A globalização é resultante da evolução tecnológica
associada a grandes mudanças no âmbito das telecomunicações, da produção, da
comercialização e nos mercados financeiros mundiais.
É um fenómeno que está a provocar profundas
alterações nas sociedades, afetando as nossas vidas pessoais e íntimas,
entrando nas nossas casas, nas comunidades ou contextos locais através de meios
impessoais como os média, a internet, a cultura popular ou através do contato
pessoal com indivíduos de outros países e culturas.
O fenómeno da globalização obriga-nos a redefinir
muitos dos aspetos das nossas vidas pessoais, familiares, os papéis de género,
a sexualidade, a identidade pessoal, as nossas relações com os outros e as
relações laborais. No fundo, a forma como nos concebemos a nós próprios e a
nossa relação com os outros na sociedade.
Nesta época em que vivemos, os indivíduos têm muito
mais oportunidades para configurar as suas vidas do que no passado. Antigamente
os valores e os estilos de vida dominantes forneciam as regras que guiavam as
pessoas na sua vida. As entidades pessoais formavam-se no seio da comunidade em
que nasciam. A tradição e os hábitos tinham uma influência determinante na vida
das pessoas. A classe social, o género, a etnia e religião, eram condicionantes
de peso para se ter acesso ao conhecimento, à cultura e a melhores níveis de
vida. O espaço natural da mulher era o lar e a sua vida e identidade eram, em
grande medida, definidas pelo marido ou pelo pai e aos filhos estava reservado
seguirem, para toda a vida, a profissão do seu predecessor ou outra análoga ao seu
estatuto.