O envelhecimento da população e o decréscimo populacional constituem um
dos grandes desafios do século XXI.
O aumento do número de idosos trará inúmeras consequências: pressão nos
sistemas de saúde e segurança social, mudanças sociais profundas, cuidados de
saúde acrescidos, solidão, pobreza, problemas económicos, exclusão social e
cultural, entre outras. O grande desafio passará pela mudança das mentalidades.
Perceber que os conhecimentos e valores dos mais velhos podem constituir uma
enorme mais-valia. Teremos de saber respeitá-los, valorizá-los e
proporcionar-lhes as melhores condições de vida, onde não caiba a solidão, o
abandono e a tristeza.
O aumento da esperança média de vida é um bem, resultado das melhores
condições sociais em que vivemos, dos progressos da tecnologia e da medicina.
Trata-se de uma etapa normal da evolução humana que se funda num progresso
considerável, no alongamento da vida e da sua qualidade, e que conduz a uma
alteração do estado demográfico.
A existência de uma estrutura etária envelhecida não significa, assim,
necessariamente uma evolução desvantajosa para a sociedade. A verdadeira razão
de ser desvantajosa poderá estar na não adequação entre o curso dos factos
demográficos e o modo dominante de organização social, levando a que as
sociedades envelhecidas não aproveitem convenientemente o envelhecimento das
suas estruturas etárias. Será necessário pensar uma economia mais competitiva
e dinâmica do mundo, baseada no conhecimento, apta a um crescimento económico
sustentado, com mais e melhores empregos e grande coesão social.
O problema-chave a resolver, num futuro próximo, é o de como revitalizar
os fundamentos económicos tirando vantagem da globalização face a uma
competição crescente vinda dos mercados mais inovadores e
da abundante mão-de-obra emergente, e também do rápido desenvolvimento
tecnológico das economias Asiáticas, avançando em mercados de baixa e média
tecnologia. O segundo desafio é negociar a mobilização de recursos
extraordinários — necessários para financiar o envelhecimento da população e
aproveitamento eficaz da despesa social.
No fundo, um modelo socioeconómico que garanta pleno emprego/atividade e
em que os mais idosos possam, com os seus valores e os seus conhecimentos, ser
uma mais-valia e continuar dar o seu contributo em prol da sociedade enquanto
física e psiquicamente aptos, em vez de serem colocados na situação de
reformados inúteis e serem um custo social.
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