O debate público é
fundamental em democracia. Pode dizer-se que faz parte do dever cívico do cidadão
intervir em debates, participando ativamente, apresentando as suas ideias,
colocando dúvidas, levantando questões, para avaliar a validade dos argumentos
das várias teses em disputa e sugerindo soluções para se chegar a uma conclusão
informada.
O debate permite um
escrutínio das questões de base por parte das populações, ficando estas mais
informadas sobre os temas, podendo cada cidadão tomar decisões ou ter posições
mais informadas em relação à questão ou questões em causa. Serve não apenas
para tornar claras as diferenças das várias opções, mas também para se
encontrarem os pontos comuns.
Em Portugal temos uma
democracia representativa que se concretiza pela eleição regular dos nossos
representantes em escrutínio universal e secreto, mas tal não impede que a
tornemos mais participativa. Para que isso aconteça, é necessário termos uma
sociedade civil ativa, organizada, que mobilize e incentive os cidadãos a
participar na criação de alternativas conducentes à resolução dos problemas do
coletivo.
A democracia
deliberativa tem necessidade de justificar as decisões tomadas pelos cidadãos e
pelos seus representantes, esperando-se que ambos justifiquem as leis que
querem «impor» uns aos outros. Numa democracia, os líderes devem justificar as
suas decisões e responder às razões que são apresentadas pelos cidadãos. As
pessoas devem ser tratadas não como meros objetos das leis ou como sujeitos
passivos da governação, mas como agentes autónomos que participam diretamente
ou através dos seus representantes no governo da sua própria sociedade.