores oportunidades surgirão, e novos projetos e novas funções se acreditarão como profissão e profissionalismo. É importante que os líderes do futuro percebam que as competências ligadas aos valores humanos são essenciais para que se estabeleçam relações de confiança no futuro, perante os grandes os desafios que se colocam na reformulação laboral tendentes à sua adaptação às novas realidades: o trabalho em casa, o controlo da jornada, remuneração de horas extras, responsabilidade pelos custos dos equipamentos e serviços de telecomunicações e as condições de saúde e segurança no trabalho.

sábado, 21 de maio de 2016

Cultos e adultos




Cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade. (Edward B. Tylor, 1832-19179). Cultura é o conjunto de elementos que uma pessoa aprende ao longo da sua vida. Estes elementos variam desde a língua à religião, passando pela arte e pelo modo de ver o mundo, ou seja, todos os padrões de comportamento que uma pessoa aprende.
A cultura, primeiramente reservada às elites (clero, nobreza e burguesia), tornou-se acessível a mais amplas camadas sociais a partir do século XX. O desenvolvimento económico, a democratização do ensino, o progresso tecnológico e o desenvolvimento da comunicação social: os jornais, a rádio, o cinema, a televisão e depois a internet, contribuíram para uma maior divulgação da cultura, possibilitando o seu acesso a gente e locais até então quase inacessíveis. A cultura passou a ser assimilada por um maior número de pessoas. Temos a «cultura de massas». Os espetáculos, o desporto e lazer são outro contributo para a divulgação da cultura.
Os meios de comunicação têm como principal função informar, educar e entreter de diferentes formas, com conteúdos selecionados e desenvolvidos para os diferentes públicos, os quais podem ser usados tanto para fornecer informações úteis, com conteúdos didáticos, formativos para a população, como para alienar, determinar modos de pensar e induzir comportamentos preconceituosos, sectários ou fundamentalistas.
Num cenário em que a cultura está acessível às mais amplas camadas sociais, a cultura de vanguarda sofre a ameaça do predomínio da cultura de massas, podendo os seus criadores serem absorvidos pela lógica produtiva, correndo o risco de se transformarem em simples produtores de objetos para o grande consumo, deslizando para a banalização cultural.
O conceito de cultura está intimamente ligado ao conceito de formação, desempenhando importante papel na educação dos indivíduos.
Quanto melhor for a formação do indivíduo, maior será o seu nível cultural, aumentando as suas capacidades por via do conhecimento, melhorando o seu relacionamento com outros indivíduos, proporcionando-lhe vantagens no desenvolvimento de contatos quer pessoais, quer profissionais, contribuindo também para o desenvolvimento socioeconómico da população em que está inserido.
Fontes:

sábado, 30 de abril de 2016

A evolução do automóvel


O automóvel (do grego auto, por si próprio, e do latim mobilis, mobilidade) ou carro é um veículo motorizado, com quatro rodas, em geral destinado ao transporte de passageiros e mercadorias e um dos meios de transporte mais populares do mundo.
A definição abrange todos os veículos com autopropulsão movidos a combustão interna que pode ser gerada por gasolina, gasóleo, gás, álcool, bio gasóleo ou por qualquer outra mistura de combustível, comburente e calor que provoque a combustão interna, ou híbrido (motor de combustão interna e elétrico), ou ainda veículos que se movimentem por meio de motores elétricos com a finalidade de transporte de passageiros e carga.
O automóvel dos dias de hoje dispõe, tipicamente, de um motor de combustão interna, no geral a quatro tempos, propulsionado a gasolina, gasóleo ou álcool, havendo já em circulação muitos veículos híbridos (motor de combustão interna e elétrico), tendo sido já introduzidos no mercado veículos equipados exclusivamente com motor elétrico.
Desde os primeiros veículos inventados e experimentados, até ao aparecimento da indústria automóvel e o seu impacto na economia, a forma como se alterou e alimentou às necessidades do consumidor, o automóvel tornou-se um meio de transporte eficaz, impôs-se na sociedade, popularizou-se e nunca deixou de ser uma forma de afirmação, de estatuto social.
A nível mundial a estatística aponta para a existência de um veículo por cada onze pessoas e, no contexto legal, a circulação automóvel encontra-se definida pelo código de estrada, que pode variar entre países.
HISTÓRIA
Não se pode definir com exatidão um momento na história do automóvel como o início desta grande invenção.
Já no século XVII se idealizavam os veículos impulsionados a vapor; Ferdinand Verbiest, um padre da Flandres, demonstrara-o em 1678 ao conceber um pequeno carro a vapor para o imperador da China. Mas, se ficou escrito que o veículo do padre Verbiest rodava, estudiosos descobriam que, antes dele, Leonardo da Vinci (1452-1519) criou o projeto de um “veículo que se move por si próprio”, definição que o Dicionário da Associação de Língua Portuguesa refere como um automóvel. Este veículo, foi recriado e executado em 2003 por uma equipa de estudiosos, de acordo com os planos originais. Construído em madeira, era animado pelo movimento de molas ao estilo do que acontecia com os relógios mais antigos. No entanto, Leonardo nunca teve possibilidade de avançar com a sua produção.
Em 1769, Nicolas-Joseph Cugnot elevava a demonstração à escala real, ao utilizar um motor a vapor para movimentar um veículo, embora a sua aplicação tenha passado na sua terra-natal, França, aparentemente despercebida, mas passando a desenvolver-se, sobretudo no Reino Unido, onde Richard Trevithick montou um vagão a vapor em 1801.
Este tipo de veículos manteve-se em voga durante algum tempo, sofrendo ao longo das próximas décadas inovações como o travão de mão, a caixa de velocidades, assim como ao nível da velocidade e direção; alguns atingiram o sucesso comercial, contribuindo significativamente para a generalização do tráfego. Contudo, uma reviravolta contra este movimento em resultado de leis restritivas, que obrigavam aos veículos automóveis a serem precedidos por um homem a pé acenando uma bandeira vermelha e soprando uma corneta, travaram o desenvolvimento do automóvel no Reino Unido até finais do século XIX. Entretanto, os inventores e engenheiros desviavam os seus esforços para o desenvolvimento dos caminhos-de-ferro, as locomotivas. A lei da bandeira vermelha só seria suprimida em 1896.
Com efeito, os primeiros veículos que surgiram foram o resultado de sucessivas aproximações e adaptações tecnológicas que se desenvolveram, gradualmente, em torno de um objetivo comum: viajar rápido, com comodidade e, sobretudo, com um mínimo de esforço para os ocupantes e com um máximo de segurança.
No entanto, só com a introdução do motor de combustão interna a quatro tempos a gasolina, inventado por Karl Benz em 1885, na Alemanha, é que se começou a considerar a viabilidade de um veículo autopropulsionado que oferecesse as condições já mencionadas. Contudo, apesar de Benz ser creditado pela invenção do automóvel moderno, muitos outros engenheiros, também alemães, pesquisavam simultaneamente sobre a construção de automóveis. Em 1886, Gottlieb Daimler e Wilhelm Maybach, construíram a primeira adaptação da carruagem para o transporte automóvel.
Experiências isoladas, realizadas em toda a Europa, ao longo das décadas de 1860 e 1870, contribuíram para o aparecimento de algo semelhante ao automóvel atual. Uma das mais significativas foi a invenção de um pequeno carro impulsionado por um motor a 4 tempos, construído por Siegfried Markus (Viena, 1874). Os motores a vapor – que queimavam o combustível fora dos cilindros –, deram lugar aos motores de combustão interna, que queimavam no interior do cilindro uma mistura de ar e gás de iluminação. O ciclo de 4 tempos foi utilizado com êxito pela primeira vez em 1876, num motor construído pelo engenheiro alemão conde Nikolaus Otto.
A primeira patente do automóvel nos Estados Unidos da América foi concedida a Oliver Evans, em 1789. Mais tarde, em 1804, Evans demonstrou o seu primeiro veículo automóvel que não só foi o primeiro automóvel nos EUA mas também o primeiro veículo anfíbio, já que este veículo a vapor dispunha de rodas para circulação terrestre e de pás para circulação na água.
O belga Etienne Lenoir construiu um automóvel com o motor de combustão interna, cerca de 1860, embora fosse propulsionado por gás de carvão. A sua experiência durou 3 horas para percorrer 7 milhas (cerca de 11,3 km) — teria sido mais rápido fazer o mesmo percurso a pé — e Lenoir abandonava as experiências com automóveis. Os franceses reclamam que um Deboutteville-Delamare terá sido bem-sucedido; em 1984 celebraram o centésimo aniversário desse automóvel.
É geralmente aceite que os primeiros automóveis de combustão interna a gasolina tenham surgido quase simultaneamente através de vários inventores alemães, trabalhando independentemente: Karl Benz construiu o seu primeiro automóvel em 1885 em Mannheim, conseguindo a patente a 29 de Janeiro do ano seguinte e iniciado a primeira produção em massa a 1888. Pouco tempo depois, Gottlieb Daimler e Wilhelm Maybach, em 1889 em Estugarda, concebiam um veículo de raiz, descartando a típica carroça em função de uma carroçaria específica dotada de motor. Em 1885 eram construídos os primeiros automóveis de quatro rodas propulsionados a petróleo, em Birmingham, Reino Unido, por Fredericl William Lanchester, que também patenteou o travão de disco.
Décadas mais tarde, Henry Ford passaria a fabricar automóveis em série, destacando-se o Ford T, fabricado de 1908 a 1927, cujas vendas ultrapassaram os 16 milhões de unidades. A produção em massa de automóveis, iniciada por Henry Ford, foi determinante para a generalização deste meio de transporte. A circulação aumenta e surgem os primeiros sinais de trânsito.
Alguns modelos da indústria automobilística, entre populares e de luxo, tornaram-se célebres, destacando-se pela evolução e pelo desenho.

Os Pioneiros — 1895/1904
O primeiro automóvel chega a Portugal em 1895. É um veículo da marda Panhard & Levassor, importado de Paris pelo IV Conde Avilez, havendo dúvidas na Alfândega de Lisboa sobre a taxa aduaneira a aplicar a «tão estranho artefacto»: seria uma máquina agrícola ou uma “locomobile”? (máquina movida a vapor) Adota-se a última definição.
Na primeira viagem que realiza, entre Lisboa e Santiago do Cacém, este veículo é protagonista do primeiro acidente de viação em Portugal ao atropelar um burro.
Os primeiros tempos do automobilismo não são fáceis para os condutores. A velocidade que os automóveis atingem, cerca de 30 km/h, é considerada uma "coisa do diabo." O ruído que produzem assusta pessoas e animais.
A sua mecânica e acessórios são de difícil utilização. Para pôr o motor em marcha, é necessário manobrar várias alavancas e abrir uma série de válvulas. A iluminação é feita através de lanternas ou faróis de carboneto. As rodas são revestidas a borracha maciça, o que torna as viagens muito desconfortáveis. Só mais tarde será generalizado o pneumático.
A forma destes veículos permite apenas viajar em "cima deles" e não "dentro deles", o que obriga ao uso de roupas especiais e adereços de proteção. No princípio do século XX, conduzir um automóvel é uma prova de perseverança e resistência através da qual os seus proprietários demonstram a sua perícia e espírito aventureiro.
Os primeiros automobilistas demonstram a sua capacidade de resistência e a eficiência das suas máquinas realizando "excursões" com os seus automóveis. Nestas viagens, surgem problemas mecânicos e dificuldades relacionadas com a pouca funcionalidade dos veículos.
A procura de soluções para estas falhas traz melhorias técnicas e formais, das quais se destacam: a invenção do motor de arranque e a iluminação elétrica.
Diferente de antigamente, hoje o automóvel possui características como conforto e rapidez, alé de ser bem mais silencioso e seguro. Nos últimos anos, os carros vêm passando por inúmeras mudanças, tornando-os cada vez mais cobiçados por grande parte dos consumidores. Todo o processo de fabricação gera milhões de empregos em todo o mundo e movimenta biliões de euros, gerando lucros para as multinacionais que os fabricam.
O carro do futuro
Os avanços da tecnologia permitem que os carros de hoje sejam algo que eras inimaginável para os pioneiros da indústria automóvel e os carros do futuro terão inovações que, para muitos de nós ainda parecerão do reino da fantasia.
Acredita-se que não faltará muito tempo para que os veículos modernos estejam permanentemente ligados à internet, permitindo o controlo total da viatura.
Através de câmaras instaladas no interior, será possível controlar o que se passa dentro do carro ou à sua volta, conferir o nível do combustível, verificar todos os equipamentos, ligar e desligar o carro.
Já existem, em veículos topo de gama, sistemas de controlo capazes de medir a distância entre o veículo da frente e o de trás, calcular a velocidade e a posição relativa e manter uma distância de segurança entre veículos para prevenir acidentes e avisar o condutor sempre que uma situação potencialmente perigosa surgir.
Surgirão, à semelhança das aeronaves, sistemas de armazenamento de dados (caixa preta) que podem ajudar as autoridades a descobrir as causas de um acidente e contribuir para a criação de veículos cada vez mais seguros.
A breve trecho os carros movidos a eletricidade tornar-se-ão mais eficientes e com maior autonomia, e talvez seja uma realidade, num futuro não longínquo, a existência de carros “inteligentes” capazes de responderem às nossas ordens e nos transportarem sem necessidade de condutor.
Páginas consultadas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Autom%C3%B3vel
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_autom%C3%B3vel
http://forum.motorclassico.pt/showthread.php?t=945
http://sub.automotor.xl.pt/galeria/pioneiros/primeiro.shtm