O debate público é
fundamental em democracia. Pode dizer-se que faz parte do dever cívico do cidadão
intervir em debates, participando ativamente, apresentando as suas ideias,
colocando dúvidas, levantando questões, para avaliar a validade dos argumentos
das várias teses em disputa e sugerindo soluções para se chegar a uma conclusão
informada.
O debate permite um
escrutínio das questões de base por parte das populações, ficando estas mais
informadas sobre os temas, podendo cada cidadão tomar decisões ou ter posições
mais informadas em relação à questão ou questões em causa. Serve não apenas
para tornar claras as diferenças das várias opções, mas também para se
encontrarem os pontos comuns.
Em Portugal temos uma
democracia representativa que se concretiza pela eleição regular dos nossos
representantes em escrutínio universal e secreto, mas tal não impede que a
tornemos mais participativa. Para que isso aconteça, é necessário termos uma
sociedade civil ativa, organizada, que mobilize e incentive os cidadãos a
participar na criação de alternativas conducentes à resolução dos problemas do
coletivo.
A democracia
deliberativa tem necessidade de justificar as decisões tomadas pelos cidadãos e
pelos seus representantes, esperando-se que ambos justifiquem as leis que
querem «impor» uns aos outros. Numa democracia, os líderes devem justificar as
suas decisões e responder às razões que são apresentadas pelos cidadãos. As
pessoas devem ser tratadas não como meros objetos das leis ou como sujeitos
passivos da governação, mas como agentes autónomos que participam diretamente
ou através dos seus representantes no governo da sua própria sociedade.
Torna-se, portanto,
necessário considerar a forma como as ideias de democracia deliberativa e de
reconhecimento podem contribuir para a solução dos problemas que se colocam.
Importa saber como podem os representantes, cujas perspetivas são transformadas
pela deliberação, manter-se legítimos aos olhos daqueles que partilham essa
transformação, assim como quais as formas de deliberação que podem concorrer
para essa transformação, porém, partindo da ideia do reconhecimento, devemos
procurar perceber a natureza da injustiça que os movimentos contrários
contestam.
Em confronto estão
diferentes e complexas questões como pretensões à razão, evolução social,
abertura da deliberação ao diálogo cultural e fronteiras de deliberação
política. A união está num entendimento alargado de formas e lugares
comunicacionais, nas diferentes articulações do espaço público.
É convicção de que as
lutas de identidade apenas possuem força de legitimação desde que todos os
grupos possam ter acesso ao espaço público político para fazer ouvir a sua voz
e articular as suas necessidades. Isso passa por assegurar as condições reais
de uma utilização dos direitos formalmente iguais que forneçam uma verdadeira
igualdade de oportunidades ao nível público, por encontrar formas comunicativas
que não se centrem exclusivamente na questão do argumento, considerando a
deliberação não apenas o processo que visa o bem comum, mas como aquele que
ajuda os participantes a clarificar os seus interesses.
O ideal é, portanto, a inclusão na sociedade civil de
espaços públicos múltiplos, dentro dos quais os grupos articulam as suas ideias
e interesses, debatem e se influenciam mutuamente, exercendo a sua influência
sobre as ações do estado e sobre as instituições económicas.
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