sábado, 18 de setembro de 2021

OS TÍTULOS DE NOBREZA EM PORTUGAL E SUAS ORIGENS

As sociedades com uma hierarquia definida e dominadas por uma classe superior, detentora de privilégios, já existiam em tempos pré-históricos. Há evidências que nos indicam que nas civilizações pré-gregas já existia um conceito de nobreza de certa maneira comparável ao que se tornou popular no ocidente; um rei e uma classe rica e poderosa que vivia em palácios, embora não seja fácil determinar como essas sociedades funcionavam.
A Alta Idade Média (séculos V a XV) ficou marcada por uma série de invasões da região latina pelos povos bárbaros. Uns dos mais bem-sucedidos foram os povos germânicos. Para estes, a nobreza tinha o estatuto de homem livre, face ao valor militar e à sua capacidade de reunir um exército, para se afirmar politicamente e garantir a posse de terras, vindo a produzir uma série de reis da Itália após a queda do Império Romano. Valores que logo se fundiram à nobilitas romana, permitindo que os nobres da primeira Idade Média, escudados no desempenho de altos cargos públicos e, principalmente, na sua riqueza, o senhorio da terra e o comando militar.
Estas invasões continuaram pelo sul da Europa, chegando até à Península Hispânica, onde se estabeleceram com os seus sistemas de organização político-administrativo. Anteriormente pagãos, os germanos converteram-se ao cristianismo.
Posteriormente sucedeu a invasão da Península Hispânica pelos Árabes, que ocorreu a partir de 711 até 713, quando tropas e populações muçulmanas do norte de África cruzaram o estreito de Gibraltar e penetraram pelo interior da Península, reduzindo os cristãos à escravatura e empurrando os mais resilientes até ao norte, para as Astúrias.
Foi D. Pelaio, que escapando da derrota de Guadalete, fugiu para as cavernas de Covadonga e aí formou um núcleo de guerreiros, com o qual foi dando luta aos islâmicos, dando-se a partir daí a reconquista da Península Ibérica, que perdurou por mais de 6 séculos.
À medida que o território peninsular ia sendo reconquistado, aqueles que mais se distinguiam pelo seu valor, foram adquirindo vastas propriedades, não tardando a aparecer novas distinções, designando não só as qualidades pessoais, mas circunstâncias especiais que revelavam na luta.
Assim, os que pelejavam com espada e escudo, eram os escudeiros, os que combatiam montados, eram os cavaleiros e os que mais enriqueciam com os despojos do inimigo, eram os ricos-homens.
O pequeno reino das Astúrias, à força de vitórias, transformou-se no mais vasto reino de Oviedo e depois na poderosa monarquia de Leão. E foi a partir daqui que se introduziram as primeiras distinções da nobreza, numa nomenclatura hierárquica composta com os títulos de vassalos, infanções e ricos-homens, que da corte de Leão passou para o nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques.

Infanção

Supõe-se que o título de infanção teve início na corte de Oviedo, dado aos segundos filhos dos fidalgos, indistintamente ao princípio e depois por mercê do rei. Dizia-se também que, vendo o povo que os reis davam o título de infante aos seus segundos filhos, começou a dar o de infanções aos segundo filhos dos ricos-homens.
Qualquer que seja a sua origem, este título era puramente honorífico e só dado por carta ou alvará régio.
Os mais antigos infanções de Portugal foram os da Terra de Santa Maria, Terra da Feira, hoje Santa Maria da Feira. Aqui todos os peões tinham o privilégio de escudeiros, todos os escudeiros o de cavaleiros e todos os cavaleiros tinham o privilégio de infanções.
D. João I, em prémio de lealdade a bravura dos lisbonenses aquando da defesa da cidade contra os castelhanos e mais adiante aos moradores de Braga, Évora, Porto e outras terras, concedeu-lhes os privilégios de infanções.
Nos alvarás em que se concedia este título, uma das fórmulas era a seguinte: «que os cidadãos de … seriam igualados aos infanções da Terra de Santa Maria».

Rico-homem

Conferido pelos reis como título de nobreza, no seu princípio apenas designava o que possuía grandes propriedades, porém, não era sem encargos; como os reis sustentavam os seus soldados, os ricos-homens eram obrigados a sustentar um certo número deles.
A este título foram-se juntando vários privilégios; tinham o comando dos exércitos das praças de primeira ordem e de províncias, e a sua autoridade apenas se subordinava ao seu soberano; não eram obrigados ao serviço militar, senão quando o rei entrava em campanha; eram do conselho do rei e, nas doações régias, assinavam depois do rei e dos infantes.
Às mulheres dos ricos-homens se dava o título de ricas-donas.
O seu distintivo era o pendão e a caldeira, que traziam na guerra. Na frente, o pendão com uma caldeira pintada e uma divisa própria, para se distinguirem dos outros, e, na retaguarda, a caldeira para confecionar as refeições dos soldados que tinham obrigação de sustentar. É por este facto que depois se denominaram ricos-homens de pendão e caldeira.
D. Afonso V concedeu o último título de rico-homem em Portugal, no dia 1 de julho de 1451, a Nuno Martim da Silveira, seu escrivão da puridade e caudel-mor.

Vassalo

Este título sofreu grandes modificações em Portugal, daí resultando variar também a sua significação a valia.
Na “Lei das Partidas” de D. Afonso, o Sábio, rei de Castela, que D. Dinis mandou traduzir e observar, «vassalo é aquele que recebe honra ou boa obra do senhor, com o grau de cavaleiro, terras ou dinheiro, por serviço assinalado que lhe haja de fazer
Eram três as categorias de vassalos:
- Os senhores das terras e os alcaides-mores ou governadores de castelos e fortalezas, que dependiam do rei e lhe prestavam preito e homenagem;
- Os fidalgos acontiados;
- Os populares abastados que serviam na guerra.
A primeira era composta de ricos-homens e constituía a principal nobreza da nação; à segunda, os fidalgos acontiados, os que não eram donatários da coroa e aos quais os reis pagavam certa quantia anual, pelo que eram obrigados, não só a servir na guerra, mas a levar à sua custa certo número de cavaleiros ou peões. Tinham o privilégio de juro de herdade, ou seja, os filhos sucediam aos pais e venciam certa quantia logo que nasciam; a terceira categoria saía do povo, muito inferior às precedentes e regulada pela riqueza do indivíduo. Eram os súbditos dos donatários da coroa e de outros senhores, a cujo serviço militavam com armas e cavalo, sem que isso os obrigasse a servir o rei. Entre estes também havia acontiados, não do rei, mas do senhor a quem serviam.
Assim havia vassalos da coroa e dos senhores, mas D. João I acabou com isto e determinou que só houvesse vassalos da coroa, passando o tesouro a pagar as contias que os senhores habitualmente pagavam.
Finalmente passaram a ser vassalos todos os que serviam na guerra, quer cavaleiros quer peões, e quaisquer que fossem as armas com que combatessem, vindo a dar-se a todos os súbditos do rei, qualquer que fosse a sua categoria. As duas primeiras categoria foram a pouco e pouco caindo em desuso e a terceira prevaleceu até 1820, altura em que o nome de vassalo passou a súbdito.

Fidalgo

É uma palavra de origem castelhana – hijo d’algo, por abreviatura hi-dalgo. Como os espanhóis aspiram o h e nós não, do h aspirado fizemos f e dizemos – fidalgo, que quer dizer, que tem alguma coisa, que tem algo em bens ou nobreza.
Foi introduzida em Portugal no reinado de D. Afonso III, para distinguir os cavaleiros e escudeiros de linhagem dos que o eram por graça especial do seu suserano. Apareceu pela primeira vez no foral que D. Afonso deu a Vila Real, em que diz que o alcaide-mor do castelo seria sempre filium d’algo e que vingasse (ganhasse) 50 soldos.
D. Afonso V determinou que os fidalgos do reino entrassem ao serviço da casa real, inscritos como moradores no paço, recebendo anualmente certas pagas, segundo a jerarquia ou serviços prestados, às quais se deu o nome de moradias. Foram então os fidalgos classificados em diferentes categorias, sendo divididos em duas ordens, cada uma delas com três graus.
1ª ordem: 1º grau – fidalgo cavaleiro; 2º grau – fidalgo escudeiro; 3º grau – moço fidalgo.
2ª ordem: 1º grau – cavaleiro fidalgo; 2º grau – moço de câmara; 3º grau – escudeiro fidalgo.
Todos eles recebiam moradia e podiam ir subindo gradualmente, desde escudeiro fidalgo da 2ª ordem até fidalgo cavaleiro da 1ª ordem.
Os fidalgos que serviam no paço, denominavam-se fidalgos com exercício, mas depois deu-se esta designação a todos, servissem ou não o rei. Ter foro de fidalgo, é ser feito fidalgo sendo filho de pai que o não era, bastando provar-se ser filho legítimo de pai fidalgo para obter o primeiro foro de nobreza.
Eram os reis concediam foro de fidalgo, porém os príncipes e infantes também o podiam fazer, desde que confirmados pelo rei. Os duques de Bragança também tinham esta prerrogativa, sujeita também à confirmação do soberano.

Dom

Dominus é vocábulo latino que significa senhor. No princípio do cristianismo dava-se apenas a Deus, depois passou a dar-se aos papas, mas com uma variante, de Deus dizia-se dominus e do papa domnus, faltava a este o i do ente supremo. Durante muitos anos só aos papas se dava este tratamento, depois estendeu-se aos bispos, mais tarde aos abades e, por fim, aos monges de certas ordens.
Dos padres e frades passou o dom aos seculares, sendo D. Pelaio o primeiro que usou o prenome de Dom quando, no princípio do século VIII, no vale de Covadonga foi aclamado pelas suas tropas rei das Astúrias. Os seus descendentes seguiram-lhe o exemplo, comunicando o dom às suas mulheres e filhos, o mesmo vindo a fazer, aplicando a si o título de dom, os prelados, os ricos-homens e suas mulheres e os cavaleiros que se julgavam com direito a este tratamento por sua linhagem.
Este título foi introduzido em Portugal em conjunto com outras práticas castelhanas. Este tratamento era somente conferido pelos nossos primeiros reis, que o davam em prémio de relevantes serviços, não se permitindo que fosse usado pelos seus filhos bastardos. O próprio D. Sancho I nomeia quási todos os seus filhos bastardos sem dom, e o mesmo fez D. Dinis.
O primeiro filho bastardo com tratamento de dom, foi o filho bastardo de D. Pedro I, D. João, Mestre de Aviz, depois rei D. João I.
Este tratamento de dom foi prodigalizado no tempo de D. Afonso V, dando azo a que muitos deles se apropriassem sem permissão.
No reinado de seu sucessor, D. João II, Garcia de Rezende queixava-se, nas suas “Miscelâneas”, deste abuso. Diz assim:
Os reys por acrecentar / As pessoas em valia, / por lhes serviços pagar, / vimos uns o dom dar, / e a outros fidalguia. / Já se os reys não há mister, / Pois toma o dom quem o quer, / E as armas nobres tãobem. / Toma quem armas não tem, / E dá o dom à molher.
Na verdade D. João II pôs algum travão nisto e passou a ser mais avaro a dar títulos de nobreza. No princípio do século XVI este tratamento ainda era muito estimado. Vasco da Gama deu-se por muito bem pago com o título de dom e uma tença de 400$000, pela descoberta do caminho marítimo para a Índia. Em 1611, Flipe III autorizou que os filhos bastardos dos titulares de dom também o pudessem usar e D. José também concedeu este título às mulheres dos negociantes matriculados na praça de Lisboa, no entanto, pouco a pouco este o dom foi perdendo valia.

Barão

Derivada da palavra latina baro, era usada na baixa latinidade para significar homem. Ao princípio não passava disso, mas depois passou a homem de respeito e autoridade. Subindo a sua valia, barão designava já o homem poderoso em bens e senhorio. Com o tempo, foi-se dando o título de barão de tal, àquele que possuía uma grande quinta ou propriedade, que se elevava então em baronia. Mas tanto foi o abuso deste título na Europa, que perdeu grande parte da estimação e apreço em que era tido.
Foi D. Afonso V que o introduziu em Portugal, em 27 de abril de 1475, fazendo João Fernandes da Silveira barão de Alvito. A 9 de agosto de 1653, o então 7º barão de Alvito, D. Luiz Lobo da Silveira, foi, por D. João IV, feito conde d’Oriola, porém o povo nunca lhe chamou conde d’Oriola, mas sim barão d’Alvito ou, simplesmente, conde-barão. D. José, em 1766, elevou D. José António Francisco Lobo da Silveira, 3º conde d’Oriola e 10º barão d’Alvito, a marquês d’Alvito.
Foi este o único título de barão que perdurou em Portugal por espaço de 200 anos. D. Afonso VI havia criado o título de barão da Ilha Grande, que já tinha sido extinto.

Visconde

Este título é de origem romana e dava-se ao imediato do conde que governava na sua ausência ou impossibilidade. Extinto o império romano, passados muitos anos, este título foi sendo atribuído aos filhos primogénitos dos condes enquanto eram vivos e, mais tarde, mesmo a muitos que não eram filhos nem parentes dos condes.
Este título foi introduzido em Portugal por D. Afonso V e na cidade de Toro, a 4 de março de 1476, três dias depois da célebre batalha do mesmo nome, que fez D. Leonel de Lima ou D. João Leonel de Lima, visconde de Vila Nova da Cerveira, o qual era alcaide-mor de Ponte de Lima, senhor de Arcos de Valdevez e outras terras. A 25 de setembro de 1649, D. João IV fez a D. António de Castelo-Branco visconde de Castelo Branco, que mais tarde, em 1668, D. Afonso VI fez conde de Pombeiro. Criou ainda D. Afonso VI o viscondado de Barbacena, mais tarde condado e depois extinto, e o viscondado de Asseca. D. Pedro II criou o viscondado de Fonte-Arcada, assim como D. João VI fez muitos viscondes. A partir de 1834 aumentou exponencialmente o número de viscondes.

Conde

O título de conde ocupa o primeiro lugar entre os títulos de nobreza pela sua antiguidade. A sua origem remonta aos imperadores romanos e foi também o primeiro título de nobreza que se usou em Portugal. O imperador Valeriano tinha, de entre os seus senadores, um grupo de conselheiros, chamados comites (companheiros), para o auxiliar no governo, os quais obrigava a segui-lo por toda a parte.
Era um título muito ambicionado e objeto de pedidos por pessoas distintas, acabando o imperador por permitir que juntassem ao título de comes, o seu cargo, exemplo: comes-rex-privatæ – mordomo-mor; comes-scravestis – camareiro-mor; comes-strabulæ – estribeiro-mor; comes-largitionum – veador (vedor), etc. e, mais tarde, aos governadores de província também se deu o título de conde.
Os germânicos, após a conquista de Roma, adotaram o título de comes (conde) para os principais cortesãos das suas cortes. De Itália passou este título às Gálias e às Hispânicas, mas com duas categorias de condes; aos primeiros, mais nobres e que desempenhavam cargos na corte, antepunha-se-lhes ao nome o título, exemplo: conde D. F…; aos segundos, os governadores de província ou das capitais dessas províncias, mas que os romanos titulavam de condes da província que geriam, porém, os godos davam-lhes o título de conde da província ou cidade que governavam, exemplo: conde da Gália, conde de Coimbra, etc.
A invasão muçulmana acabou com este e outros títulos de nobreza, mas, com a criação dos novos estados cristãos, estes foram-se restabelecendo. No caso dos reinos de Oviedo e Leão (D. Afonso III, o Magno), a parte de Portugal reconquistada aos mouros, era em seu nome governada pelos condes de Coimbra, Idanha, Porto e Viseu.
No século IX havia uma outra classe de condes, de categoria mais elevada, com prerrogativas de soberania; era o caso do conde soberano de Barcelona, condado fundado em 801, e o conde soberano de Navarra, fundado em 836 e transformado em reino em 857. Em 1093, D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, fundou o Condado Portucalense, dando-o a sua filha D. Tereza e a seu marido, o conde D. Henrique.
Aclamado D. Afonso Henriques como rei de Portugal, não fez novos condes na sua corte, conservando os já havidos pelos reis de Leão e Castela. D. Dinis foi o primeiro a conceder o título de conde, fazendo o seu mordomo-mor conde de Barcelos, por carta passada em Santarém, em 8 de maio de 1298; D. Pedro I criou o condado de Ourém, e D. Fernando criou os condados de Arraiolos, Neiva, Faria, Ceia e Sintra. Nos reinados seguintes foram-se multiplicando os condes.

Marquês

É igualmente de procedência latina, no entanto os alemães davam-no aos governadores de província com o nome de markgraff, palavra composta de dois vocábulos – mark (marca, limite ou fronteira) e graff – conde. De margrave se originou o marquês. De notar que da palavra marca (mark) nós derivamos a palavra comarca.
Em Itália, aqueles a quem era confiado o governo das fronteiras, chamavam-se marchiones. Aos indivíduos que exerciam cargo idêntico na França, se lhes dava o título de marches, que depois passou para marquis.
14 de outubro de 1451, foi a data da criação do primeiro marquês em Portugal. Foi ele D. Afonso, conde de Ourém, filho de D. Afonso I, Duque de Bragança, elevado a marquês de Valença, título concedido por D. Afonso V, rei de Portugal. Mais tarde, 25 de maio de 1455, elevou a marquês de Vila Viçosa D. Fernando, conde de Arraiolos, e, em 1472, D. João, filho deste marquês de Vila Viçosa e que já então era duque de Bragança, foi levado a marquês de Montemor.
Durante a usurpação dos Filipes de Espanha, este título foi profusamente distribuído. Muitos fidalgos o compraram com títulos, outros com dinheiro e vastas propriedades e muitos com tudo isso.

Duque

Título também de origem romana. A palavra latina dux significa capitão e deriva-se do verbo ducere, sinónimo de guiar. Ao princípio, os romanos davam o título de dux aos cabos de guerra. Já no tempo dos imperadores era atribuído aos governadores de província e era um título mais elevado e desejado que o de conde, que ia perdendo a sua valia em virtude da sua generalização.
Assim como herdaram o título de comes, os godos também atribuíram o título de dux aos governadores das fronteiras dos países que foram ocupando na Península, chamando-lhes duces ou duks. Tinham, além do comando das tropas, o governo civil e judicial e arrecadação de impostos. Como os outros, extinguiu-se na Península durante a invasão islâmica, subsistindo, porém, na Europa, onde os lombardos também o haviam herdado dos latinos.
Em Portugal não houve duques até 1415, quando D. João I fez em Tavira, no regresso da tomada de Ceuta, os seus filhos, os infantes D. Pedro e D. Henrique, duques de Coimbra e de Viseu, respetivamente.

A partir do século XVIII observou-se em muitos governos um esforço para definir com mais precisão os critérios de nobreza, reorganizar a classe, excluindo das suas fileiras quem não apresentasse documentação sólida para atestar a sua nobreza. A supremacia da burguesia capitalista no século XIX não pôs fim à nobreza, o que muitos entendem como uma reação conservadora, onde uma alta burguesia composta de novos-ricos absorve os princípios e estilo de vida da nobreza, enquanto esta se agarra a altos postos de comando e ostenta o aparato estatal com seus valores. Porém, a queda da maioria das monarquias europeias no século seguinte e a modernização dos estados, acabou por despojar a nobreza da maioria dos seus antigos privilégios, embora muitos dos seus descendentes ainda detenham alguma riqueza, prestígio e projeção social.

Bibliografia:
Leal, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, volume IV.

sábado, 26 de junho de 2021

ELUCIDÁRIO DE PALAVRAS ANTIGAS

Em jeito de dicionário, este Elucidário de Palavras Antigas pretende dar uma modesta ajuda na compreensão das obras dos cronistas da nossa História, onde se encontram palavras que andam hoje fora do uso comum, e mesmo algumas já nem se encontram nos dicionários atuais.

Este trabalho foi desenvolvido a pensar nas obras dos nossos autores mais antigos, pelo que nas palavras abaixo descritas procura-se apenas referenciar o seu significado nesse contexto histórico, pois em muitos outros casos e em outros contextos, as mesmas palavras podem ter significados diferentes.

A

Abafas Não morremos d'abafas i. é., d'espantalhos; bravatas; ameaças arrogantes.
Abade – Prelado de ordem monástica. O que governa uma abadia. Cura das almas; pároco.
Abadia – Dignidade ou cargo de abade; mosteiro governado por um abade ou igreja que faz parte do conjunto do mosteiro.
Abaratar – Fazer com que algo seja mais barato.
Abastantemente – Abundante; copiosamente.
Abegão – O que trata da abegoaria. Caseiro; feitor; capataz. Indivíduo que faz carros, arados e outros instrumentos agrícolas; carpinteiro de carros. O que trata da abegoaria e tem inspeção acerca de criados, ganhões, etc.
Abegoaria – Lugar reservado para guardar o gado ou alfaias agrícolas de uma propriedade rústica; conjunto de animais e utensílios de uma propriedade agrícola. O trabalho rústico. Os aparelhos deste trabalho. Estábulo; granja.
Abexi | Abexim – Abissínia, atual Etiópia. Natural da Abissínia; língua ou relativo à Abissínia.
Abintestado – Que faleceu sem testamento, ou com testamento nulo.
Aboiz | Boiz | Buiz – Armadilha para caçar coelhos e aves.
Aboletar – Dar boleto a; alojar (militares) em casas particulares; acomodar; instalar.
Aborrimento – Ato ou efeito de aborrir. Aborrecimento; tédio.
Abrido – Aberto.
Ab-rogar – Anular, cassar a lei ou privilégio.
Abrolho – Planta rasteira que produz flores amarelas e fruto espinhosos; abrolhos: penedos ou penhascos pontiagudos, que se acham em alguns mares.
Abscôndito – Escondido; oculto; retirado misterioso. Do latim abscondĭtu-, «idem», particípio passado de abscondĕre, «esconder».
Absência | Absentar-se – Ausência. Ausentar-se.
Abstero – Austero.
Acaecer – Acontecer.
Açafata – Dama da corte encarregada da roupa das senhoras da família real e lha entregava num açafate; dama da rainha, moça do açafate.
Açalmar – Abastecer.
Acanto – Género de plantas vulgarmente conhecida por erva gigante. Ornato de arquitetura que representa folhas daquela planta.
Acenha – Azenha.
Acha – Arma antiga do feitio de machado. Cavaca; pedaço de madeira tosca para o lume.
Achadego – O prémio que se dá a quem acha, e nos traz a coisa perdida; coisa achada.
Achaque – Pretexto; queixa, ofensa; direito de punir; perseguir, importunar; doença ou mal-estar sem gravidade.
Achém | Dachém – A provável origem do etnónimo Achém na língua portuguesa é o malaio daching, conexo com o chinês tá-tching, em que tching significa "pesar, medir o peso". Regista as formas "Dachém" em 1532 e "Achém" em 1610, em português. Costuma utilizar-se a forma original indonésia Aceh.
Acintemente – De propósito; advertidamente; com intenção de exasperar alguém.
Acorrimento – Socorro, acolhimento.
Acotiar – Usar a cote; usar quotidianamente; frequentar; ter persistência ou assiduidade.
Açougagem – Imposto que se pagava por qualquer lugar ou praça, em que se vendia carne, e também por aqueles em que se vendia pão, fruta, peixe, hortaliça, loiça, etc. O mesmo que açougada. (de açougue)
Acoutar | Acouteza – Fazer couto de algum lugar; recolher em couto; dar asilo; censurar; tornar a coisa defesa: acoutar as armas; refugiar-se: acoutar-se aos amigos; por alguém em lugar seguro; dar asilo; acoutar escravo, abrigar escravo alheio sem consentimento. Ato de acoutar.
Acrepantar – Subjugar; obrigar; submeter à lavoura e a outro qualquer serviço. Tratar com acrimónia; demasiada aspereza e rigor.
Acrotério – Pedestal das figuras sobrepostas na frontaria de edifícios (latim acroterium).
Acume – Ponta aguda; cume; perspicácia; argúcia. Do latim acumĭne-, «ponta; agudeza».
Adaga – Arma branca, de lâmina curta e larga, com dois gumes, como punhal, que se trazia à cinta, da parte oposta de onde vinha a espada.
Adaião | Deão | Daião – Decano (dignidade capitular que preside a um cabido).
Adail – Chefe ou guia de soldados; cabo-de-guerra; caudilho; o que guia, chefe; defensor de causa ou movimento.
Adarga – Escudo oval de coiro, que tem braçadeiras, que são duas asas por onde se enfia o braço da parte de dentro; golpe por onde se mete o dedo polegar, para o segurar.
Adarve – Passeio estreito ao longo da parte superior das muralhas de uma fortaleza; caminho de ronda. Muralha da fortaleza.
Adela – Mulher que vende fatos e roupas usadas pelas ruas, ou em casa.
Adelas das honras – Terceiras; alcoviteiras.
Ader – Acrescentar; adir.
Adiça | Adiceiro – Mina de oiro. O que trabalha em adiças.
Adival – Antiga medida agrária de 12 braças.
Adjutório – Auxílio; ajuda; socorro; pessoa que ajuda.
Adoba – Grilhões (de quatro elos).
Adorado | Adoorado – Cheio de dores, enfermidades, moléstias.
Adrede – Acinte, de propósito. Expressamente; propositadamente.
Adscriptício | Adscritício – Dizia-se do servo ou colono obrigado a viver e trabalhar em lugar determinado.
Adua – O serviço real, a que por forais eram obrigadas certas pessoas, no reparo das fortalezas, cavas, muros, e talvez se converteu em dinheiro.
Aduar – Acampamento mourisco; dividir em aduas (quinhões) a água de rega.
Adubio – Amanho de terras. Trabalho de reparação e concerto de qualquer edifício.
Adur – Velhacaria, traição, engano, maldade – apenas, por acaso, mui raras vezes.
Adusto – Queimado; tostado; enegrecido pelo calor; muito quente; cálido; ressequido; árido. Do latim adustu-
Advendiço | Advenidiço | Adventício – Que chega de fora. Estrangeiro. Casual. Aquele que vem de fora; que é estranho ou intruso. (Latim adventicius)
Afear – Tornar feio; adulterar; deturpar; tirar a proporção; desproporcionar; tornar vil, indigno.
Afeitado | Affeitado – De afetado, v. enfeitado, adornado com afeção.
Aficamento – Inflexibilidade, firmeza no intento ou primeira resolução, teima, obstinação.
Aficar – Repetir, apertar com razões, instâncias, aturar, insistir em alguma pretensão, ação; porfiar, importunar, perseguir; afadigar-se, aplicar-se com ansiedade; persuadir c/muita força, forcejar, fazer violência às vontades alheias.
Afiuzado – Que tem fiúza ou fidúcia, confiado.
Afom – Trabalho. (antiq.: do italiano affano)
Aforamento | Aforação – Ato ou efeito de aforar; contrato de foro; direito antiquado de cessão de usufruto de uma propriedade, a longo prazo ou perpétua, mediante o pagamento de uma renda; enfiteuse. Foro. O contexto do contrato de aforamento. Avaliação.
Aforar – Pôr em certa condição.
Afouteza | Fouteza – Confiança em si; animosidade; ardimento; destemor.
Agalardoado – Galardoado.
ÁgapeHistória: qualquer refeição de confraternização (especialmente de carácter político, social, etc.); refeição entre amigos. Do grego agápe, «amor; afeto», pelo latim tardio agăpe-, «amor; caridade».
Agareno(a) – Descendente de Agar; escrava Egípcia de Abraão; árabe; muçulmano, maometano; ismaelita; moiro.
Agasalhar – Acolher; receber bem; hospedar; abrigar.
Ágata – Pedra preciosa, ordinariamente vermelha, com veios de várias cores.
Agomia | Agumia – Vaso de duas asas, de boca larga e sem bico; faca curva que usam os mouros.
Aguada – Provisão de água doce para o navio; lugar onde se faz essa provisão.
AguazilAntiquado: governador entre os árabes e os persas; antiquado, depreciativo: oficial de diligências. Do árabe al-uazír, «oficial de justiça».
Os árabes chamavam uazir ao ministro do estado ou conselheiro do rei, a que nós chamávamos vizir e uazil ao que adquire posto ou graça do soberano. Entre nós significava meirinho, beleguim, oficial de diligências, mas juntávamos-lhe o al. Por isto muitos escrevem alvazir e alvazil. Na Índia corresponde a governador de uma cidade. Nos primeiros tempos da nossa monarquia, alvazil era o mesmo a que hoje chamamos vereador da câmara. Também se escrevia Guazil. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Primeiro, pág. 34)
Aguça – Pressa, celeridade.
Aguião | Aquilão – Vento do norte.
Aguila | Aquila – Lenho aromático da Ásia que é o samo, ou branco do aloé.
Aguisar | Aguisadamente – Ordenar; dispor; concertar. Como é bem, e cumpre, e convém, ordenadamente.
Ajo – Estado; situação: eu no teu ajo, repelia a proposta.
Al – O mesmo que o latino aliud; outra coisa; al não disse = nada disse; o mais.
Alá – Nesse lugar; lá; ali.
Alabarda – Antiga arma composta de uma haste longa, terminada em ferro largo e pontiagudo e atravessada por outro ferro em forma de meia-lua.
Alacil – Vindima ou colheita do vinho e azeite; o tempo em que os mouros fazem as vindimas, e passas d'uvas e figos.
Alacridade – Alegria; entusiasmo; vivacidade; animação. Do latim alacritāte-, «vivacidade».
Alaguna – Lagoa pequena ou charco d'água.
A-la-mar – Além para o mar; largo da costa.
Alamar – Obra de requife, espécie de firmal, com que se apertam e adornam os vestidos; requife ou cordão metálico, que guarnece, pela frente, uma peça de vestuário, de um lado ao outro da abotoadura.
Alambel – Pano de cores para cobrir mesas, bancos, etc. ornato na fímbria dos vestidos.
Alamira – À espera; a espreitar; de prevenção.
Alancear – Ferir com lança; lancear, golpear; afligir; ofender; estimular.
Alão – Cão de caça corpulento, com pelo curto e orelhas caídas.
Alardo – Fazer alardo: mostra de gente de guerra; mostrar para intimidar com aparato e apercebimento de guerra; ostentação vã; bazófia.
Alarves – São os descendentes de Árabes que andam vagando. Gente campestre. Desta se faziam reclutas e pelejavam com paus.
Alaúde – MÚSICA instrumento de cordas, de origem árabe, com a parte de trás curva, o tampo plano com abertura acústica redonda e o braço largo, muito comum na Europa desde a Idade Média ao período barroco. NÁUTICA pequena embarcação usada na pesca do atum. (Do árabe al-‘aud, «idem»)
Albacar – Cubelo ou torreão nas antigas fortificações.
Albarda – Sela grosseira de bestas de carga.
Albarrã – Torre sólida e saliente, em castelos ou muralhas árabes, onde se guardavam os dinheiros do Estado. (do árabe al-barrán, «de fora; exterior»)
Albarrada – Parede que se faz de pedra seca, sem barro; cerca ou valado; monte de terra e faxina, que o inimigo vai levando diante de si, para se aproximar à praça, e não ser varejado pela artilharia; reparo, fixo ou móvel, que se leva, para cobrir os tiros do inimigo. Vaso para flores; infusa.
Albetoça – Uma embarcação pequena com coberta. Embarcação indiana, dizem os lexicógrafos; Rui de Pina, porém fala-nos de albetoças em que se passeava no Tejo, e poderá daqui inferir-se que o termo se aplicou a mais de uma espécie de embarcação, não só oriental.
Albornoz – Manto de lã comprido, com mangas e capuz, usado pelos árabes; casaco largo com capuz e gola grande e subida.
Alborotar – Causar alvoroço; perturbar; inquietar; assustar; sobressaltar; agitar; alarmar; etc.
Alborque – Troca; permutação; barganha; escambo. Copo de vinho que na ocasião do contrato, um dos contratantes, especialmente o comprador, dá às pessoas presentes como sanção do negócio.
Alcaçaria – Arruamento de lojas. Alojamento. Lugar onde os Judeus podiam comprar ou vender géneros. (Do árabe al-caiçaria).
Casa feita à maneira de claustro, para alojamento dos mercadores, com uma só porta, que se fecha de noite. É derivada de Caiçar (Cesar), porque dizem que este imperador mandou edificar estas casas no Oriente. Em Lisboa dava-se este nome a um sítio, onde havia casas de banhos, em que antigamente havia curtumes. Talvez por ter ali havido o tal mercado para os judeus. Esta circunstância fez errar Viterbo, que disse que alcaçarias eram pelames ou atanoarias. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Primeiro, pág. 56)
Alcáçer | Alcazar | Alcaçar | Alcacere – Castelo ou lugar fortificado; paços em lugar fortificado.
Alcaceva – Árabe – significa presídio, fortaleza ou castelo arruinado. Alcáçova significa o mesmo, mas enquanto se conserva em bom estado. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno – Volume Primeiro, pág. 61)
Alcáçova – Fortaleza principal de um castelo. Castelo antigo, fortaleza, presídio. Nos navios antigos era o lugar elevado e fortificado, uma espécie de castelo, onde vinham os bombardeiros.
Alçada – Poder cometido ao ministro de justiça - conhecimento ou revisão do que os juízes ordinários tinham julgado em primeira instância.
Alcaide – Antigo governador de castelo ou província. Capitão encarregado de defesa do castelo.
Alcaiz – Livro de assentamentos.
Alcalde – Juiz de concelho; alvazil.
Alcanzia | Alcancia – Bola oca de barro, cosida ao sol, que se atirava com flores nas cavalhadas. Panela de barro que continha matéria explosiva, e se usava nas guerras antigas. Espécie de granada, que se atirava com a mão, nas guerras. Mealheiro de barro.
Alcouce – Casa de prostituição, bordel. Dar alcouce. i.é, casa onde se peca carnalmente.
Alcoucês – Vento do sul.
Alcouço – O lado do sul. Conjunto de regiões ou territórios que ficam ao sul.
Alcoveta – Alcoviteira.
AldropeAntiquado. Gualdrope; cabo fixo à cana do leme para auxiliar o manejo deste; galdrope; aldrope.
Alegrete – Canteiro ou recetáculo de madeira, pedra ou argamassa, que se enche de terra e onde se criam plantas.
Alfageme – Barbeiro; que compunha, afiava e guarnecia espadas.
Alfange | Alfanja – Sabre de folha larga e curva. Do árabe al-khanjal ou al-khanjar; cutelo curto pela cota e convexo pelo fio; sabre de folha larga e curta. «punhal».
Alfaqueque – Redentor de cativos; emissário enviado a propor paz; conciliador da paz.
Alfaras – Cavalo árabe exercitado na guerra. Cavaleiro destro, bem montado.
Alféloa – Massa de açúcar ou melaço em ponto, para se fabricar objetos confeitaria; melindroso; delicado.
Alferes – Oficial militar que levava o pendão, insígnia e hoje a bandeira (…) no princípio da monarquia portuguesa, tinha os mesmos ofícios que teve o condestável.
Alfim – Enfim; finalmente.
Alfinago – Pandilha; biltre.
Alfitra – Tributo que os mouros tolerados pagavam aos senhores Reis de Portugal; era o dízimo do gado. (ver Azaqui)
Alfonsis – Moedas de ouro, prata e cobre, já desde os princípios do reino.
Alforria – Liberdade dada ao escravo pelo senhor; libertação ou liberdade em relação a qualquer domínio ou opressão. Carta de alforria: documento que concedia a libertação a um escravo.
Alfoz – Circunscrição administrativa autónoma; arredores de povoação; proximidades. Do árabe al-húz, «arredores».
Alfurja | Alfuja | Alfugera – Rua estreita entre as casas, onde se lança o despejo delas, ou qualquer área para este serviço; alfuja parece ser o mais usado e virá do Vasconço abucha: cofre, recetáculo, acrescentado o l ao a e mudado o ch em j. Saguão; monturo; esterqueira; antro; beco de despejo.
Algar - Poço ou abismo natural, mais ou menos profundo, originado, por vezes, de cima para baixo, pela ação mecânica das águas, ou aberto, outras vezes, de baixo para cima, a partir de uma caverna, pela ação dissolvente da água nos terrenos calcários. Caverna com abertura vertical; gruta; despenhadeiro; barranco.
Algara – Incursão militar feita em terra inimiga; investida; algazarra; vozearia. Do árabe al-gâra, «idem».
Algela – Acampamento de pouca gente.
Algibebe – Alfaiate, que vende fatos.
Alhanar – Tornar lhano, afável. Aplanar; nivelar; unir; facilitar; assolar; arrasar. Facilitar qualquer negócio.
Alhur – O mesmo que alhures, noutro lugar.
Alime – Teólogo entre os árabes.
Aljama – Mouraria; povoação ou junta de Mouros habitadores em Portugal e como tais falariam o português misturado de árabe; daqui virá Mouro algemia; Elucidar e algemia a língua arábica corrupta e misturada com o castelhano ou português da terra onde era a aljama.
Aljôfar – Pérola pequena; (figurado): gota de orvalho; lágrima. Do árabe al-jáuhar, «pérolas»
Almacorva – Cutelo.
Almadia – Embarcação africana e asiática, estreita e comprida; canoa. Do árabe al-ma'adīa, «jangada»
Almáfega | Almáffega | Almárfega – Pano grosseiro feito de lã churra; burel branco de que se cobrem as albardas ou serve de coberta à palha delas. Antigamente se trazia por luto. Não só os parentes e amigos do defunto vestiam dele por todo o tempo que durava o luto; mas ainda outros quaisquer que o queriam vestir por honra do finado. Acabado o tempo da tristeza, os testamenteiros lhe recompensavam a finesa com um vestido de valencina ou outro pano alegre e festival.
Almágega | Almácega – Pequeno tanque, onde desagua a água e se recolhe a água da nora ou da chuva; vulgarmente dizem almácega. (Do árabe al-maçtaca)
Almásega – Pano de lã grosseiro que antigamente se fazia por luto.
Almástica – O mesmo que almécega.
Almatega | Almática | Almatiga | Dalmática – Veste eclesiástica em que vão vestidos os diáconos nas procissões, difere da casula em ter mangas curtas e cauda ou fralda quadrada.
Almazém – Lugar onde se recolhem armas e munições de guerra, vitualhas e todo o fornecimento de guerra; forma popular e mais exata que armazém; tudo aquilo que podia ser levado e com que, de longe, se varejava o inimigo; hoje se diz geralmente armazém, segundo a etimologia, posto que almazém tem por si os clássicos.
Almécega – Resina de lestisco: mastiche, esta é da Índia; há a do Brasil, ou goma eleme tirada da árvore Issicatirica.
Almedina – Parte central e fortificada de uma cidade, geralmente situada num ponto alto. Do árabe al-madīnâ, «cidade»
Almêitega | Almêitiga – Almoço ou leve refeição que se dava ao mordomo ou prestameiro, que pedia, media e arrecadava os foros reais.
Almenaras – Fogos artificiais e convencionados, com que desde os muros, torres ou atalaias, se dava rebate de inimigos, ou se faziam outros avisos aos que estavam distantes.
Almocábar | Almacávar | Almocovar | Almocave – Cemitério mourisco.
Almocadém – Comandante, chefe. Caudel de peões ou capitão de infanteria.
Posto militar dos primeiros tempos da nossa monarquia, porém mais usado na África portuguesa. A palavra árabe, almocaddem, significa guia ou diretor de tropas na sua marcha, indo na frente delas. É derivado do verbo cadema, adiantar-se, guiar, passar adiante. Depois lhe deu Portugal o nome de fronteiro e em Castela o de adelantado (adiantado) (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Primeiro, pág. 151)
Almocreve – Indivíduo que transporta em animal de carga; recoveiro.
Almofreixar – Emalar em almofreixe.
Almofreixe – Mala grande para colchões e cama de jornada.
Almogavar – Fazer contínuas correrias contra os mouros (soldados almogávares).
Almogavaria – Expedição militar, correria, entrada repentina nas terras do inimigo, talando os campos, cativando gente e roubando tudo que pode ser útil aos que mandam fazer estas irrupções.
Almograve – Do árabe al mugawir, 'o que faz incursões', através do português arcaico almogávar. (mercenários)
Almotaçaria – Cargo de almotacé ou tribunal por ele presidido; fixação de preço feita por almotacé; taxa.
AlmotacéAntiquado: antigo inspetor camarário de pesos e medidas que fixava o preço dos géneros.
Almotacel – Juiz eleito pela Câmara, que tem inspeção sobre pesos, medidas, preços dos víveres, limpeza da Cidade e outros objetos de Polícia.
Almoxarife – Administrador ou feitor de propriedades da casa real; tesoureiro da casa real; cobrador de portagem; funcionário responsável pelo depósito e distribuição de materiais e matérias-primas; fiel de armazém.
Almoxarife – é a palavra árabe almoxarraf, significa eminente, condecorado, honrado, constituído em dignidade, etc. Deriva-se do verbo xarrafa, estar algo, ser honrado, ter alguma dignidade, etc. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Primeiro, pág. 157)
Almuadem – Muçulmano que, da torre da mesquita, chama os fiéis à oração; muezim: Do árabe al-muadhan, «idem»
Almude – Medida de capacidade para líquidos, de 12 canadas ou 48 quartilhos. (corresponde a 25 litros no sistema métrico nacional)
Almuinha | Almoinha – Pequena propriedade rústica; horta murada; propriedade suburbana.
Alodial | AllodialBens allodiaes; livres de encargos; os que a mulher casada possui sem o encargo de serem de meação dotal. Livre de encargos ou direitos senhoriais. Diz-se da propriedade isenta de encargos, vínculos, foros, pensões e ónus, e de que se pode dispor livremente. (De allódio) (alódio+al)
Alqueve | Alqueive – Terra lavrada e que se deixou em pousio.
Alquiar | Aquilar – Alugar.
Alquicé | Alquicer – (do árabe quicel) Uma sorte de capa Mourisca de ordinário branca, de lã. Enxerga ou pequeno enxergão Mourisco.
Alquilador – Aquele que alquila (aluga, especialmente) bestas de carga.
Alrotar – Pedir esmola com grandes vozes de piedade e compaixão, com clamores e alaridos ou ainda cantando ao som de vários instrumentos.
Aluz – Peles mais finas e pintadas de que se fazia grande uso nos frontais, casulas e palas dos altares; tecido felpudo para vestuário ou ornato, aluziar.
Alvazil | Alvazir | Alvasir | Alvasil | Alvacir | Alvacil – Palavra que entre os árabes significa o ministro de estado, o conselheiro do Príncipe e que está ao seu lado, ou aquele que conseguiu alguma graça ou mercê. Juiz ordinário e que decidia as causas na primeira instância, admitindo apelação e agravo nos casos em que a lei o permitia. (ver Aguazil)
Alvite – Homem justo, beato, entre os mouros.
Amádigo | Páramo | Paranho – Lugar; povo; casal ou herdade, que lograva os privilégios de Honra, por nele se haver criado, ao peito dalguma mulher casada, o filho legítimo de um Rico-homem ou Fidalgo honrado. Era este um dos grandes abusos que os fidalgos cometiam e se opunha aos interesses da real fazenda. Queria um lavrador libertar o seu casal ou herdade: pedia a um fidalgo, senhor da Honra mais vizinha, lhe desse um filho a criar a sua mulher; criava-o ela em sua casa, e, por ser ama de leite deste tal filho, amparavam os pais dele aquele casal e o honravam; e não só a casa do lavrador, mas todo o lugar e vizinhança onde o lavrador morava, ficava honrado, livre e isento de imposições e tributos. Estes Amádigos ou lugares privilegiados, em atenção às amas que criavam os filhos legítimos dos grandes, foram deitados em devassa e abolidos por El-Rei D. Dinis no ano de 1290.
Amantelar – Fortificar; cercar de muralhas. Daqui vem desmantelar: demolir (paredes, muralhas); desmanchar; desconjuntar; abater; arrasar.
Amazelar-se – Lastimar-se; cobrir-se de mazelas.
Ambude | Embude – Ferrolho; funil.
Âmbula – Pequeno vaso, de vidro ou metal, de gargalo estreito e bojo largo, em que se guardam os santos óleos.
Amenta – Ação de amentar; reza pelos defuntos; quantia paga aos padres pelas rezas em dia de finados.
Amerger – Abaixar; abater-se; mergulhar; afundar; sepultar ou sufocar nas águas; humilhar.
Ametade – Metade; meia parte.
Amoorar | Amorar – Esconder; reter; guardar. Ocultar, talvez dolosamente, por evitar execução da justiça.
Amorado – Escondido; ausente; posto a monte; retirado por causa de crime.
Amorar-se – Ausentar-se; esconder-se.
Amotar - Guarnecer de motas; rodear de amotas; encostar terra ao pé de uma planta. Fazer motas, valas ou tapumes, para resguardo de qualquer fazenda.
Amouco – Na Índia, individuo que jura morrer pelo seu chefe; aquele que incondicionalmente defende e lisonjeia os seus superiores; individuo que defende cegamente as suas opiniões.
Anadel | Annadem | Anhadel | Anadar – Maioral, chefe, capitão dos besteiros e outra gente de guerra. Havia também o anadel-mor: a este pertencia o alistamento dos besteiros do conto (do número que em cada terra havia de haver sem falta), e dos galeotes e homens do mar.
Annadel – Anadel-mor, lugar do exército português, criado no reinado de D. Fernando I. Houve várias diferenças de anadéis-mores, a saber: dos besteiros do conto e do monte, ou de fraldilha; dos besteiros da câmara; dos besteiros de cavalo; e dos espingardeiros. Também houve alguns anadéis-mores de todo o reino. (…) Eram sempre fidalgos que desempenhavam aqueles lugares, que se foram, pouco a pouco, suprimindo, até que se extinguiram em 21 de março de 1500, por ordem de D. Manuel I. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Primeiro, pág. 219)
Anafil – Trombeta mourisca direita, como charamela. Plural: anafis.
Anafil – Instrumento músico (militar) de que os árabes, e às vezes os portugueses, usavam na guerra. Aqueles lhe chamavam Annafir. É uma espécie de trombeta, do feitio do oboé. Deriva-se do verbo nafara, que significa fugir, aterrar-se, etc., mas na segunda conjugação quer dizer, incitar para a fugida (tocar a retirar), anunciar a vitória, dar coragem. Também tocava a ir sobre o inimigo (avançar) (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Primeiro, pág. 203)
Anassal – Parte do antigo capelo de ferro.
Anata – Renda anual paga à autoridade eclesiástica pelos novos titulares de benefícios.
Ancho – Largo; por inchado de saber é mais usual; grande de membros.
Andas – Espécie de leito portátil, ou cadeira de braços.
Anfictionia – Confederação de anfictiónides; assembleia de anfictiões; direito que tinham as cidades gregas de se fazerem representar nessa assembleia. Do grego amphiktyonía, «confederação»
Angustura – Angústia.
Anojar – Causar nojo a; enjoar; desgostar; enlutar; enfadar-se; desgostar-se.
Anspeçada – Antigo posto militar, o primeiro acima de soldado, e substituto, talvez, do cabo de esquadra na rendição das sentinelas.
Anta – Monumento megalítico formado uma grande pedra horizontal sobre outras mais pequenas e verticais; dólmen.
Antonomásia - Substituição de um nome próprio por nome comum ou perífrase, ou vice-versa. Sobrenome; alcunha.
Antrepoimento – Interposição, tempo, ou causa que se mete de permeio.
Anúduva – O mesmo que adua. Imposto pessoal para as fortificações e seus reparos; trabalho comum forçado.
Apalancar – Atalhar algum sítio, rodeá-lo de palanques; atalhar com travessas.
Apar – Junto; perto; em comparação.
Apassionado – Apaixonado.
Apavesado | Empavezado – Coberto com pavês (escudo que cobria quase todo o corpo).
Apenhamento – Obrigação rigorosa de satisfazer alguma dívida.
Apenhar – Empenhar.
Apinhoar – Ajuntar muitas coisas.
Apodar – Estimar.
Aposentador-mor – Só se sabe com certeza deste emprego em Portugal, desde o tempo de D. João I, sendo ainda mestre d’Avis, e pouco mais de um ano depois da morte de D. Fernando I (1383). É, porém, provável que já existisse no antecedente reinado. A obrigação principal do aposentador-mor consistia em prevenir o alojamento do rei nas jornadas e resolver as dúvidas que se oferecessem sobre a aposentadoria dos infantes e das outras pessoas que seguiam a corte; quer em tempo de paz, quer no de guerra. Parece que no princípio se lhe dava o nome de pousador-mor. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Primeiro, pág. 223)
Apostamento – Concerto; ornato; apostura.
Apostasia – Mudança de religião, abjuração. Ato de abandonar um partido ou opinião.
Apotegma | Apophtegma – Dito notável, breve e sentencioso, de pessoa célebre. Qualquer dito sentencioso. História breve, com intuito moral, atribuída a uma personalidade notável e rematada por um dito sentencioso, que se reproduz em discurso direto. (do grego apóphthegma, -atos, «sentença»)
Apremar – Obrigar; constranger; apertar com alguém; o mesmo que oprimir.
Apréstamo – Consignação de frutos imposta nalguma herdade sujeita a esse ónus. O mesmo que préstimo; prestimónio. Propriedade sujeita a esse imposto.
Aprestimo | Prestimónio – Pensão tirada para sempre das rendas de benefício; para educandos eclesiásticos, que se habilitam para servir a igreja, os soldados que militam contra infiéis.
Aprouguer | Prouguer – Ter por bem; ser contente; agradar-se de alguma coisa.
AprouvePret. antiq. De aprazer; agradar.
Aprouver – Futuro conjuntivo de agradar.
Apuridar-se – Falar-se em segredo; segredar.
Aquadrilhar – Arrolar.
Aquaecer – Acontecer; caber em quinhão. (aquaeceu-lhe tanto da herança)
Aquecimento – Fortuna; acontecimento.
Aquelo – Atino; arranjo; preferência; aquilo.
Aquesse – Esse; a que esse.
Aquesta – Acontecimento; caso; esta; a que esta.
Aqueste – Este; a que este. Este próximo.
Aquesto | Aquisto – A que isto; isto.
Aquila | Aguila – Lenho aromático da Ásia que é o samo, ou branco do aloé.
Aquilão | Aguião – Vento do Norte.
Aquilar | Alquiar – Alugar.
Aquilégio – Indivíduo que, entre os Romanos, descobria nascentes de água ou tinha a seu cargo a fiscalização das fontes. Canal ou reservatório de água.
Aramá | Eramá – Em má hora; hora má.
Arbim – Tecido grosseiro que se trazia por luto.
Arção – Parte posterior ou anterior da sela. Do francês arçon, «arção; arco».
Arcebispo – Prelado hierarquicamente superior ao bispo, que dirige uma província eclesiástica, na qual se englobam dioceses subordinadas ou sufragâneas.
Arcediago – Dignidade eclesiástica, cujo ofício era governar os diáconos. Dignatário do cabido. O primeiro entre os diáconos.
Arcipreste - Sacerdote com determinada jurisdição sobre os outros sacerdotes; vigário da vara. O primeiro entre os presbíteros. Dignatário de um cabido.
Ardido – Corajoso; ousado; atrevido; desenvolto em combater.
Ardileza – Valentia; esperteza; intrepidez; fogosidade.
Arel – Piloto da barra, que mete dentro os navios e os deita fora (Índia).
Arelhana – Cinturão asiático, em que se leva dinheiro ou se penduram adagas.
Arequeira – (Areca catechu) palmeira com flores brancas e aromáticas, folhas com efeitos antissépticos e frutos vermelhos ou alaranjados, comestíveis, cuja semente (conhecida como noz-de-areca ou avelã da índia) tem usos medicinais, sendo usada na preparação de bétele. O mesmo que areca. Antiga unidade monetária nas comunidades de Goa.
Argaans – Alforges; trouxas; taleigos; mochilas.
Argão | Argau – Roupão de luto; espécie de garnacha (vestimenta talar dos sacerdotes e magistrados) que os eclesiásticos regulares usavam no inverno sobre o hábito. Argão é também uma espécie de alforge.
Aríete – Máquina bélica antiga, feita com uma grande trave, com uma extremidade feita de cabeça de carneiro; com ela se combatiam as portas, muralhas, dando-lhes vaivéns.
Arnês – Antiga armadura completa de um guerreiro. Armadura de ferro de todo o corpo; talvez a cobre só o tronco.
Aro – Arco; circunferência; contiguidade; vizinhança; termo de uma cidade, vila ou terra grande, que ordinariamente fica no centro do dito arco.
Arpéo – Pequeno arpão; fisga; fateixa. Gancho de ferro com que os navios se aferram nos combates navais.
Arquelha – Pavilhão da cama; mosquiteiro; sobrecéu.
Arquico – Porto na vizinhança de Maçuá (Massawa, Eritreia) Arkiko; Hargigo. 15°32'07"N 39°27'08"E
Arquitrave – Parte inferior do entablamento, entre o friso do mesmo e o capitel da coluna, numa ordem arquitetónica.
Arramadas – Dispersas.
Arrás – Tapeçaria antiga para ornar paredes de salas ou galerias.
Arras | Arrhas – Certa quantia que o marido oferece à mulher para seu sustento, se ela lhe sobreviver; sinal e penhor de cumprir contrato; dar arras a alguém, ser-lhe superior, ter-lhe vantagem; compra do corpo; penhor; bens dotais que o noivo assegura por contrato à esposa.
Arratado | Arratadura | Arratar – Reatado, reatadura, reatar. Termo náutico. O mesmo que arrastamento.
Arrátel – Antiga unidade de medida de peso correspondente a 459 gramas.
Arrebatinha – Ato de arrebatar; deitou dinheiro a arrebatinhas; em arrebatinha: a quem mais apanhar.
Arreveses – Por turno; alternadamente.
Arrife - Arrecife; recife.
Arrotéa | Arroteia – Terra desbravada recentemente que começa a ser cultivada.
Arrotear – Desbravar (a terra) para ser cultivada; decruar; surribar. Lavrar para o primeiro cultivo; cultivar pela primeira vez. Figurado: dar educação; instruir.
Arteirice – Manha; astúcia; ardil (de arteiro).
Arteiro – Que sabe artes de viver; manhoso; sagaz; astuto.
Asceta – Pessoa que procura atingir o aperfeiçoamento espiritual através de uma prática de renúncia; que leva uma vida austera.
Ascuma | Ascunha – Arma antiga; pequena lança para arremesso.
Asinha – Depressa; cedo; em breve tempo.
AsnaHeráldica; ângulo formado por duas barras que se afastam inferiormente. Peça de madeira que forma um ângulo, em cuja ponta assenta a viga mestra ou pau de fileira.
Aspa – Antigo instrumento de tortura constituído por dois pedaços de madeira cruzados em forma de X, aos quais se prendiam os supliciados. Figura formada por duas hastes ou dois traços atravessados diagonalmente um sobre o outro; cruz em forma de X; cruz de S. André; santor. Heráldica: insígnia em forma de X.
Assás (assaz) – Em grau elevado, muito; suficientemente, bastante.
Assessegamento – Quietação, tranquilidade, sossego, descanso.
Assessegar – Assossegar; sossegar.
Assomados – Prontos.
Assuada – Bando de gente armada para provocar desordem. Motim; algazarra; barulho; zombaria; apupada.
Assumpto – Elevado; transportado; arrebatado; assumido.
Aste – Haste; hasteado.
Astil | Hastil – Medida de 25 palmos de largo. Segundo outros esta medida correspondia à aquilhada, e orçava por 5,5 metros. (hastil de haste)
Astrolomia – Astronomia.
Astroso | Estroso – Infeliz, desgraçado, e que nasceu em má estrela; usado; mofino; funesto; fúnebre; idiota; lunático.
Atafona – Moinho de cereais movido por força animal; designação extensiva a outros tipos de moinhos, movidos a água ou manualmente.
Atambor – O mesmo que tambor.
AtamorraMatmorra – Cova ou silo; espécie de celeiro subterrâneo, de que usavam os celtas e antigos lusitanos. O mesmo que masmorra ou matamorra.
Atender – Esperar, aguardar.
Atopir | Atupir – Entupir; atupir o caminho: atalhar; atupir a cava.
Atra(o) – Negro; escuro; funesto; lúgubre. Do latim atru-, «negro»
Aução | Auçam – Ação; ordem.
Augoa | Augoeir – Água; agueiro.
Augouas – Águas de regar.
Áulico – Homem da corte; cortesão; palaciano.
Austinente – Abstinente, abstinência.
Austro – Sul; vento do sul.
Avantajem – Vantagem; adiantamento; excesso.
Avesado | Vezado – Acostumado; habituado; cada uma das vezes que se pratica ou sucede qualquer coisa.
Avesar – Produzir em vezo; acostumar; adquirir vezo; acostumar-se.
Avindor | Avindeiro – Ofício criado por D. Manuel I, homens que tratavam o ofício de compor desavenças, questões, demandas. Que ou aquele que harmoniza desavindos; mediador. Espécie de julgado de paz.
Avir – Ajustar; acordar em; combinar; combinar-se; entender-se; acomodar-se; pôr-se de acordo; estar conforme; conformar-se com alguém.
Avivadamente – Com viveza; energia; diligência.
Avoenga – O direito de avós a descendentes. Série de pessoas de quem se descende; ascendência. Herança deixada por avós. Parte da herança de um avô que cabe a cada neto. Prosápia; estirpe; linhagem.
Avolvimento – Alvoroto; revolta; gritaria; bulha; turbação.
Avondamento – Abundância; abastança; cumprimento; fartura.
Axorar – Lançar fora, fazer despejar algum posto; fazer despejar a nau, em guerra, dos inimigos.
Az – Fileira, bem ordenada. (gente posta em...)
Azagaia – Lança curta arrojadiça, ferrada com ossos d'animais ou puas, que usam os Cafres e outros Bárbaros. São feitas de uma espécie de palmeira, zaga.
Azaqui – Tributo que pagavam os mouros e que consistia na décima parte dos frutos da terra.
Azeirar – Forçar de aço; temperar ou dar têmpera de aço ao ferro; endurecer como aço.
Azêmala | Azémela | Azémola – Animal de carga; cavalgadura velha e magra; (figurado) pessoa estúpida. Do árabe az-zámilâ, «idem»
Azemel | Almocreve – Condutor de azémolas, almocreve. Do árabe az-zammal, «o que impele».
Azes – Corpos (alas) de um exército bem ordenado.
Azo – Ocasião, motivo, tentação, jeito para fazer algo.
Azorrague – Açoute de uma ou várias correias entrançadas, atadas a um pau; chicote; zourrague.
Azougue – Designação vulgar do mercúrio; semimetal branco como a prata derretida, que se junta sempre em pequenos globos; pessoa esperta e finória; esperteza; finura. Do árabe az-zâuq, «mercúrio».
Azuago – Povo antigo de Marrocos que se bateu com os Portugueses em Alcácer-Quibir. Hoje Zuavos.

B

Babeira – A peça do elmo que cobria a cara. Peça da armadura antiga que resguardava a boca, barba e queixadas, que cobria a cara do nariz para baixo.
Bacamarte – Antiga arma de fogo individual de cano curto e calibre grosso, de escorva inflamada por pederneira e de carregar pela boca, sendo este geralmente em forma de sino.
Bacante – Sacerdotisa de Baco; mulher que participava nas festas em honra de Baco. Figurado: mulher libertina.
Bacinete | camal – Morrião; chapéu de ferro ou aço p/defender a cabeça.
Baço – De cor morena amarelada.
Badulaque | Bazulaque – Chanfana, guisado de fígados e bofes. Miudezas. Homem gordo e baixo. Coisas miúdas, trastes de pouco valor. (Brasil: doce de coco e mel)
Português antigo; espécie de sopa feita dos pés e entranhas de rezes. Era muito usado pelos castelhanos e também em algumas partes de Portugal. Fazia engordar, e por isso, quando se via um homem muito gordo, dizia-se: – aquele come badulaque. Depois, por abreviatura, chamavam-lhe badulaque. Daqui se deriva chamarmos bazulaque a quem é gordo, e sobretudo a quem tem grande abdómen. (Pinho Leal – Portugal Antigo e Moderno, Volume Primeiro, pág. 307)
Bádur – Chefe indígena dalgum distrito dependente do Estado da Índia Portuguesa.
Bafordar – Pelejar de cavalo quebrando lanças e fingindo pelejas, para divertir e alegrar o público.
Bagançal – Armazém de fazendas.
Bahar – Peso da Índia Portuguesa: (Barros diz que é igual a 4 quintais; Damião de Góis que é igual a três quintais, três arrobas e dezoito arráteis portugueses.)
BailéuNáutica: pavimento suplementar ou meio pavimento montado entre cobertas ou a meia altura do porão de um navio, destinado a arrumações. Do malaio bailai, «estrado alto».
Bailheiro – Navio leve, boiante, que se leva bem.
Bailia – Comenda grande e principal. Comenda de bailio.
Bailio | Balio – Magistrado a quem os nobres de uma província confiavam a defesa de seus bens; balio. Comendador nas antigas Ordens.
Significa senhor, príncipe, herói, nobre. É a palavra árabe Valio ou Wali. Deriva-se do verbo valla, constituir alguém em dignidade, principado ou senhorio. (Pinho Leal – Portugal Antigo e Moderno, Volume Primeiro, pág. 314)
Baixel – Embarcação; pequeno navio.
Bajanca | Bayanca – Quebrada de terra, barranco.
(Português antigo) barranco, cova, quebrada com mais ou menos água. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Primeiro, pág. 310)
Balagate – Reino da Ásia na península do Indo, aquém do Ganges. É parte do reino do Decan. Tem uma cidade muito mercantil chamada Doltabad. (suplemento do Portuguez e latino)
Balão – Embarcação como bergantim, mui remeira, alguns têm tombadilho.
Baldão – Reproche; opróbrio; impropério; palavra afrontosa; doesto; ofensa; vadio; mandrião; contrariedade; desventura.
Baldaquim | BaldaquinoEspécie de dossel, sustentado por colunas. Pálio. Obra arquitetónica, semelhante a uma coroa sustentada por colunas.
Balista – Máquina de guerra com que se arremessavam pedras, frechas, etc.
Balravento – Barlavento.
Balson | balsam – Estandarte; bandeira; pendão.
Baluarte – Elemento de defesa situado nos ângulos de uma fortificação, avançado em relação a ela e destinado a protegê-la; bastião. Local completamente seguro; fortaleza inexpugnável.
Baluga – O mesmo que borzeguim.
Bandeira – Fig. Por companhia. Levantar bandeira no muro; vencer, conseguir seu intento, como quem vai escalar praça murada. Salvo quando lhe levantardes a bandeira do muro.
Bandel – Bairro destinado a habitação de estrangeiros. (do guzarate bandar).
Bando – Fação.
Baneane | Baniano – Seita indiana. Negociantes indianos que traficam, principalmente, na África oriental.
Banzear | Vanzear – Mover-se o mar vagarosamente em grandes massas; quando está vanzeiro ou banzeiro.
Baraza – Antiga braça; medida de dez palmos.
Barbacã – Muro anterior a outro, usado para defesa de praças; antemuro.
Barbete | Barbeta – Plataforma, donde a artilharia dispara por cima do parapeito.
Barbote – Peça que nas antigas armaduras encobria a barba do guerreiro.
Barbuda – Antiga moeda portuguesa de prata. Espécie de capacete antigo. (do latim barbuta)
BarchoteLenhatos, barchotes carregados de mantimentos; o mesmo que barcote.
Barga – Espécie de rede de emalhar; palhoça; cabana.
Pequena casa coberta de palha, cardena, palhoça. Também é rede de pescar (barga ou varga) e daqui bargueiros os que a fazem ou a usam. Origem do apelido Vargas. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, pág. 335, Primeiro Volume)
Barnagais – Antigo governador ou fronteiro de província litoral, na Abissínia.
Barranco – Sulco cavado pelas enxurradas ou outra causa; escavação natural; ravina; precipício; obstáculo.
Barregã – Pessoa que mantém uma relação amorosa com outra com a qual não é casada; amante, concubina, amásia.
Barrejar – Invadir; assaltar.
Basilisco – Antiga peça d'artilharia que consistia num canhão para balas de ferro.
Bastarda – Parece ter sido um dos sistemas de equitação, talvez o da estardiota.
Bastiães | Bastiaens | Bastiaaens – Certos lavores de figuras levantadas em prata ou outros materiais; trabalhos em relevo.
Bastida – Trincheira de paus, mui unidos e aconchegados; cerca d'árvores para atalhar que se chegue a alguma parte; antiga máquina de guerra, muito alta, sobre rodas.
Bastilha – Fortaleza avançada, que na idade média, era construída em certas cidades.
Bastilhão – Bastião; baluarte.
Batel – Embarcação pequena em que se vai a bordo dos navios que não estão abalroados c’o a terra. Barco pequeno; bote; canoa. Do francês antigo batel, moderno bateau, diminutivo do anglo-saxão bât, «bote».
Baxá – O mesmo que paxá.
Bazaruco – Moeda Índica de cobre ou calaim, quinze delas valem vinte reis.
Beatria | Beetria | Behetria – Na alta Idade Média, povoação rural que tinha o direito de escolher livremente os senhores que mais lhe conviessem para sua defesa e bem-estar. Cidade, vila ou povoação, que tinha o direito de eleger por seus regedores e senhores, ou livremente a qualquer pessoa, ainda que estrangeira e de qualquer linhagem, e se dizia behetria de mar a mar; ou escolhendo-os dentro de uma certa, ou certas famílias, e estas eram behetrias d’entre parentes.
Pinho Leal, em Portugal Antigo e Moderno, Volume Primeiro, pág. 357, diz: “Chamava-se antigamente behetria aos bens de raiz que qualquer possuía por herança e onde vivia sem ter senhorio.
Beleguim | Belleguim – Agarrador que ajuda o alcaide em prisões. Antigo empregado judicial que citava, prendia, etc. Hoje designação depreciativa dos oficiais de diligências, agentes policiais, etc.
Belfurinheiro | Bufarinheiro – Vendedor ambulante de bufarinhas. (cosméticos de pouco valor; bugigangas; quinquilharias).
Bem escançado – Bem-sucedido.
Bendara – Regedor de cidade (Samatra-Malásia).
Beneficiado – Aquele que tem benefício eclesiástico.
Benjoim – Espécie de resina de perfume agradável produzida pelo benjoeiro, utilizada em perfumaria e farmácia, e também designada, beijoim. Do árabe lubān jāuī, «incenso; resina javanesa».
Berço – Peça d'artilharia curta, antiga.
Bergantim – Embarcação subtil, de baixo bordo e ligeira, anda à vela e a remo.
Berlinda | Berlina - Pequeno coche de 4 rodas, com 2 assentos, suspenso entre dois varais.
Bérneo – Antigo pano que vinha da Irlanda. Antiga capa grosseira e comprida.
Besante – Antiga moeda bizantina de ouro. Heráldica: peça circular, de ouro ou prata, sem marca, figurada no brasão de armas. Ornato arquitetónico característico do estilo românico.
Besteiro – Soldado armado de besta e que com ela peleja. Fabricante de bestas. (do latim ballistarius).
Besteiro do conto – Disseram-se assim por serem do número que em cada cidade, terra, vila ou concelho, havia de haver.
Beta – Corda de rebocar; sirga.
Bétele – BOTÂNICA: planta aromática, da família das Piperáceas, cujas folhas são muito empregadas, na Índia e na Malásia, em mistura mastigatória; a semente de algumas palmeiras utilizada na mistura referida anteriormente; aquela mistura mastigatória. Do malaiala vettila, «idem».
Betesga | Bitesga – Rua estreita; beco sem saída; loja muito pequena de uma só porta; tasca; cubículo.
Bicha – Antigo corpo de tropa. Na fortificação marítima, bichas são esplanadas feitas em grandes barcaças rasas.
Biga – Carro romano puxado por dois cavalos.
Bitafe – Pecha; mania; excentricidade – título; rótulo ou inscrição.
Bitalha | Vitualha – Mantimentos; víveres; munições de boca; aguadas; refrescos (vitualhas).
Blandícia – Brandura; afago; carícia. (do latim blanditia).
Blasão – Brasão.
Bocaxim – Tela encerada para entretelar vestidos.
Bodoque – Arco com duas cordas e uma rede no meio, na qual se põe a bala ou pelouro de barro, com que se atira. Bola de barro que se atirava com a besta.
Boêta – Boceta; cápsula; arquinha; cofre.
Bofete – Espécie de banca lavrada, de melhor pau que o ordinário e com mais curiosidade.
Bogio | Bugio – Espécie de macaco.
BoizBuiz | Abuiz – Armadilha de caçar coelhos e aves.
Boleto – Boletim; bilhete militar pelo qual se manda aos paisanos que deem aposentadoria aos soldados, onde não há quarteis.
Boliço – Rebuliço; alteração da paz; movimento; azáfama.
Bolir – Mover; agitar; pôr em movimento; entender com alguém, inquietando-o; tocar em alguma coisa. O mesmo que bulir.
Bolónio – Que ou aquele que é simplório; ingénuo. Do castelhano bolonio, «estudante graduado do Colégio Espanhol de Bolonha».
Bombarda – Antiga máquina de guerra para arremessar pedras. Antiga peça de artilharia com que se arremessavam grandes balas de pedra. Dizia-se da pedra arremessada por peça de artilharia. Canhão grosso e curto, de grande alma. Antiga barcaça chata, que transportava obuses e morteiros. Charamela antiga. (do latim bombus)
Borguinhota – Antigo capacete sem viseira. Arma defensiva semelhante a capacete, usada entre os séculos XV e XVII. Carapuça antiga. (do francês bourguignote)
BoroaPor meia boroa: por meio do canal.
BorzeguimAntiquado: calçado até ao meio da perna, com atacadores ou botões.
Bosco – Bosque.
Bosina – Espécie de trombeta curva, de corno, metal ou marfim. A bosina náutica tem bocal, é de lata, como o clarim; tem a boca inferior divergente.
Bote – Pequena embarcação a remos; escaler; golpe de lança ou espada atirado de ponta para diante; golpe com arma branca; cutilada; censura; sucesso desastroso.
Braça – Medida longa de 7 pés e 10 palmos de craveira. Na marinha tem a braça 8 pés craveiros.
Braçal – Armadura com que se defendiam os braços.
Bracamarte – Espada curta e larga, usada antigamente.
Brafoneira – Parte das armaduras antigas, para proteger a parte superior dos braços e ombros.
Braga – Argola de ferro que cingia a parte inferior da perna dos condenados a trabalhos forçados, e que se ligava a uma corrente. Muro que servia de tranqueira nas antigas fortificações. Cabo do navio com que se alam caixas, pipas e outras coisas pesadas.
Bragal | Bragel – Pano de linho grosso atravessado com muitos cordões, com que se faziam as bragas. Preço de uma porção de bragal, que era tomado como unidade em certas transações; o bragal constava de oito varas, pela medida antiga e de sete pela nova.
Brâmane – Membro da casta sacerdotal, a primeira das 4 grandes castas tradicionais da Índia. Do sânscrito bráhmana, «idem».
Brancagem – Antigo imposto sobre a carne e o pão, que se vendiam.
Brandão – Vela grande de cera; tocha.
Breve – Escrito pontifício de caracter privado, sobre matérias menos importantes do que as de uma bula.
BricaHeráldica – Pequeno espaço, nos brasões, para distinguir a linhagem dos filhos segundos.
Briche – Pano felpudo e grosso de lã de cor castanho-escura.
Brigue – Embarcação de dois mastros, o maior dois quais se inclina para a popa. Embarcação veleira de dois mastros com velas redondas. (Do inglês brig)
Britar – Reduzir a bocadinhos; reduzir a fragmentos; tritura; reduzir a nada. (do suevo briutan, «quebrar»)
Bronço – Bronze.
Broquel – Escudo pequeno. Figurado: proteção; defesa. Do francês antigo bocler ou boucler, moderno bouclier, «escudo para defesa».
Broslar | Brolar – Bordar.
Brulote – Barco carregado de matérias explosivas, destinadas a provocar incêndio nos navios inimigos.
Bucelário – Homem que, nos tempos dos Godos, estava adido a uma família poderosa em troca de alguns serviços. Do latim buccellarĭu-, «soldado particular».
Bufúrdio – Justa singular em que dois cavaleiros combatiam em vez dos seus exércitos; torneio. (do latim medieval bufurdĭu-, «idem»)
Bulhão – Punhal antigo; medalhão de oiro ou prata; dado a bulhas; bulhento; desordeiro.

C

Ca – Que; porque.
CabdelCaudel; Nobiliário; Caudilho; chefe de tropa de terra ou de armada; o Cabdel das Armadas chamava-se Almirante. Os Imperadores e os Reis que haviam guerra por mar, quando armavam naus para guerrearem seus inimigos, punham cabdeles sobre elas, a que chamavam em esse tempo Almirante.
Cabeção – Direito de cabeça, capitação, ou o que paga cada pai de família.
Cabedelo – Pequena elevação de areia, na foz de um rio, formada poe acumulação de sedimentos fluviais e marinhos.
Cabido – Conjunto, corporação, dos cónegos de uma Catedral. Assembleia celebrada por uma Ordem religiosa. Alpendre anexo a uma igreja.
Cabotagem – NÁUTICA: navegação marítima entre portos da mesma costa ou costas vizinhas; NÁUTICA: navegação costeira. Do francês cabotage, «idem».
Cabre | Calabre – Corda grossa para amarrar navios.
Cábrea – Cabo grosso para amarrar navios; guindaste. O mesmo que cabre.
Cabrestante – Sarilho (máquina) de eixo vertical para levantar a âncora e outros corpos pesados. Do provençal cabestran, «utensílio para enrolar cabos», com «metátese».
Cachopo – Baixio ou escolho à flor da água que põe em risco a navegação; obstáculo perigoso. Cachopos no mar: penedos à flor da água onde as ondas rebentam.
Caçote – Vestido militar, ou saio antigo, de pano grosso, que levavam à guerra os que não tinham armas de ferro.
Cadafacens – Cadafalso; patíbulo.
Caderna | QuadernaHeráldica: objeto composto de quatro peças em quadrado, de ordinário em forma de crescentes. A face do dado que apresenta quatro pontos. Pl. Os quatro pontos de uma face dos dados. (Do latim quaternus, grupo de quatro coisas). Sinónimo: quadra, quatro.
Cádi – Magistrado que, entre os muçulmanos, acumula funções judiciais e religiosas.
Çafáro – Aquele natural montezinho; nem os lavradores e criados no campo, são tão rudes e çáfaros como entre nós. Era uma cidade remota e safara da jurisdição Eclesiástica.
Cafre – Relativo aos Cafres; relativo à Cafraria; pessoa de pele negra, originária e habitante da Cafraria; pessoa pertencente aos Cafres; pessoa perversa, bárbara, ignorante ou sovina; língua falada pelos Cafres. Do árabe kāfr, «infiel».
Caimão | Caimal – Título dos senhores e príncipes do Malabar.
Caimbo – Comutação; escambo; troca; cãibos.
Caíque | Cahique - Pequena embarcação de dois mastros, com velas triangulares; barco costeiro de pesca; pequeno barco a remos para transporte de uma para outra margem.
Cairo – Filamentos de noz de coco, resistentes, próprios para cordas.
Cajão (cajom) – Caso, motivo, ocasião, acontecimento, sucesso - queda, perda, ruína - desastre, infelicidade, desgraça, infortúnio - injúria, afronta, insulto, ignomínia, opróbrio, ludibrio, vitupério, dano.
Calabre | Cabre – Corda grossa para amarrar navios.
CalaimArcaico tipo de estanho fino, usado no Oriente para fabrico de objetos diversos; calim. Antiga moeda portuguesa feita com esse material. Do árabe qal'aī, provavelmente derivado de Qalah, topónimo, localidade na costa de Malaca.
Calaluz – Embarcação de remos semelhante à fusta (Ásia).
Calamute – Antiga embarcação indiana.
Calatrava – Antiga ordem militar e religiosa de Castela.
Caleça | Caleche | Sege – Antiga carruagem de 4 rodas e 2 assentos, aberta por deante, própria para jornada.
Çalema | Zumbáia | Zumbáya – Cortesia profunda cos braços cruzados: çalema ou çumbaia (entre os Malaios), a qual cortesia é baixar a cabeça até aos joelhos e a mão direita no chão, e isto três vezes, antes que cheguem ao senhor, e chegados a ele, metem-lhe a cabeça entre as mãos, em sinal de que lha oferecem.
Calheta – Pequena enseada; angra.
Cális | Cálix | Cales – Cálice (plural: calizes) cálices.
Calvete – Espeto de pau em que, por castigo, se enfia o criminoso.
Camafeu – Pedra fina em que se lavra uma imagem, com que se selam as cartas e escrituras. Selo dos reis de Portugal. Efígie dos reis nas moedas.
Camal | Bacinete – Morrião; chapéu de ferro ou aço p/defender a cabeça. Peça do elmo, ou bacinete, que cobria o pescoço.
Camândulas | Camáldulas – Rosário de contas grossas.
Camanho – Quão grande; tanto; tamanho.
Camaranchão – Obra avançada das fortificações antigas, torreão em forma de cubo; espécie de cubelo.
Camaras – Curso, evacuação do ventre.
Cambador – Cambiador.
Cambolim – Estofo de lã como burel da Pérsia, dele se fazem capas aguadeiras, que têm o mesmo nome.
Canada – Antiga medida portuguesa, igual a 4 quartilhos (2 litros). Azinhaga. Atalho. Fila de estacas através de rio, para indicar o vau. Sulco, formado pelo rodar dos veículos. Depressão de terreno ondulado, olga, valeiro.
Canarim – Pessoa natural da antiga Índia portuguesa.
Canas (jogo) – No jogo das canas; os cavaleiros emparelhados formam e fecham suas voltas, acometendo e fugindo com destreza; escaramuça; jogo em que se parodiavam os torneios, servindo-se de canas os jogadores.
Cancelário | Cancellario – Antiga dignidade da Universidade de Coimbra equivalente à do atual reitor.
Canon – Regra moral e por excelência das que a igreja prescreve nos Concílios.
Canotilho – Fio de prata feito em canudinho envolvendo-se em espiral.
Canté – Português antiquíssimo, muito usado nas províncias do norte, sobretudo na Terra da Feira, Porto e seus arredores. É a palavra mais elástica da língua portuguesa. Significa: está visto, pois sim, quem dera; não admira, era d’esperar, pois que, e muitas outras coisas. Desconhece-se a etimologia de tal palavra. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Segundo Volume, pág. 96)
Cantochão – Uma das formas antigas do canto litúrgico; canto gregoriano.
Canutilho – Canudinho de vidro para enfeites e guarnições de vestuário feminino.
Capear – Palliar; pretextar; encobrir; cobrir; disfarçar; iludir; atrair ardilosamente; chamar; provocar com capa (os toiros); revestir; esconder com capa; cobrir ou revestir de capeia (de capa).
Capelhar – Vestidura mourisca que se traz sobre a vestidura a que chamam marlota, e se usa em funções, como jogos, justas.
Capelina – Elmo, ligeira armadura para a cabeça. (de capello)
Caquexia – Abatimento senil. Medicina: enfraquecimento geral das funções vitais.
Cárcava – Fosso em volta de uma praça. (Do árabe carcab, ventre)
Carcavar | Carcavear | Carcabear – Rodear com cárcava; tornar oco; rasgar-se, abrir-se: “carcavava-se um algar”.
Carena | Querena – Parte do navio que fica abaixo do nível da água.
Carenar | Querenar – Virar de querena (um navio) para consertar ou limpar.
Cariátide – Estátua de mulher que, na fachada de um edifício, funciona como coluna ou pilastra, suportando uma arquitrave ou cornija.
Carn – Monumento celta, de que há muitos vestígios em Portugal. (ex: no monte do Crasto, freguesia de Romariz, Santa Maria da Feira) Espécie de tanque de diferentes tamanhos (em função do número de pessoas, da família, que devia conter) e figuras geométricas, com pavimento feito de calçada, coberta de barro ou saibro, ou ambos, fechado por uma parede de 1 metro de altura. Não se tem achado sinal de porta ou entrada. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Segundo, pág. 111)
Carneçarias – Açougues dos judeus (pág. 321/322 O Archeologo Português Vol V).
Carneiro – Ossuário; jazigo; sepulcro. Cemitério. Depósito onde se guardam os ossos humanos; ossário; cova.
Carpideira | Choradeira | Pranteadeira – Mulher a quem se pagava, para ir com outras prantear os mortos. Mulher que anda sempre a lastimar-se.
Çarração | Cerração – Escuridão de nevoeiro ou nuvens grossas d'inverno; cerração do peito, sufocação; embaraço da fala por defluxão.
Çarrado – Cerrado; justo e nem mais nem menos.
Carregume – Gravidade; peso.
Carriagem – Série de carros ou carretas. Do provençal carriatge, «idem», ou do italiano carriaggio, «idem».
Casal de montaria – O que pagava foro de caça do monte, ou cujo enfiteuta ou colono era obrigado a ir à montaria, quando fosse chamado pelo rei. (Leal, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Voluma Segundo, pág. 143)
Casal encabeçado (ou cerrado) – Assim chamavam ao casal ou prazo fateusim que, dividido por alguns ou muitos colonos, um só, a que chamavam Cabeceira, Cabeça ou Cabecel, é obrigado, in solidum, a responder pela pensão e foros, cobrando-os dos mais pessoeiros e entregando-os, ele só, ao direito senhorio.
Casamata – Construção subterrânea abobadada para abrigar dos projéteis, pessoas, material e munições; bateria imediata à cortina, para defender o fosso.
Cascavel – Guiso; bagatela.
Casquilho – Indivíduo que se veste de forma vistosa ou garrida, ou se arranja com esmero considerado excessivo; janota.
Castelático | Castellatico – Dizia-se do tributo que os vassalos pagavam, ao senhor do castelo, para reparações deste.
Casteval – Alcaide de castelo; Castelão.
Castijano – Castelhano. (Leal, Pinho. Portugal Antigo e Moderno, Volume Segundo, pág. 200)
Catapulta – Máquina militar antiga com que se atiravam pedras e setas.
Catar - Buscar.
Catasta – Instrumento de atormentar; espécie de cavalete. Lugar em que os escravos eram postos à venda, entre os romanos. Cadafalso em que se torturavam os mártires.
Catele | Catle – O mesmo que catre.
Catilinária – Acusação violenta e eloquente. Figurado: descompostura. Do latim catilinarĭa-, «discurso sobre Catilina», patrício romano, 109-62 a. C.
Catual – Funcionário público; intendente de negócios com o estrangeiro em alguns povos do Oriente.
Catur – Pequeno navio de guerra que anda à vela e a remo. (Índia).
Caudel – O melhor que.
Caudelar – Capitanear (gente de guerra).
Caúnho | Cônho – Penedo insulado e redondo, no meio de um rio.
Cauril | Caurim | Coril Corî dizem os negros da costa da Mina e na linguagem deles Corî é dente, talvez do tamanho e alvura o deram ao marisquinho, ou búzio alvo, e dinheiro na costa d'África.
Cava – Fortificação; fosso; caminho aberto na terra para cobrir os que trabalham na trincheira.
Cáva: mulher perdida, concubina, rameira. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Segundo, pág. 215)
Cavaleiro vilão – Que não era de linhagem e ia à guerra de cavalo, ou era obrigado a mantê-lo segundo a contia de sua fazenda, dito aliás cavaleiro acontiado.
Cavalgada – Razia.
Cavalhadas – Torneio em que os concorrentes, a cavalo, obtinham prémios, tocando, com paus ou canas, em objetos suspensos de cordas. Festa ou cerimónia inspirada neste tipo de torneio.
Cavão – O mesmo que cavador. O que não tem bois nem vacas, e só com o trabalho da enxada semeia o pão. Na Terra da Feira, aos pequenos lavradores, que não tinham bois nem carros, se lhes dava o nome de cabaneiros.
Cavername – Conjunto das cavernas do navio; popular: ossada; esqueleto.
Cavidar – Acautelar; prevenir.
Cavilação – Sofisma; ardil; astúcia. Ironia maliciosa. (latim cavillatio)
Caxem – Atual Qishn, Iémen.
Ceilão, ilha de – Antiga ilha que corresponde a atual Sri Lanka. Situada em 08ºN, 81ºE, ao sul da Índia. A Taprobana cantada por Camões.
Celamim | Selamim | Salamim – A décima sexta parte do alqueire.
Cenóbio – Convento de religiosos; habitação de cenobitas; comunidade religiosa.
Cerame – Pequena habitação africana e asiática, cujo sobrado se firma em 4 troncos de árvores, e cujo teto é formado de folhas de palmeira.
Cerame: lugar sombrio e ameno. É a palavra árabe çarame derivada do verbo çarama, cortar ramos para fazer uma cabana, ou cobrir algum lugar.) (Leal, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Volume Segundo, págs. 240 e 241)
Cercoito – O mesmo que circuito.
Cerveiro – O mesmo que cérbero como se a pronúncia fosse cerbéro.
Cervilheira – Capacete de malha de aço que protegia a cabeça e a nuca.
Cetra – Antigo escudo dos Lusitanos.
Cevar – Dar ceva a; tornar gordo; nutrir; fartar; enriquecer; pôr a isca em (armadilha); verbo pronominal saciar-se. (do latim cibāre, «alimentar»)
Chacra – Antiga arma d’arremesso usada na Índia.
Chaguer – Vaso do couro curtido, com determinada composição para resfriar a água para beber e lhe dar um bom aroma.
Chalé, rio – Beypore (Beipur), rio situado a sul e junto a Calecut.
Chalupa – Pequena embarcação de um só mastro, para navegação de cabotagem. Barco de vela e remos.
Chambaçal – Variedade de arroz asiático.
Chamelote | Chamalote – Tecido grosso feito com pelos de camelo; tecido de pelo ou de lã, geralmente misturado com fios de seda. Tecido cuja trama produz um efeito ondulado, obtido pela calandragem.
Chamorro – Tosquiado; nome que os castelhanos deram por desprezo aos portugueses, ressentidos da batalha de Aljubarrota. D. João I de Castela dizia, que não tivera tanto sentimento, se o vencera outra qualquer nação do mundo, mas que não podia sofrer, que assim o derrotassem uns poucos de Chamorros. Se diz que naquele tempo davam esta alcunha aos maus portugueses que seguiam as partes d'el-rei de Castela e vinham fazer guerra aos seus compatriotas.
Champana – Embarcação pequena da Índia.
Chan – Terreno plano; planície. Carne da coxa (talho).
Chançarel – Chanceler.
Chanesco – Mal trabalhado, mal acabado, grosseiro.
Chantre – Alto dignatário eclesiástico no cabido e numa catedral ou colegiada, que correspondia a diretor do coro.
Chão salgado – «Segundo a nossa antiga legislação, os crimes de regicídio, alta traição, parricídio, sacrilégio e outros de máxima gravidade, não eram só punidos com a morte do reu, depois de horríveis tormentos. (…) Os sequestros das propriedades dos criminosos (…) vinham a viúva e os filhos innocentes, a ficar desherdados do que conscienciosamente lhes pertencia e só herdavam a ignomínia que resultava do crime a que tinham sido estranhos. (…).
Também nos crimes gravíssimos, os cadáveres desconjuntados ou mutilados dos réus, eram queimados e as cinzas lançadas ao mar. Se elles eram nobres, que tinham brazão d'armas, eram estas picadas e destruídas. A lei, com estas severidades, pretendia apagar a memoria do criminoso, mas não fazia mais do que eternizar a lembrança do crime pela atrocidade do castigo.
As sentenças que mandavam salgar o chão, depois de arrasadas as casas, prohibiam que alli se tornasse a edificar, e o sal era para que aquelle chão nunca mais tornasse a dar fructo.» (Leal. Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Segundo, pág. 271)
Chapitéu – Náutica: parte mais elevada da popa ou da proa do navio. Do latim capitellu-, diminutivo de caput, «cabeça; elevação», pelo francês antigo chapitel, «capitel»
Charamela – Antigo instrumento musical de palheta coberta; espécie de gaita; flauta rústica; charanga. Do francês antigo chalemel, hoje chalumeau, «cana; palha; flauta campestre».~
Charneca – Terreno inculto e árido onde há apenas vegetação rasteira.
Charque (Brasil) – Carne bovina salgada e seca, cortada em tiras largas; prato reparado com essa carne.
Charrua – (Náutica) Antigo navio, grande, redondo, ronceiro, de três mastros, de grande porão, destinado ao transporte de tropas, víveres, munições, etc.
Chatim – Negociante pouco escrupuloso; traficante; velhaco. Do dravídico chetti, «mercador».
Chaveco | Xaveco – Pequena embarcação, mal construída ou velha; embarcação ordinária.
Chersoneso (quer) – O mesmo que península. (do grego kersos, e nesos, ilha)
Choça – Casebre ou habitação humilde; choupana.
Choradeira | Pranteadeira | Carpideira – Mulher a quem se pagava, para ir com outras prantear os mortos. Mulher que anda sempre a lastimar-se.
Choro – Derramamento de lágrimas; coro.
Chorrar – Jorrar.
Chufa – Motejo; zombaria; mofa; chocarrice; chacota; troça; dito picante, mordaz; gracejo impertinente; remoque.
Cibório | Píxide – Vaso em que se guardam as partículas (hóstias) consagradas.
Cimeira – Capacete ou elmo; penacho ou outro adorno no capacete.
Cimitarra – Espada de lâmina larga e curva; alfange. (Do persa shimshir, «espada», pelo castelhano cimitarra, «idem»)
Cíngulo – Cinturão de couro revestido com placas de metal, usado pelos soldados romanos como insígnia e elemento de defesa; qualquer faixa ou pedaço de tecido usado para cingir o vestuário; cordão com que o sacerdote aperta a alva em volta da cintura e que constitui símbolo de continência e pureza.
Cintemente – Cientemente, com advertência, reflexão. Do que despende moeda falsa cintemente: sabendo que é falsa.
Cipo | Cippo – Cepo, tronco de pau ou pedra em que se entalham inscrições; tronco de alguma família. Coluna truncada que os antigos punham em cima das sepulturas; coluna com inscrições usada para divulgar decisões de interesse público; antigo marco miliário que consistia num pequeno pilar; pequena coluna usada para demarcar terrenos, como estela funerária, etc.; pedra tumular; estrado usado para suportar o esquife; tronco duma família ou linhagem; cepa. (do latim cippu, «poste; marco».
Cira – Mata, brenha, lugar cheio de silvados e matagais. «À direita do Tejo e cinco léguas de Lisboa, havia uma dilatada cira, ou mata, que el-rei D. Sancho I doou a D. Raulino e outros flamengos, ano de 1200, para ali se estabelecerem e com as maiores franquias. (…) Ora, segundo alguns dizem, xara é palavra arábica que vale o mesmo que mata, e se destes matagais abundam naquele território de Vila Franca, que muito lhe chamassem Cira, e hoje Xira, com a mudança de uma só letra?...»
Ciranda – Peneira grossa; crivo. Cantiga e dança populares. Do árabe çârand, de sarda, «peneirar; joeirar».
Cirne – O mesmo que cisne.
Cistagano – Situado aquém do Tejo, rio português. Do latim cis-, «aquém» +Tagu-, «Tejo» +-ano.
Citamente – Acintemente, sabendo e por vontade (intencionalmente).
Cítara – Instrumento de cordas, semelhante à lira, mas maior. Na Idade Média, guitarra de quatro ou seis pares de cordas. Modernamente, espécie de psaltério, com trinta e nove cordas. (Grego kithera)
Cividade – Cidade.
Civitas – Ver Ópido.
Clava – Pau curto terminado em pera; moca; maça. Arma de Hercules; era um pau grosso para baixo, nodoso.
Claveiro | Craveiro – Dignidade, cujo ofício era ter a chave do convento. Fora da comunidade tem a chave do cofre dos votos.
Codilhar – Dar codilho a; desbancar; superar. Figurado: lograr; prejudicar.
Clérigo casado – Clérigo ordinando, antes de ter ordens sacras. Casando antes de ser ordenado, continuava a ser admitido ao serviço da Igreja, mas perdia muitos dos privilégios, que lhe dava o estado de solteiro. Os clérigos minoristas casavam clandestinamente, depois, se queriam tomar ordens sacras, negavam o casamento contraído sem testemunhas. (Leal, Pinho; Portugal Antigo e Moderno, vol. 7º, pág. 291).
Cofo – Espécie de escudo ou adarga.
Cohorte – Parte duma legião entre os romanos. Porção de gente armada. Magote. Corpo de gente da milícia romana antiga, que constou de vários indivíduos, no tempo de Augusto; compunha-se de 2 mil homens; depois variou o número; era capitaneada por um tribuno.
Cohorte – corpo de tropas romanas formado de várias centúrias (ordinariamente de 10), tendo cada uma destas, 100 soldados, d’onde veio o nome e de centurião ao seu chefe (hoje capitão). (…) Também se dava o nome de cohorte ao arraial ou acampamento de uma cohorte, e daqui a corrupção ou contração para Corte. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Segundo, pág. 314)
Coisa defesa – Coisa interdita.
Coita – Sofrimento; infelicidade; desgraça.
Colaça – A menina a respeito de outra criança, que mama aos mesmos peitos.
Colação | Collação - Concessão de título, grau, etc. Ato de conferir. Trazer à colação: referir; vir à colação: vir a propósito. Restituição à massa da herança dos valores recebidos pelos herdeiros antes da partilha.
Colaço – Diz-se dos indivíduos que foram criados com leite da mesma mulher.
Colar | Collar – Conferir benefício eclesiástico a… Collar em algum benefício; conferi-lo em propriedade e para a vida do beneficiado.
Colareja – Regateira dos mercados de Lisboa; mulher de má vida; rameira; meretriz; prostituta; amante.
Colheita – O mesmo que: procuração, visitação, jantar, comedoria e parada. Imposição, ou cargo de hospedagem, que se pagava ao rei ou senhorio, quando vinha ao lugar, uma vez cada ano, e depois se pagou mesmo quando não vinha.
Collacia – Relação entre colaços. Celeiro, armazém, tulha, adega, ou outro qualquer edifício em que os frutos, ou outros quaisquer depósitos, ou provimentos, se põem a bom recado.
Collegiada | Colegiada – Corporação de sacerdotes, que têm funções de cónegos, em que a igreja não é episcopal. Igreja onde há essa corporação. Corporação de eclesiásticos que, com a obrigação do ofício coral, se dedicam ao culto numa igreja, à qual foi concedido esse privilégio.
Color – Colores retóricos: adornos, ornatos; pretexto: color de piedade; color de mais honesto lugar.
Colubrina – Arma de fogo, portátil, que disparava apoiada no ombro do combatente e numa forquilha cuja carga era inflamada por uma mecha. Do latim colubrína-, «de cobra».
Comborça – Manceba de homem casado.
Comedura – O mesmo que comedoria; exigida dos mosteiros pelos fundadores ou deus descendentes.
Comenda – Antigo benefício que se dava a eclesiásticos ou a Cavaleiros das Ordens militares. Porção de terras com que oficialmente se recompensavam serviços. Distinção puramente honorífica, e correspondente a um grau da Ordem militar. Insígnia de comendador.
Comendatário | Commendatário – Que frui benefício de comenda.
Comesto – Irregular; antiquado comido.
Comitre – Oficial que superintendia nos forçados das galés.
Commũa – Variação feminina do adjetivo comum. Esta variação é mais análoga aos femininos de um, ũa; algum, algũa; nenhum, nenhũa.
Companhão – Testículo; companheiro.
Compeçar – Começar.
Compreição – Compleição.
Comprender – Achar culpado; compreender na devassa.
Compridamente | Cumpridamente – Completamente.
Comunal – Comum; universal.
Comunalmente – Comummente; ordinariamente.
Concelho – Antigamente se tomou esta palavra no significado de Sínodo, Assembleia Eclesiástica e Concílio.
Concluder | Concludir | concrudir – Concluir.
Condapnar – Condenar.
Condeça | Condessa – Pequena cesta de vimes ou verga com tampa; mulher de conde ou aquela que recebeu título honorífico correspondente ao de conde.
Conde-stable – Estribeiro-mor; ofício militar assim na campanha como na marinha.
Condral – Relativa ao condro.
Condro – Designação científica de cartilagem.
Conezia | Canonicato – As rendas do canonicato. Dignidade ou funções de cónego. Emprego rendoso e de pouco trabalho; sinecura.
Confaloneria – Ofício de gonfalão ou confalão.
Confirir – Conferir.
Congraçar – Reconciliar; tornar amigo; pacificar; apaziguar; restituir à graça; à amizade; harmonizar-se; conciliar-se.
CôngruaAntiquado: quantia concedida aos párocos para se sustentarem, obtida por meio de derrama paroquial. Do latim congrŭa, feminino de congrŭu, «conveniente; congruente».
Conquerir | Conquerer – Conquistar.
Consirar – Considerar.
Constantinopla – Atual Istambul, Turquia.
Cônsul – Um dos supremos magistrados da república romana e na primeira república francesa. Agente de uma nação, encarregado, em país estrangeiro, de proteger os súbditos dessa nação, fomentar o respetivo comércio, etc.
Contenças | Conteenças – Trastes, móveis, utensílios de pouco preço, mas indispensáveis para os usos domésticos, e sem os quais muito mal se poderia servir e governar uma família.
Contenença – Cortesia; moderação e continência de palavras e ações - boa disposição de corpo e rosto; tom de voz; modos e gestos.
Contía – Certa porção de dinheiro que os antigos reis honravam seus nobres e fiéis vassalos.
Contingente – Que é incerto suceder ou não; eventual; duvidoso; que não é essencial; secundário.
Contino – Contínuo; perpetuamente; sempre; continuamente.
Contorvado – Perturbado.
Convento – Divisão judicial do Império Romano. Assembleia convocada para a administração da justiça nessa divisão judicial. (Latim conventus)
Convinhavelmente – Razoadamente; ordinariamente; comumente.
Coonestar | Cohonestar – Dar um exterior e aparência de honestidade; dar motivo com que a coisa feita deva parecer honesta.
Coorte – Parte de uma legião, entre os Romanos. Porção de gente armada. Magote. Grupo de pessoas.
Copegar – Cair, tropeçar, cegar-se de amor, deixar-se colher nas redes d’afeto ou paixão; escorregar, deixar-se cair em feitos amorosos; claudicar.
Copete – Cabelo dianteiro frisado; que se levanta e eriça na frente da cabeça. Poupa; topete.
Coracora | Corocora – Embarcação asiática de remo, da feição da fusta.
Corada – Fingida.
Corazil – Parte do porco que se pagava em pensão nos antigos prazos e forais; pano de toucinho. (pelo Natal pagareis hum corazil de toucinho).
Corga – Caminho estreito; sulco. Canal aberto pelas águas; regueiro. (do latim currŭga, «canais de água».
Corgo – Caminho apertado entre montes. (do latim currŭgu, «canal de água»
Corifeu – Chefe ou regente de coros, nas tragédias gregas; indivíduo principal de um partido, classe ou profissão. O chefe dalguma seita, escola.
Coríntio – Relativo à cidade Grega de Corinto. Uma das três ordens da arquitetura clássica (séc. V a.C.), caracterizada por coluna com base, fuste (tronco) com caneluras e capitel com duas filas de folhas de acanto, estilizadas.
Corrilho – Ajuntamento de gente. Conciliábulo; reunião facciosa; mexerico; conluio.
Corro – Cerco.
Coruchéu | Coruchéo – A parte mais elevada duma torre; zimbório. Torre ou torreão que coroa um edifício.
Corveia – Trabalho gratuito que era devido pelo camponês ao seu senhor ou ao soberano; trabalho árduo ou imposto por outrem.
Cossairo – O mesmo que corsário.
Cossolete – Peito de armas, ou coiraça leve. Antiga armadura para proteger o peito. Corpete.
Cota | Cotão – Armadura de coiros retorcidos e atados, ou de malhas de ferro, que cobria o corpo.
Cote – Com muita frequência, continuadamente e sem interrupção, – roupa ou vestido de cote: que diariamente se traz.
Cotia – Antiga embarcação asiática. Do guzerate cotiyum, «idem»
CoticaHeráldica. Peça estreita que atravessa o escudo nos brasões.
Cotonia – Lençaria de algodão.
Couce – Retaguarda de um cortejo ou formatura. Tratamento agressivo; brutalidade.
Couceira | Coiceira – Peça de pau sobre que se volve a porta, gonzos, dobradiças, quício. Faixa de madeira ou barra de ferro sobre que gira a porta e onde se pregam as dobradiças ou gonzos.
Coudel – Antigo capitão de cavalaria. Capitão de companhia de Cavalos.
Couraça – Armadura de ferro, de peito e espaldar, talvez de coiro forrado a lâminas ou malha de ferro.
Couto – Terra coitada, defesa, privilegiada. Lugar de algum senhor em cujas terras não entravam justiças d’el-rei; mas regia-se por seus juízes e tinha outros privilégios. Asilo, refúgio. Couto de malfeitores: cidade ou terra povoada, onde se coutavam ou recolhiam, ficavam isentos da justiça por certos crimes. Devassar o couto: quebrar-lhe o privilégio, entrando nele as justiças reais, por castigo ou por se averiguar que eram mal havidos por coutos. Medida antiga, talvez o mesmo que côvado.
Cova – Celeiro subterrâneo, a modo cisterna, que os antigos espanhóis chamaram silo e os mouros matamorras.
Covão – Covão de pintões (pintos grandes); galinheiro.
Covilheira | Cuvilheira – Mulher que cuidava da limpeza da roupa, perfumava os vestidos; cubilaria ou camareira.
Coxote – Parte da armadura que defendia as coxas.
Cramar – Forma antiquada nos Açores de clamar.
Crasta – Claustro. Em Portugal Antigo e Moderno – Volume Segundo (Leal, Pinho, pág. 446), pode ler-se: «… castra ou crasta. Castra é o arraial de todo um exército, com suas quatro portas (uma para cada um dos quatro pontos cardeais, N., S., E. e O.) cercado de fosso. Ao arraial de uma só legião (brigada) dava-se o nome de Castrum
Criz | Cris – Punhal dos malaios; Sol eclipsado.
Cromeleque – Monumento megalítico que consiste num conjunto de pedras ou menires, normalmente colocados em círculo ou elipse.
CroqueNáutica: vara com um gancho na ponta para atracar barcos. Do frâncico krók, «gancho», pelo francês croc, «idem».
Cubelo – Obra da fortificação antiga; torreão em forma de cubo.
Cubiçar – Cobiçar.
Cumpridamente | Compridamente – Completamente.
Cumpridoiro | Compridoiro | Compridouro – Necessário; conveniente.
Çunda (Sunda) – Fica no cabo da ilha de Sumatra (Sonda).
Cunta – O mesmo que conta.
Cura – Sacerdote que pastoreia um pequeno povo. Coadjutor do pároco. Padre.
Curato – Igreja que tem cura; benefício com ofício de Cura.
Curral – Casa, ou residência honrada com todas as peças e quartos necessários.
Curugeira – Pardieiro; povoação vil; sítio penhascoso e só próprio para criar corujas.
Cúspide – Extremidade aguda e alongada (de algo); ápice.

D

Dachém | Achém – A provável origem do etnónimo Achém na língua portuguesa é o malaio daching, conexo com o chinês tá-tching, em que tching significa "pesar, medir o peso". Regista as formas "Dachém" em 1532 e "Achém" em 1610, em português. Costuma utilizar-se a forma original indonésia Aceh.
Daião | Adaião | Deão – Decano (dignidade capitular que preside a um cabido).
Dala – (Também se escrevia «dalla») Sulco ou calha que dá vazão a águas ou outros líquidos. Espécie de pia onde se lava a loiça. Terreno ou caminho entre montanhas. Cabo da rede das armações de pesca de Peniche. Mesa de cozinha com tabuleiro de pedra ou lousa.
Dalmática | Almatega | Almática | Almatiga – Veste eclesiástica em que vão vestidos os diáconos nas procissões, difere da casula em ter mangas curtas e cauda ou fralda quadrada.
Dapífero – Antiquado: aquele que servia à mesa. (Latim dapifer). No Portugal Antigo e Moderno – Volume Segundo (Leal, Pinho), a págs.  464/465, pode ler-se: «(…). Não se pode dizer com uma certeza incontestável, se dapifer (…) era o trinchante, se o veador da casa real, se, finalmente, o mordomo ou o copeiro-mor. (…). Julga-se, com algum fundamento, que os ofícios de vedor e trinchante, estavam unidos, naqueles tempos, e que um e outro era designado pela palavra dapifer, sendo estas funções depois divididas por sujeitos diversos. (…). Desde o reinado de D. Sancho II, não vejo mais em documento coevo o título de dapifer
Davandito – O mesmo que sobredito. (Condensação de de + avante + dito)
De besta – Montado.
De praça – Em público.
Debadoura | Dobadoura – Máquina onde se enfiam as meadas abertas para se dobarem.
Debuxo – Representação gráfica de um objeto pelos seus contornos ou linhas gerais; esboço; risco. Projeto inicial de algo. Fig. Plano, traça.
Decênviro – Cada um dos dez magistrados que na república romana foram encarregados de codificar as leis. Cada um dos dez cidadãos que, com o pretor, constituíam a magistratura judicial, entre os romanos.
Decer – Descer.
Decúria – A décima parte duma cúria militar. Grupo de dez. Classe de alunos mais adiantados duma escola, dirigida por um decurião.
Decurião – Chefe ou diretor duma cúria.
Dedignar-se – Não se dignar; julgar indigno de si; ter desprezo por; rebaixar-se.
Defamamento – Difamação; infamação.
Defeso – Proibido; vedado; sítio defeso: onde não se pode entrar, bem como na defesa, devesa; defendido, livre: o que se acolhe à Igreja, ou couto, fica defeso das penas.
Defumar – Expor algo ao fumo.
Deificar – Incluir no número dos deuses; divinizar. Figurado: exaltar; sublimar. Do latim deificāre, «idem».
Delancolia – Desgosto, abatimento, tristeza profunda (acrimónia=azedume).
Deletério – Que provoca perigo de vida; que destrói; nocivo à saúde; que corrompe e desmoraliza (figurado). Do grego deletérios, «destruidor».
Deosa – As divindades femininas do gentilismo; mulher a quem se adora.
Departir – Conversar; praticar; distinguir; estremar; dividir; demarcar.
Derramados – Dispersos.
Derrota – O rumo que as embarcações seguem no mar; o caminho que se leva em demanda de algum sítio, por mar e fig. por terra.
Des – Desde.
Desagora – Desde já.
Dês-ahi – Depois.
Desataudar – Tirar do ataúde.
Descorrer – Escorrer.
Desegurado – Falta de segurança.
Desembargadamente – Livre; sem embargo.
Desenxarciar – Desaparelhar o navio das enxárcias.
Desferir – Desfraldar; dar a vela ao vento.
Desmando – Confusão.
Despeso – Despendido; empregado; gasto.
Despoer – Explicar; dispor.
Despora | d'Espora – Corresponda; acudir com a resposta.
Destro – Trazer cavalo a destro, vazio, para se for necessário; de destro: da direita; dotado de destreza.
Desvairadas – Diferentes.
Determinança – Determinação; sentença; decisão.
Deteúdo – Detido.
Devandito – Sobredito.
Devassidade – Devassidão.
Devesa – Lugar cercado; mata cercada; quinta murada; soito; alameda que delimita um terreno.
Di – O mesmo que bis; o mesmo que dis; daí; diz.
Diácono – Clérigo que recebeu o diaconado (ordem sacra inferior à de presbítero) e que não desempenha funções de sacerdócio, mas de serviço, auxiliando o celebrante da missa, coadjuvando nas atividades caritativas da Igreja, etc.
Digar – Funcionário judicial na Índia portuguesa.
Dircurso – Raciocínio, uso da razão, palavras com que se exprime o discurso mental; o espaço de tempo que corre; decurso.
Diuturno – Que vive muito tempo; que dura muito (do latim diuturnus).
Divedos | Dividos – Laços parentais. Parentesco de sangue ou afinidade.
Divo – Divino; deus; homem divinizado; cantor notável.
Divodignos – Sociedade secreta que havia em Coimbra e a que pertenciam os estudantes que, em 1828, assassinaram os Lentes que iam em comissão apresentar-se a D. Miguel.
Dixe – Ornamento de ouro ou pedrarias; enfeite; adorno feminino; brinquedo. Do castelhano dije, «joia».
Dizimento – Ato de dizer.
Doairo - Desdém.
Dobre – Dobrado; duplicado; fingido; que revela diferentes sentimentos, segundo os fins que persegue; ato de dobrar os sinos; repetição da mesma palavra ou fórmula em certos lugares de uma estrofe.
Dobrez – Falta de sinceridade; fingimento; qualidade de quem é dobre.
Docto – Doutrina; doctor; doutor; douto.
Dões | Doens – Dons.
Doesto – Insulto; injúria; acusação injuriosa; vitupério.
Doge – Magistrado superior das antigas repúblicas de Veneza e Génova. Do latim dŭce-, «chefe», pelo italiano doge, soberano de Veneza ou de Génova.
Dólmen – Monumento megalítico composto por pedras dispostas em forma de mesa gigantesca; anta.
Doma | Edoma – Semana.
Donaire – Garbo; gentileza; elegância; graça. Do latim tardio donarĭu-, «donativo», pelo castelhano donaire, «donaire; gentileza; galhardia».
Donatário – Pessoa que aceita ou recebeu uma doação. Aquele que recebia um terreno para povoar, explorar e administrar.
Donato - Leigo que servia num convento de frades, e que de frade só tinha o hábito.
Dórico - Relativo aos Dórios. É uma das três ordens da arquitetura clássica (séc. VII a.C.), caracterizada por coluna sem base, fuste (tronco) liso ou provido de caneluras, capitel (parte superior) com ábaco liso, quadrado e friso com tríglifos e métopas.
Doroso – Doloroso.
Dorsel – Dossel.
Dulcidão – Doçuras.
Duunvirato | Duumvirato – Magistratura servida por dois oficiais, entre os Romanos.
Duúnviro | Duúmviro – Cada um dos magistrados romanos que funcionavam juntamente.

E

Ebridade – Embriaguez; bebedice.
Echacorvo | Ichacorvo – Pregador que andava pelas pequenas povoações, fazendo homilias e recolhendo esmolas.
Edícula – Pequena casa. Nicho para imagem de santos. Oratório.
Edoma | Doma – Semana.
Égide – Escudo; couraça; figurado: defesa; proteção; amparo; salvaguarda. (do grego aigís, -ídos, «escudo de Zeus», pelo latim ӕgĭde-, «escudo de Júpiter; escudo de Minerva»)
Egresso – Indivíduo que abandonou o convento, que saiu de alguma comunidade, especialmente religiosa; que se afastou de em grupo; saída; retirada.
Ei – O mesmo que eu.
Eichão | Ichão | Uchão – Despenseiro; caixeiro; o que tinha à sua conta a ucharia real.
Eido - Pátio. Quinchoso. Quintal junto a uma casa. Lugar ocupado por uma pessoa ou coisa. Lugar que compete a uma pessoa ou coisa. Eito.
Eirádega | Eirádiga – Pensão que antigamente pagavam os enfiteutas aos senhorios, e que variava segundo as cláusulas dos aforamentos e contratos.
Elche – O arrenegado; o cristão que se tornou mouro.
Electuário | Leituário – Medicamento composto de pós e extratos vegetais misturados com mel e açúcar.
Ello – Ele; isto; isso; aquilo.
Elmete – Pequeno elmo; morrião.
Elmo – Antiga armadura para a cabeça. Espécie de capacete.
Em rosto – Em frente.
Emader | Enader – Acrescentar alguma coisa mais ao que já estava dito.
Emavessar | Emavesar – Dar com alguém do avesso, desorientá-lo; transtornar os seus projetos; perdê-lo; distraí-lo com o engano; destruí-lo; derrotá-lo.
Embaimento – O estado do que não forma verdadeiro conceito das coisas, mas engana-se com mentiras, embustes, aparências.
Embair | Embelecar – Induzir em erro com embaimentos, imposturas; embelecar.
Embrechado – Incrustações de loiça, vidros, conchas, pedrinhas, etc., com que se enfeitam as paredes de grutas, jardins e cascatas. Embutido. Pessoa importuna; empecilho; estorvo. Também se escrevia embrexado.
Embude | Ambude – Ferrolho; funil.
Embuizar – Curvar como o arco do buis; atochar; embutir.
Emburilhada – Embrulhada.
Ementes | Ementres – Enquanto; entretanto.
Emético – Que provoca vómitos; emetizante; substância que provoca o vómito, vomitório. Do grego emetikós, «vomitório», pelo latim emetĭcu-, «idem».
Empachar – Embaraçar, impedir, obstruir, estorvar, perturbar, enlear.
Empadezado – Cobrir com padês (pavês).
Emparamento – Enfeite; adorno.
Emparedada | Emparedeada | Empardeada – Desde séc. XII até séc. XV, se achavam em Portugal muitas emparedadas. Eram mulheres varonis, que desenganadas inteiramente do mundo, se sepultavam em vida numa estreita cela, cuja porta no mesmo ponto da sua entrada se fechava com uma pedra e cal, e só por morte da inclusa se abria, para ser levada finalmente à sepultura.
Empavezado | Apavesado – Coberto com pavês (escudo que cobria quase todo o corpo).
Empenoso – Alto; soberbo; grande; levantado.
Empero | Emperol – Porém; todavia; contudo; posto que.
Empicotar – Por no pico, no picoto, no cume. Prender, espetar na picota. Fig.: expor à irrisão ou à vergonha. (de picoto e picota)
Empolgadeira – Buraco em que se enfiava a corda no extremo do arco da besta.
Empolgadura – O mesmo que empolgadeira.
Empoz | Empolos – Após os; depois os; depós os.
Emprazar – Intimar para comparecer, em certo prazo, na presença das autoridades. Marcar prazo a. Ceder por contrato de enfiteuse. Fig. Dar aviso ou ordem para que alguém se justifique, faça declarações ou pratique certos atos. Empatar, fazer estorvo a. Cercar para que não fuja (a caça).
Empréstido – Empréstimo; ordem.
Empuxar – Atrair com força; arrastar; impelir; empurrar; induzir.
Emsembra – Juntamente; emsembra com meu filho Rei D. Sancho faço Carta de… (o mesmo que sembra, ensembra ou em sembra).
Enagenação – Alienação.
Enalhear – Alienar; alhear.
Encalçar – Seguir ao encalço por terra ou por mar; alcançar.
Encanecido – Que tem cãs; alvo; envelhecido; figurado: experiente.
Encavalgadura – Cavalgadura.
Encendimento – Incêndio; cor afogueada e vermelha que causa calma; a paixão; a inflamação; acendimento que veio ao rosto.
Encolheito – Encolhido.
Encorrer | Incorrer – Ir dar; correndo para coisa onde se vai dar; odiar-se na censura, ficar ligado a censura; cair na indignação de alguém; em perigo.
Encouto – Multa ou pena pecuniária imposta por certas leis, que proíbem o uso de armas defesas, de bestas muares, etc., as quais leis mandam tomar, ou em lugar delas certas multas, e assim os que entram como não devem, ou fazem o que é defeso, em coutos ou coutadas, e infringem privilégios.
Enculca | Inculca – Perseguição, vigia, informador, pesquisa.
Ende – Palavra que equivale a: dele(s), dela(s); juntamente; daí. Pron.: isto, este motivo. fazem ende honras, i.é., fazem delas honras. (Do latim inde)
Endoenças – Dores, paixões, padecimentos; quinta, sexta-feira de endoenças, das paixões, ou dores do Redentor.
Energúmeno – Pessoa que, dominada por uma obsessão ou fúria, pratica disparates. Figurado: desprezível, ignorante. Antiquado: possuída pelo demónio; possesso. Do grego energoúmenos, «possesso», pelo latim energumĕnos, «possesso do demónio».
Enfesto | Infesto – Cumeada; cumeeira; picoto.
Enfitêutico (enfiteuse) – Convenção pela qual o proprietário de um prédio transfere para outrem o seu domínio útil contra o pagamento de uma renda ou foro; aforamento; aprazamento. Do grego emphýteusis, «enxertia», pelo latim emphyteŭse-, «enfiteuse; contrato».
Enflorecer – Criar flor.
Enfraquentar – Enfraquecer.
Enfrear – Pôr o freio a; refrear; reprimir; conter; domar; moderar-se; dominar-se; controlar-se. Do latim infrenāre, «idem».
Engargantar – Emperrar-se (a bala) no cano da espingarda, em vez de descer à culatra.
Enquerer – Inquirir.
Ensembra – Juntamente; de comum acordo, consentimento e vontade (o mesmo que sembra, emsembra ou em sembra).
Ensoberbado – O mesmo que ensoberbecer: tornar soberbo ou arrogante; tornar ufano, orgulhoso; envaidecer; alterar; encrespar.
Ensosso | Ensoço – Insípido; parede ensossa: de pedras assentadas sem serem ligadas com cal ou argamassa.
Ensujentar - Sujar.
Entejar – Ter fastio, tédio; aversão a alguma coisa; aborrecer; desaprovar.
Entena - O mesmo que antena.
Entrelunho | Enterlúnio | Interlúnio – Tempo que decorre entre em que a lua, decrescendo, deixa de ser vista e aquele em que reaparece.
Entremetera – Aventurara.
Entremez - Drama pequeno que se representa entre atos da comédia, ou tragédia e, depois talvez, depois da comédia ou tragédia; tomar alguma coisa para entremez: para objeto de riso, zombaria ou ridículo; curta composição teatral jocosa ou burlesca; farsa; coisa ridícula.
Entrepoimento – Interposição, tempo, ou causa que se mete de permeio.
Envez – Parte de alguma coisa oposta ao rosto; o avesso; às avessas; representar as coisas ao contrário do que são.
Enxalçaria – Engrandeceria.
Enxara – O mesmo que matagal, mata, deserto despovoado e sem cultura; charneca.
EnxárciaNáutica: conjunto de cabos fixos que prendem os mastros e os mastaréus da gávea às mesas de guarnição situadas nas amuradas dos navios. Do baixo grego exártia, plural de exártion, «cabo».
Enxebre – Bruto; estúpido.
Enxemprado – Dado, ou reduzido a escritura pública, copiado em pública forma.
Enxergadamente – Claramente.
Enxerir | Inxerir – Inserir.
Enxobregas – Formula antiga de Xabregas, antigo mosteiro de Lisboa.
Eperador/Eperatriz – Imperador/imperatriz.
EpigramaLiteratura: breve composição poética, com um remate de engenhosa agudeza, de conteúdo gnómico, irónico ou satírico; dito picante. Antiquado: inscrição em prosa ou verso, na face de um monumento.
Epítome – Resumo de um livro; sinopse; súmula; compêndio.
Eramá | Aramá – Em má hora; hora má.
Ergo | Eigo – Termo lat., de concluir. Ergo – antiq. exceto; salvo. (não pode demandar ergo se for fora da terra). Mas; pois; portanto.
Escâimbo | Escãibo – Escambo; troca; permuta.
Escala – Escada.
Escaler – Pequeno barco de quilha, ordinariamente de remos e vela, com toldo, para serviço de um navio, de uma repartição ou estação pública.
Escança | Esquença – Andança; fortuna; sorte; acontecimento; dita.
Escapulário – Parte do vestuário monástico que cai sobre as espáduas e o peito; distintivo pendente do pescoço sobre o peito, ou sobre o peito e as costas, próprio de certas confrarias; objeto de devoção constituído por um fio que une dois quadrados pequenos benzidos, geralmente de pano, para colocar ao pescoço, ficando um deles sobre o peito e o outro sobre as costas; bentinhos.
Escaques – Divisões quadradas do escudo, mas em cores alternadas; os quadrados do brasão, como os tabuleiros de xadrez, mas em cores alternadas.
Escarcela – Bolsa de couro que se prendia à cintura; parte da armadura que se prendia à couraça e que ia da cinta ao joelho.
Escarcina – Alfange dos Persas.
Escarlata – Tecido escarlate, ou de cor vermelha.
Escatema – Paixão; escândalo; referta; engano; fraude; cautela.
Escoldrinhar | Escudrinhar – Esquadrinhar; investigar; procurar com diligência; analisar minuciosamente; procurar.
Escorva – Parte da arma em que se coloca a pólvora; porção de pólvora que comunica o fogo à arma.
Escovém – Orifício circular, no costado do navio, por onde passa a amarra.
Escozer – Maltratar ou ferir com arma branca; trespassar; varar.
Escrivão da puridade – Principal notário da casa real, depositário dos segredos do gabinete do monarca, punha vistos nos alvarás, tinha em sua mão a chancela do soberano p/não pararem os despachos por impedimento; este o ofício de maior importância; era o que hoje são os ministros/secretário de estado.
Escuitar – Escutar; espiar.
Esculca – Sentinela noturna; guarda avançada; vigia assalariado.
Escuna – Embarcação de dois mastros, com velas latinas no da popa e velas redondas no da proa, e sem mastaréu de joanete.
Escusa – Dispensa.
Esguardar – Atender; considerar; ter respeito; ter cuidado, cautela; resguardar-se.
Esmar – Calcular; orçar; avaliar a esmo; conjeturar.
Espalda – Retaguarda.
Espalhafato – Peça d'artilharia antiga, assim chamada porque fazia grande esborralhada no inimigo.
Espata – Espada larga de dois gumes e sem ponta.
Espatário | Spathario – Gladiador; soldado do corpo da guarda dos soberanos bizantinos. Soldado armado de espata. (Latim Spatharius)
Espedição – Expedimento; expedição.
Espedimento – Despedida dos que se apartam.
Esprital – Hospital.
Esquença | Escança – Andança; fortuna; sorte; acontecimento; dita.
Estadio | Estádio – Arena para jogos públicos. Antiga medida itinerária, equivalente a 41,25 metros.
Estança – Estada; parada; estância, lugar onde se para; o mesmo ou melhor que estância; dizia-se boa ou má estança pela boa ou má reputação que alguma obra, ação ou discurso rendia ao seu autor.
Estanco – Loja em que se vende tabaco. Monopólio autorizado de algum ramo de comércio. Onde se vendem artigos estancados (estanque).
Estantes – Residentes.
Estáo | Estau – Estalagem; pousada; albergue.
Estardiota – Ant. brida. Processo de cavalgar estendendo bem as pernas, contrário ao de gineta. Cavaleiro do Levante que outrora exercia a sua atividade como batedor de estrada. Soldado de cavalaria ligeira às ordens de Carlos VIII de França (1483-1498), na expedição a Nápoles.
Estim | Estil | Styl – Astil, medida.
Estipêndio – Retribuição por serviços prestados; quantias pecuniária, sujeita a regulamentação pela autoridade eclesiástica competente, que os fiéis dão ao sacerdote, para que aplique a celebração eucarística por determinada intenção.
Estória – História de carácter ficcional ou popular; conto, narração curta.
Estoutro – Determina o objeto que é ali presente e próximo a quem fala e o mostra, mas diverso de outro semelhante.
Estramazão – Antiga e larga espada de dois gumes. (do italiano stramazzone)
Estremança – Divisão; demarcação; partilha.
Estrinque – Os cordoeiros em fazer guindarezas (cabos de guindastes).
Estro – Furor; entusiasmo poético; veia poética; fantasia rica; inspiração.
Estroso | Astroso – Infeliz, desgraçado, e que nasceu em má estrela; usado; mofino; funesto; fúnebre; idiota; lunático.
Estruir – Destruir.
Estrumento – Instrumento; escritura autêntica, feita ou dada em pública forma.
Estrupo – Barulho; rumor; estrondo; arruído; tumulto; tropel; confusão; violação.
Éthico | Etico | Ética – O doente de hetiguidade: doença que vai consumindo o corpo, sem febre. Outros dizem que é acompanhada de febre (febre ética); quando está fraco, sem forças, pode pouco, está sem energia.
Ethiguidade – Doença que vai consumindo o corpo, sem febre. Outros dizem que é acompanhada de febre e dizem febre ethica, ou tísico.
Eulógias – Fragmentos de pão que os primeiros cristãos levavam para a celebração, nas Missas. Pão bento que, por caridade, se distribuía em domingos aos fiéis, nas igrejas.
Exação – Extremo rigor na cobrança e arrecadação de contribuições; ato de um recebedor exigir mais do que é devido; figurado: desvelo; pontualidade; exatidão. Do latim exactiōne-, «exação; cobrança».
Exautorar – Tirar a autoridade a… Privar do cargo, de honras. Depreciar. (latim exautorare).
Exceição – O mesmo que exceção.
Exerdar | Exherdar – O mesmo que deserdar.
Exido – Terreno inculto à saída das cidades, vilas; que serve de pasto, ou pastio do comum e concelho. (terreno baldio)
Exostra – Ponte corrediça que se estendia, das torres móveis até às muralhas, e pela qual passavam os soldados que iam combater a praça. (do latim exostra)
Experto – Experimentado, que sabe e tem facilidade de dizer ou fazer alguma coisa por uso e frequência de a fazer.

F

Faca – Cavalo pequeno e membrudo.
Facanea – Cavalo pequeno em que comummente cavalgam senhoras; um faca.
Facha ou Tea – Toda a qualidade de lenha de pinho, que também se diz facha.
Fachinar | Faxina – Atulhar, encher com faxina; fazer em faxina ou feixes os ramos, rama, bicadas.
Factótum – Faz-tudo; indivíduo que tem a seu cargo todos os negócios de alguém; mordomo; administrador. Do latim fac totum, «faz tudo».
Falárica | Phalárica – Sorte de lança que levava juntamente uma bola, ou tromba, ou manga, cheia de materiais inflamáveis, para pôr fogo onde se pregava o seu grosso ferro, atirada por grandes bestas de torno. (latim falárica)
Falcão – Canhão de 3 polegadas de diâmetro.
Falcata – Arma antiga, formada de uma haste, encimada por uma espécie de foice.
Faldão – O mesmo que fraldão.
Falimento – Omissão; falta - morte; falecimento - pecado; culpa.
Falua – Embarcação de vela latina tradicionalmente utilizada no transporte de passageiros e mercadorias no Tejo, media aproximadamente 15 metros de comprimento, podendo ter 1 ou 2 mastros inclinados à ré e 2 a 3 remeiros.
Fâmulo – Servo; criado. Funcionário subalterno de uma comunidade religiosa ou tribunal eclesiástico. Clérigo que acompanha um prelado. Caudatário. Pejorativo: pessoa subserviente.
Fanão – Antiga moeda indiana, anterior à conquista portuguesa.
Fanga | Fanega – Praça ou lugar público em que se vendia o pão por uma medida Fanga, que levava 4 alqueires (mais antiga 6 alqueires).
Fano – Pequeno templo antigo. Santuário. Templo de idolatria.
Faraute – Intérprete; arauto; corretor e medianeiro de negociação; guia; chefe; cabeça de alguma empresa.
Fastígio - O ponto mais elevado; píncaro; cume. Auge. Eminência. Sublimidade. Ornato que se colocava no alto dos templos romanos. (Fastigium)
Fateosim | Fateusim – O mesmo que enfitêutico. O mesmo que enfiteuse.
Fatimitas – Tribo árabe que, na idade média, constituía um império no Magreb. Dinastia islâmica que governou regiões do Norte de África entre 909 e 1171.
Fato – Bens móveis, como roupas, e outros; nº de cabras que se apascenta; diz-se por manada ou rebanho.
Fátuo – Que tem fatuidade; presumido; pretensioso; frívolo; ignorante; néscio; insensato; que só dura um instante; passageiro; efémero. Do latim fatŭu-, «estúpido; extravagante».
Favoreza – Favor; benefício; mercê.
Faxina | Fachinar – Atulhar, encher com faxina; fazer em faxina ou feixes os ramos, rama, bicadas.
Fazer portais – Brechas.
Femença | Efemença – Desconfiança, suspeita; atenção.
Fementido – Que mente e falta à fé dada, à fidelidade. Ardiloso; pérfido; perjuro. (De + mentido)
Feminto – Perjuro.
Férula – Castigo; severidade, autoridade.
Fervilhar – Ferver frequentemente; agitar-se com frequência; aparecer ou concorrer em grande número; mexer-se de um lado para o outro; andar numa roda-viva; tratar de muitas coisas.
Feudo – Domínio concedido pelo suserano ao seu vassalo, em troca de obrigações de fidelidade (nomeadamente por parte do suserano e prestação de serviços ou pagamento de um tributo por parte do vassalo); conjunto dos servos de uma propriedade feudal; vassalagem feudal; posse exclusiva.
Ficadas – Compungidas.
Fieldade – Fidelidade.
Fiir – Do latim finir; acabar.
Filhar – Adotar; defender; adotar como filho; perfilhar; (planta) deitar rebentos. Tomar posse pela força; agarrar; filar. Apoderar-se de terrenos abandonados para os cultivar. Tomar; apreender.
Finta – Tributo real pago do rendimento da fazenda de cada súbdito; de ordinário se impõe para obra pública ou por ocasião de guerra. Também põem ou lançam fintas as Câmaras, com licença d’el-rei.
Firmal – Peça com que se prendiam os golpes dos vestidos antigos; relicário de pé largo com figura de custódia, ou porta-paz, em que se guardam as relíquias que merecem os nossos cultos; também se tomou por selo com que as cartas ou papeis se firmam.
Fiúza – Fé, confiança; esperto, finório.
Foão – Fulano; homem cujo nome não se declara.
Fojo | Foio | Foyo – Cova funda, cuja abertura se tapa, para nela se apanharem, vivos, animais ferozes. Cova semelhante, que se faz durante a guerra, para colher inimigos. Caverna; gruta.
Foral – Lei que o conquistador ou fundador dava à cidade conquistada ou edificada acerca de, polícia, tributos, juízo, privilégios, condição civil, etc. Carta de lei que regulava a administração de uma localidade, ou que concedia privilégios a indivíduos ou corporações. Título de aforamento de terras.
Foramontão – Designativo de povoado que pagava foro de montaria; lugares ou casais e enfiteutas, que pagavam foro de montaria ou serviam os senhores nas montarias. Casa ou lugar que pagava foro imposto sobre as casas de prostituição.
Formigão – Mistura de cal, saibro e cascalho para construções.
Fornizio – Coito pecaminoso. Fornicação pecaminosa entre não-casados.
Foro – Na Roma antiga, praça pública onde se realizavam os atos mais importantes da vida do povo romano (mercados, julgamentos, etc.); fórum. Pensão determinada paga ao senhorio direto pelo titular do domínio útil de prédio ou propriedade, conforme o estabelecido no contrato (enfiteuse); domínio útil de um prédio; encargo ou despesa usual ou obrigatória; privilégio ou imunidade estabelecidos por lei ou pelo tempo; tribunal judicial; competência de um tribunal; jurisdição; alçada; competência; direitos; privilégios.
Forol – O mesmo que farol.
Forrejar – Andar à pilhagem.
Forro – Desobrigado, isento. Que saiu da escravidão, liberto; que não paga foro nem direitos, livre; que teve alforria; liberto; livre; desobrigado.
Fossado – HISTÓRIA: serviço militar medieval cuja prestação respeitava normas estabelecidas pelo foral ou pelo costume da terra; incursão ou investida militar sobre território inimigo, na Idade Média.
Fota – Tela fina, listrada com cadilhos, que se enrodilha na cabeça a modo de turbante; touca mourisca; turbante.
Fouteza | Afouteza – Confiança em si; animosidade; ardimento; destemor.
Fouveiro – (cavalo) cuja pelagem é castanho-clara malhada de branco. O mesmo que ruivo.
Frangue – Europeu, nome que os mouros dão aos franceses, espanhóis, portugueses e italianos.
Frasca – Louça de mesa ou de cozinha; trem; baixela; provisões; bagagem.
Frautar (a voz) – Pronunciá-la baixa, menos forte, para não se ouvir muito.
Frautar (o órgão) – Tapar os registos ou servir-se de engenho para saírem as vozes mais pianas e doces, trazidas a metáfora da frauta doce, ou doçaina.
Friável – Quebradiço; que se parte ou esboroa facilmente. Diz-se da rocha que se desfaz com facilidade.
Frictor – Peça de cobre com que se incendia a escorva nas bocas de fogo (latim frictus)
Frisão | Frizão - Cavalo forte e corpulento, cuja raça é originária da Frísia, Países Baixos.
Frol – Flor; escuma (espuma) do mar.
Frolenças | frolyées – O mesmo que florins, moeda de ouro puro que se começou a lavrar em Florença.
Froncil – Espécie, ou sorte de lençaria antiga. Lenço de pregas.
Frontar – Instar; requerer; propor; denunciar alguma coisa; afrontar.
Fruxo – Frouxo; fluxo; diarreia; fruxo de riso: risada longa sem interrupção.
Fumadego | Fumagem – Censo, tributo ou pensão que o direito senhorio recebia de todas as casas dos seus vassalos, ou colonos, prescindindo de nelas acenderem o fogo ou fazerem fumo; porque o comum e regular era acendê-lo. Antigo imposto sobre as casas onde se acendia o lume.
Fundibulário – Indivíduo que combate com funda. Fundeiro.
Fusta – Embarcação longa e chata, de vela e remos, de um até dois mastros e de porte até 300 toneladas. Serviu de carga ou na guerra.

G

Gaaçar – Ganhar, adquirir.
Gage – Coisa que se dá em penhor; nos duelos antigos era uso lançar uma luva ensanguentada em sinal de desafio, ou mandar alguma peça como uma espada.
Galdrope | Gualdrope - Cabo fixo à cana do leme para auxiliar o manejo deste. (veja aldrope)
Galé – Antiga embarcação de baixo bordo que anda à vela e com 15 até 30 remos por banda, a cada um dos quais corresponde um banco com 4 ou 5 remeiros; leva um canhão grande, chamado coxia, e outros, poucos, menores.
Gálea – Antigo capacete de guerreiro; elmo. Capacete de coiro. (do latim galea)
Galeaça – Galé grande de três mastros com velas bastardas, que leva 20 canhões e tem lugar na popa para muitos fuzileiros.
Galeota – Galé de dois mastros e de alguns canhões pequenos; tem 16 ou 20 remos por banda e em cada banco um só remeiro.
Galeote – Remador de galé; condenado às galés. Espécie capa antiga.
Galilé – Cemitério destinado ao enterro de pessoas nobres, em alguns conventos. A parte alpendrada dos claustros. Recinto coberto, suportado por pilares ou colunas, geralmente adossado ao corpo de uma igreja, que constituía uma entrada alternativa e lateral à entrada principal e um espaço destinado à celebração de assembleias de fiéis. Regionalismo: bando de garotos.
Galveta – Pequena embarcação veleira da Índia.
Gançar – Ganhar; lucrar.
Gancar | Gancaria – Lavrador indiano que cultiva terras que arroteou. Cobrador de rendas na Índia.
Gardingo – Nobre visigodo que exercia altos cargos na corte dos príncipes. Desembargador d’el-rei.
Gargalheira – Corrente ou forquilha com que se prendiam os escravos.
Garnimemto – Guarnecimento.
Garotil | Gorotil – Parte superior de vela do navio em que há os ilhós onde entram os envergues. Envergue: cabo que prende a vela à verga.
Garoupés | Gurupés – Mastro que vai meio deitado ou lançado obliquamente sobre a proa do navio, ou a sua roda de proa.
Garrocha – Pau com ponta de ferro.
Garrucha – Pau curto com que se armavam as bestas. Antigo instrumento de tortura. Naut. Argolas de ferro pregadas no garotil das velas latinas. Cabos que se metem nas relingas por entre chicotes.
Gasalhado | Gasalho – Agasalho, hospedagem.
Gastadores – Sapadores.
Gata – Máquina militar de grossos madeiros, a coberto da qual subiam os muros.
Gauros – Povos espalhados pela Pérsia e na Índia, que professam religião particular.
Gelva – Barco pequeno usado no mar Roxo.
Gentar – Jantar.
Germano – Que ou aquele que procedeu do mesmo pai e da mesma mãe; que ou aquilo que não foi alterado; puro, verdadeiro. Relativo aos Germanos; alemão.
Geso – Lança pesada e comprida dos Gálios.
Gibanete – Antiga armadura de ferro, malha de aço ou tecido encorpado e dobrado.
Gibão – Vestidura antiga que cobria os homens desde o pescoço até à cintura. Colete. Espécie de casaco curto que se veste sobre a camisa. Veste de couro usada pelos vaqueiros.
Gilvaz – Golpe, ou cicatriz no rosto.
Gineta – Sistema de equitação com estribo curto; posto de capitão; antiga insígnia de capitães.
Ginete – Cavaleiro armado de lança e adarga; cavalo pequeno, de boa raça, esbelto e ligeiro.
Giolhos – Joelhos.
Giraçal – Arroz; o de melhor espécie que se produz na Ásia.
Girofalco | Gerifalte | Gerifalto – Ave de rapina diurna, da família dos falconídeos, nativa das regiões árticas e rara em Portugal. Pode apresentar plumagem de cores diversas, sendo a de tonalidades brancas e acinzentadas a mais comum.
Gládio – Antiga espada curta, robusta, de lâmina larga com dois gumes, usada especialmente pelos legionários romanos. (Do latim gladĭu, «idem»)
Gocete – Peça da armadura que se ajustava por debaixo dos braços.
Goiva – Agulha com que o artilheiro desimpedia o ouvido da peça.
Goliardo – Diz-se de quem, ou indivíduo que, na Idade Média, possuía certa formação intelectual (geralmente clérigo ou estudante boémio) e que vivia de esmolas, como trovador ou jogral, destacando-se pela produção de versos ou canções de teor satírico ou amoroso; diz-se de quem frequenta tavernas ou leva vida desregrada.
Gomil – Jarro de boca estreita, para lavatório. De agomil.
Gonfalão – Antiquado: pendão ou estandarte de pontas pendentes, próprio para ser suspenso numa barra transversal, usado sobretudo em contextos militares ou religiosos.
Gonfaloneiro – Cargo de certas terras d'Itália: o que leva a bandeira da República, como entre nós os alferes das câmaras ou capitães da cidade.
Gorjal – Parte da armadura, para defesa do pescoço.
Gouver – Jazer; estar; residir; jouver.
Gouvir – Gozar, desfrutar; aproveitar-se de alguma coisa.
Gradelhas – Espécie de malha rara na armadura antiga. (Do latim craticŭla, «grade pequena»)
Grande peça – Grande espaço.
Grandor – O mesmo que grandeza.
Grevas | Grebas – A parte da armadura que cobria as pernas, do joelho para baixo.
Grilheta – Anel de ferro na extremidade da corrente a que se prendiam os condenados a trabalhos forçados; condenado a trabalhos forçados.
Groza – O mesmo que glosa; interpretação; anotação; comentário, etc.
Gualdrapa – Espécie de manta que se estende debaixo da sela, pendendo dos lados; xairel. Grandes abas de um casacão.
Guarda-mor – Oficial militar, capitão de 20 homens da guarda d’el-rei. Era o primeiro, depois do mordomo-mor. Fidalgo a quem competia a guarda do rei.
Guarecer – Convalescer, sarar, refazer-se dalgum dano - escapar, refugiar-se, amparar-se, defender-se.
Guarnimento | Guarnimentos – Peça para guarnecer; guarnição. Peças de guarnecer, aparelhar.
Guça – Pressa; atividade; diligência.
Gué | Guer – Antiga possessão de Santa Cruz do Cabo Gué (Agadir) (Cap Ghir ou Rhir)
Guéche – Madeira forte; pau-ferro.
Guilda – Associação corporativa medieval que agrupava os indivíduos do mesmo ofício (mercadores, artesãos, etc.) para fins de assistência e interesses comuns, geralmente regida por regras próprias e com jurisdição e privilégios exclusivos.
Guindareza – Cabo de guindaste.
Guinola – Parece ser mascarada de vários vestidos (dic AK); mímica e dança burlesca em que entravam judeus e cristãos.
Guisa – Maneira; feitio; laia; feição; à guisa de; à maneira de. (do germânico wisa, «maneira», pelo francês guise, «idem»).
Guisado – Ensejo.
Gundra – “Gundras carregadas de cairo para amarras"; pequena embarcação asiática.
Gútedra – “Gutedras de cairo que vinham das Maldivas" (será erro por Gundra)

H

Habudo – Português antigo, havido, tido. (Leal, Pinho. Portugal Antigo e Moderno, Volume Terceiro, pág. 371).
Hacanea | Hacaneia – Cavalgadura maior que faca e menor que cavalo de marca; der ordinário se chama hacanea a cavalgadura de damas e outras personagens.
Hagiologia | Agiologia | Agiológio - Tratado acerca dos santos. Livro da vida dos santos.
Hansa | Hanseático – Confederação comercial de várias cidades portuárias do Norte da Europa, do mar do Norte e do mar Báltico, criada em 1241, para proteção do seu comércio contra os piratas e defesa dos seus privilégios contra os príncipes vizinhos que as ameaçavam (Lubeque, Hamburgo, Brema, Colónia eram os principais centros desta confederação), que também é conhecida por Liga Hanseática.
Harpeo – Ferro de arpoar. Instrumento de aferrar os navios, leva uma fateixa de ferro que prende a borda do navio aferrado.
Hastea | Haste – O pau em que está inserido o ferro da lança, da alabarda, da bandeira.
Hastil | Astil – Medida de 25 palmos de largo. Segundo outros esta medida correspondia à aquilhada, e orçava por 5,5 metros. (hastil de haste)
Hastim – Antiga medida agrária. Courela; porção de terreno, comprida e estreita. Lança pequena a que também chamavam Estim.
Heráu – Arauto.
Heril – Próprio do senhor relativamente ao escravo.
Hermar – Despovoar; desabitar; tornar em ermo.
Hermenho | Hermínio – Na linguagem antiga significava, áspero, duro, intratável. Assim se chamavam os montes da Serra da Estrela e do Marvão, devido à dureza da sua paisagem. O da Serra da Estrela era o maior, o do Marvão, o menor. Assim também era conhecidos os seus habitantes, lusitanos bravíssimos e que mais estragos causaram aos romanos. (Elucidário, tomo II (G-Z) Viterbo, pág. 21 e Portugal Antigo e Moderno, Vol. III, Pinho Leal, pág. 375).
Hervanço – Grão.
Hi | Hy – Adv. antiq. que que dizer nesse lugar; . Usado antigamente como y.
Hidrófobo | Hydrophobo – O que tem horror aos líquidos. Aquele que é atacado de raiva (doença). Cães hidrófobos, com raiva.
Hierosolimitano – Relativo ou pertencente a Jerusalém; natural ou habitante de Jerusalém. Do grego hierosolymítes, «natural de Jerusalém», pelo latim hierosolymitānu-, «de Jerusalém».
História – Evolução da Humanidade. Narração de factos sociais, políticos, económicos, intelectuais, etc., que mais ou menos influíram na existência dos povos.
Histrião – O que representava mascarado nos antigos teatros; ator considerado cabotino ou exagerado; bobo; palhaço. Figurado: charlatão; hipócrita.
Hodierno – Dos dias de hoje; de agora; atual; contemporâneo; moderno.
Homiziar – Dar refúgio (a alguém que anda fugido à justiça); tornar inimigo, malquistar, inimizar; fugir à ação da justiça; fugir ao cumprimento do dever militar; esconder-se, fugindo.
Homizio – Esconderijo; inimizade proveniente de crime de morte; antigo tributo.
Honra – Terra privilegiada pertencente a fidalgos ou cavaleiros. Título honorífico; cargo; dignidade.
Horas canónicas – Prima (matina); terça (9 horas); sexta (12 horas); noa (15 horas); vésperas.
Hornaveque – Obra avançada em fortificação. Obra cornuta em arquitetura.
Hucha – Arca; cofre; caixa ou casa em que se guardam os géneros alimentícios. (do Latim hutica)
Hucharia | Ucharia – Depósito de géneros alimentícios. Despensa; ucha. Casa onde se guardam as viandas. Prov. Abundância, fartura: é muito rico, tem em casa uma hucharia de tudo o que é preciso.
Huchote – Arquinha; pequeno cofre ou armário.
Hugonote | Huguenote – Designação depreciativa que os católicos deram em França ao Protestantes, especialmente aos Calvinistas, e que estes adotaram.
Hum | Hu – Onde.
Hurdício – Grade de madeira com que se resguardavam algumas muralhas, para não serem danificadas por aríetes e projéteis. (do latim hurdicium)
HuriFigurado: mulher de beleza extraordinária. Segundo o Alcorão, cada uma das virgens do paraíso que, como recompensa pela fidelidade ao culto e pela prática de ações meritórias em vida, os muçulmanos bem-aventurados poderão desposar.
Hymineu | Himeneu – Deus das bodas; as bodas. Casamento; festa nupcial.

I

Ichacorvo | Echacorvo – Pregador que andava pelas pequenas povoações, fazendo homilias e recolhendo esmolas.
Ichão | Uchão | Eichão – Despenseiro; caixeiro; o que tinha à sua conta a ucharia real.
Imigo – Inimigo.
Imizade – Inimizade.
Impida – Impedir; (que ele mesmo se impida o crescimento).
Impudicícia – Falta de pudor, de vergonha, ou honra; ato ou dito impudico; lascívia; desonestidade. (do latim impudicitĭa).
In solido – Por inteiro.
Inçar | Insar – Povoar de filhos em grande cópia.
Incorrer | Encorrer – Ir dar; correndo para coisa onde se vai dar; odiar-se na censura, ficar ligado a censura; cair na indignação de alguém; em perigo.
Inculca | Enculca – Perseguição, vigia, informador, pesquisa.
Indicias | Indizias – Certa pena que pagavam os que feriam, matavam ou maltratavam alguma pessoa, ou a injuriavam com palavras torpes, desonestas e afrontosas.
Indinação – Indignação.
Indino – Indigno.
Indurado – Obstinado; endurecido; contumaz.
Inerme – Desarmado; indefeso; que não sabe defender-se.
Inexacção (Inexação) – Inexatidão; qualidade daquilo que é inexato; falta de exatidão.
Infanção – Título de nobreza, inferior ao de rico-homem. Talvez escudeiro fidalgo que às vezes regia terras ou era guarda de castelos. Há divergência sobre o significado rigoroso da palavra. Talvez se dava aos filhos segundos, e posteriores dos ricos-homens, e capitães das tropas dos Infantes, bem como se dizem Infantes os filhos segundos dos reis e os outros que não herdam o cetro.
Infesto | Enfesto – Cumeada; cumeeira; picoto.
Infinto – Fingido; dissimulado.
Infundir – Por de infundiça (urina em que as lavadeiras põem de molho a roupa).
Ingénito – Que nasceu com o indivíduo; inato; congénito. Do latim ingenĭtu-, «dado pela natureza».
Ingenuação – Ato ou efeito de ingenuar. Libertação; alforria. Isenção de impostos e das mais condições de servo.
Ingrês – Inglês.
Inópia – Falta de riqueza; penúria; deficiência; defeito. Do latim inopĭa-, «falta; carência».
Inóxio – Não nocivo; inócuo. Do latim innoxĭu-, «que não faz mal; inofensivo».
Insoa | Inssoa| Insua – Ilha formada por algum rio.
Insolido | Insollido – Cada um por inteiro concedo o mesmo a todos juntos.
Inssoa | Insua | Insoa – Ilha formada por algum rio.
Instituta – Livro elementar do direito Romano, mandado compor para a escola de Direito pelo Imperador Justiniano.
Insua | Insoa | Inssoa – Ilha formada por algum rio.
Ínsula – Ilha.
Interlúnio | Entrelunho | Enterlúnio – Tempo que decorre entre em que a lua, decrescendo, deixa de ser vista e aquele em que reaparece.
Inxerir | Enxerir – Inserir.
Írrito - Sem efeito; sem validade; sem valor; nulo; vão.
Irrogar – Impor a alguém; infligir; fazer recair sobre; atribuir; rogar. Do latim irrogāre, «idem».

J

Jacobino – Membro de um clube político francês revolucionário (clube dos Jacobinos), fundado em Paris (1789), cujas reuniões se faziam no antigo convento de frades com o mesmo nome; democrata exaltado ou radical; que tem ideias revolucionárias.
Jaez – Conjunto de peças com que se preparam os animais de sela ou de tração; arreios. Figurado: natureza; índole; laia.
Janapatão – A celebrada ilha de Ceilão, onde está a fortaleza de Columbo com os reinos de Janapatão (que é vassalo) (…) (Décadas da Ásia, Vol 20, João de Barros). Para a banda do sul.
Jangada – É o Naire que por certo prémio empenha a sua fé de livrar, defender e proteger ao português, a custo da sua vida, e se ofendem ao seu afilhado, ele, com sua parentela, vingam o ofendido ou morrem na empresa. Os naires servem de Jangadas: daqui as frases naire da fortaleza; que lhe dá guarda, a protege e serve.
Janíçaro | Janíssaro | Janízaro – Soldado turco de infantaria, geralmente destinado à guarda do sultão. (Do turco antigo jañychari, hoje jeñicheri, «nova tropa») Corrupto do turco janglichiari.
Jáo – Natural ou morador de Jaoa, ou Java, ilha na Ásia. Medida itinerária da Malásia, correspondente a 4,5 léguas.
Jaoa – Java (coordenadas, -7.38, 109.82)
Jaque – Espécie de saio militar. Náutico: espécie de bandeira branca, orlada de azul, com as armas da nação ao centro, e que se iça no gurupés, para pedir socorro.
Jaquete – Casaco curto, ou véstia de soldado.
Jaspe – Variedade de quartzo, pedra fina e opaca, da natureza da ágata; mármore betado, com veios.
Jazer – Permanecer.
Jocosério – Um tanto sério, um tanto jocoso. Poema cujo assunto é cómico e ridículo, cantado, porém ao modo das composições sérias.
Jogo do tavolado – Jogo medieval.
Jogral – Chamou-se jogral o que vivia a maior parte do ano, tocando por preço vários instrumentos em festas, que não eram principalmente eclesiásticas e do serviço de Deus. Dizedor, poeta, cantor e talvez chocarreiro. Truão; bobo; farsista.
Jógue – Na Índia: o gentio que peregrina por penitência.
Joguetar | Joguetear | Jugatar – Zombar; brincar com ditos ou donaires; gracejar; esgrimir.
Jónico – Relativo à Jónia, antiga Grécia. Uma das três ordens da arquitetura Grega (séc. VI a.C.), caracterizada por colunas providas de base, fuste (tronco) delgado, canelado e liso, ou de arestas vivas, capitéis ornados de volutas simétricas e frisos contínuos.
Jorne | Jornea – Vestuário encanudado que se usava sobre a cota de malha, espécie de camisola, em que se bordavam as armas da família; vestido com feitio de meias canas.
Jouver – Jazer, ser, estar.
Jugada – Tributo que pagavam, em cereal, as terras lavradias, e que era proporcional ao número de jugos (juntas de bois) empregados no seu amanho.
Juiz da vintena – Vintena são 20 vizinhos ou casais, daqui juiz da vintena ou do povo de 20 casais.
Juiz de Fora – Magistrado nomeado pelo rei, frequentemente mudado de localidade, com a função de zelar pela justiça em nome do rei e de acordo com as leis do reino, com autoridade superior ao Juiz Ordinário.
Juiz Ordinário – É juiz leigo da Terra, nomeado pelo concelho, e opõe-se ao Juiz de Fora.
Julgajul – O mesmo que juiz. Julgajul por el-rei; juiz posto por ele. Ministro de justiça.
Jurdição – Jurisdição.
Jusã | Jusãa | Jussãa | Jusan – Feminino de Jusão. Que está abaixo.
Jusão – Que está abaixo. Dizia-se especialmente dalgumas terras divididas em duas partes, que se distinguiam pela sua posição.
Juso – Abaixo; debaixo; a parte inferior.

L

Lábaro – Estandarte imperial dos romanos; estandarte militar do imperador Constantino; bandeira; pendão. Do latim labăru-, «idem».
Ladrando – Apupando; perseguindo.
Lágima – Não pagar direitos (… nem lágimas de saída.)
Laidamento – Lesão que afeia; deformidade por ferimento, etc. Ferida; contusão.
Lais – Ponta da verga dos navios; penol.
Lamira – O mesmo que libra (moeda).
LampassadoHeráldica: diz-se do animal representado no escudo com a língua de fora, ou da língua deste animal nestas condições.
Lampo – Que aparece ou amadurece muito cedo; temporão. Figos lampos: os primeiros que amadurecem. Figurado: que é atrevido, espevitado, desembaraçado; lampeiro.
Lanada – Instrumento d’artilharia. É uma haste que num dos extremos tem envolta uma porção de pele de ovelha, com a lã para fora; serve para limpar a alma da peça, ou para a refrescar com vinagre.
Lança – Arma ofensiva ou d’arremesso, formada de uma haste que tem na extremidade uma lâmina pontiaguda.
Lanchara – Embarcação asiática pequena.
Landel | Laudel – “Landeis de pano de seda" como coletes de tafetá dobrado por defesa do corpo. Veste antiga, forrada de lâminas de aço ou couro, para preservar dos golpes da espada.
Landoa – Lande; glândula inchada, ou nascida que se lhe parece.
Lantunita | Lamtunita – Diz-se da dinastia dos Almorávides. Uma grande tribo das bérberes pertencente aos Sanhajas.
Lascari | Lascarim – Soldado nativo da Índia no tempo das conquistas portuguesas. Marinheiro que vivia a bordo com mulher e filhos.
Látego – Chicote de cordas ou correias; azorrague; figurado: flagelo; castigo. (De origem obscura)
Latrocínio – Roubo ou extorsão violenta à mão armada.
Laudémio – Pensão que, segundo a constituição dos prazos antigos, é paga aos senhorios diretos, quando o enfiteuta aliena o prédio respetivo e que, mais tarde, passou a estar integrada no foro.
LauspereneReligião: Exposição permanente do Santíssimo Sacramento nas igrejas. Do latim laus, «louvor» +perenne-, «contínuo».
Lazarar | Lazerar – Causar detrimento ou perda; lesar; ofender; lacerar; quebrar; despedaçar.
Lazarerar – Pagar; emendar; compensar o dano.
Lazareto – Hospital de lázaros (leprosos); edifício para quarentenas; casa remota para empestados.
Lazarina – Arma de fuzil, comprida e de pequeno calibre, que se fabricava na Bélgica para os pretos d’África, e que é imitação grosseira das que entre nós fabricava o armeiro Lázaro, de Braga.
Lebréu (lebreiro) – Cão adestrado para a caça de lebres; galgo; que caça lebres.
Ledo – Alegre, jubiloso, risonho.
Legacia – Cargo, jurisdição ou instalações de um legado; dignidade, ofício de Legado. O Tribunal do Legado Apostólico.
Legado – Aquilo que se deixa por disposição testamentária a quem não é herdeiro legítimo; sucessão a título particular. Aquilo que as gerações passadas transmitem às atuais. Dádiva.
Leicenço – Tumor com inflamação, que de ordinário, quando amadurece, abre um olho e lança pus.
Leituário – Código, tombo ou censual em que estão descritos os bens ou rendas que pertencem a uma corporação.
Leituário | Electuário – Medicamento composto de pós e extratos vegetais misturados com mel e açúcar.
Leixa – Deixa; legado; esmola.
Leixar – Deixar; permitir.
Lenhato – Sorte de embarcação antiga.
Lentisco – Aroeira (árvore).
Levadia – Movimento agitado das águas do mar.
Lhi – Variação antiquada em vez de lhe. Do francês “lui” ou do italiano “gli”.
Lia – Linha de geração. «E por vossa morte fique esse herdamento a hum provinquo da vossa lia.» i.e. a um parente próximo da vossa linha, ou linhagem.
Liança – Atadura; aliança.
Loba – Vestido eclesiástico antigo, consta de túnica aberta que sobrepõe por diante, sem mangas e de uma capa talar.
Loeste – O mesmo que oeste.
Lógea – Casa baixa no andar da rua; outros dizem loge: e de comum vendem-se nelas fazendas de retalheiros; loja.
Londo – Certa renda ou foro de terras amaninhadas (cultivadas).
Longanimidade – Qualidade de longânime; magnanimidade; paciência para suportar ofensas. Do latim longanimitāte-, «idem».
Loriga – Saio de malha coberto de escamas ou lâminas de ferro.
Loudel | Laudel – Vestidura antiga de coiro, ou acolchoado com lâminas metálicas, para preservar dos golpes da espada.
Luancos – Povos da antiga Lusitânia, cuja capital era Merva, desconhecendo-se onde era situado o seu território. Ptolomeu trata estes povos na 2ª Tábua da Europa, capítulo VI. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Quarto, pág. 475)
Lubenos | Luenos – Povos da antigo Lusitânia, supondo-se que a sua capital era a cidade de Benis, que segundo uns terá dado o nome ao rio Minho, segundo outros ao rio Coura. Plínio, no Livro IV, pág. 20, diz que estanciavam na margem esquerda do rio, próximo de Monção. Benis situava-se no monte Medulio, hoje serra d’Arga. Foi destruída pelos bárbaros do norte no princípio do século V. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Quarto, pág. 475)
Lúbrica – Escorregadia; sensual; lasciva. Do latim lubrĭcu-, «escorregadio; lascivo».
Luctuosa | Luctosa | Lutosa | Luytosa | Loitosa – Peça ou porção da herança dos eclesiásticos, vigários e reitores perpétuos, etc., que os bispos tomavam para si; e que antigamente os reis tomavam de certas pessoas de seu serviço, ditos vassalos. Certa peça ou pensão que se paga por morte dalguma pessoa, que por direito ou costume a deve, e só entre o luto e funeral se paga. Tempo houve em que os vassalos d'el-rei não podiam testar das suas armas e cavalos, devendo ficar o soberano por luctuosa; e ele fazia delas mercê ao que entrava a servir no lugar do falecido. Também foi lei antiga e costume pagarem as viúvas luctuosa, para poderem tornar a casar. Igualmente se introduziu em algumas partes receber o direito senhorio luctuosa por morte do enfiteuta, que, (...), era outro tanto como o foro ou como nos prazos se estipulava.
Lugre – Navio mercante, com vários sistemas de mastreação. Navio de vela, geralmente com três mastros, que normalmente é usado na pesca do bacalhau. (Do inglês lugger, pelo francês lougre.)
Luna – Espécie de brinco.
Lundum – Dança de origem africana introduzida em Portugal no século XV e no Brasil no século XVII.

M

Maçaduras – Pena que pagavam d’antes os que matavam, feriam, espancavam, faziam contusões ou nódoas, maçavam ou também injuriavam com palavras afrontosas, torpes, indignas, e bem capazes de tirar o sangue às faces de qualquer pessoa. No foral de Bragança de 1514 declara el-rei D. Manuel, que se não devem levar as penas de Maçaduras e Sangue, que antes chamavam Indicias, e nos princípios do Reino Vozes, Coimas ou Livores.
Maçuá Massawa: atualmente é uma cidade portuária da Eritreia, na costa do Mar Vermelho, situada a noroeste de Asmara. (15º 36’ 36’’N, 39º 27’E)
Madioso – Mavioso, enternecido.
Madrafaxão – Moeda da Ásia.
Magacia – Arte mágica, feitiçaria, magia.
Maimona – Espécie de trabuco.
Maiorino – Juiz supremo do rei, segundo os doc. de Espanha e Portugal, até ao século XIV, a que depois correspondeu o Meirinho-mor. Havia Maiorinos-Mores e Menores já desde o tempo dos Godos. A Maioria que eles tinham para fazer justiça em algum determinado território, é que lhes deu o nome de Maiorinos. Os primeiros tinham quase o mesmo poder que os Adiantados; eram postos pelo rei e o seu poder absoluto não tinha apelação mais que para o soberano. Os Menores eram postos pelos primeiros; a sua jurisdição não se estendia fora de certas causas.
Malada – Escrava, serva, manceba, menina, criada ou moça de servir que, por condição ou salário, tem a obrigação de se empregar no obséquio e serviço de seus senhores ou amos.
Maladia | Maladya – Serviço não gratuito e pendente da vontade e primor do colono ou enfiteuta, mas rigorosamente devido como o de um escravo a seu senhor, ficando este reciprocamente obrigado a defender, amparar e manter em certos privilégios e isenções a estes seus servos ou malados. As terras ou prazos em que estes serviços, foros ou pensões se pagavam aos Milites ou fidalgos, se chamavam maladias.
Malado – O que vive em terras de senhorio e sujeito a Maladias, na forma que nesta palavra fica dito.
Malamente – Mal e indevidamente, com detrimento grave e sem razão. “Por esta razom leixam (deixam) a terra e se desproba (despovoa) malamente.
Malatosta | Malla-Tosta | Maltosta – Direito, imposição ou tributo que pagavam os que embarcavam vinho na cidade do Porto, correspondente a 48 reis por cada tonel; metade para o bispo e cabido, a outra metade para el-rei.
Maleza – Fraude, malícia, trapaça, conluio.
Malfairo | Malfario – Adultério.
Malfetria – Delito, ação má, malfeitoria.
Malsim – Denunciante; zelador dos regulamentos policiais; fiscal aduaneiro; espião. Pejorativo, antiquado: oficial de diligências.
Mamelucos | Mamalucos – Soldados de uma milícia egípcia constituída por escravos turcos.
Mamoa | Mamua – Outeiro de aspeto análogo a um seio de mulher. Montículo artificial, ou monumental, de origem pré-histórica; disposição de pedras, da época pré-histórica, que se supõe ser construção sepulcral; anta. (Do latim mammŭla, «mama pequena»). Segundo o Portugal Antigo e Moderno – Volume Segundo, pág. 476, pode concluir-se que as mamoas eram construídas juntando as lajes necessárias, para formar uma pia, colocando aí dentro as cinzas, tapando-a depois com outras lajes. Por fim, ajuntavam uma porção de terra e cobriam esta construção, formando um pequeno cabeço de forma piramidal. É de supor que, quanto maior era a pirâmide, maior era a importância da pessoa sepultada.
Manceba do mundo – Mulher prostituída, rameira, meretriz.
Mancebo de soldada – Criado que servia por salário.
Mancenilheira – Árvore euforbiácea, de cujo tronco e fruto se extrai um suco venenoso, de cuja sombra se diz que é letífera ou nociva.
Manchua – Pequeno barco (Ásia).
Mane – Homem.
Manhanimo – Magnânimo.
Maninhádego – Tributo que se pagava aos mosteiros ou à Coroa, e consistia na terça parte dos bens daqueles que, sendo casados, morriam sem deixar descendentes. (de maninho)
Maninho – Não cultivado; estéril. Que não tem dono conhecido. Terreno inculto. Bens de pessoa falecida sem deixar descendentes. Que é logradoiro público: aquele tojal é maninho. Logradoiro público de lenha ou pastagens: os maninhos do concelho.
Manopla | Monopla – Luva de ferro da antiga armadura; açoite longo dos cacheiros e dos que ensinam cavalos à guia; mão grande e mal feita (manápula).
Manso – Não silvestre, mas cultivado; hortado. Parte duma propriedade senhorial onde as populações tinham direito ao uso, mediante o pagamento dum tributo ao senhor.
Manta – Defensivo de madeira com que se cobrem e amparam os que vão saltar praças, picar muros, abrir fornilhos, etc.
Manteeiro | Mantieiro – Oficial da casa real com o cargo das roupas e alfaias de mesa.
Mantelete – Parapeito militar. Capa curta com que os cavaleiros cobriam o capacete e o escudo. Vestidura eclesiástica que se usa sobre o roquete.
Mantens – Toalhas ou guardanapos de mesa.
Mantieria | Mantiaria – Oficina de manteeiro ou manteiro.
Manumissão – Ato ou efeito de manumitir. Libertação de escravos. Alforria.
Manzanilha – Variedade de azeitona. O mesmo que mancenilha.
Marabia – (Índia) Junto a Cananor, norte, na foz do rio Beliapatam. Situada em 11º57’N, 75º18’E.
Marachão – Monte de terra ou pedras para suster as águas ou fazer pouco fundo o rio. Faixa de areia submersa no mar ou num rio. Dique; restinga, recife.
Maranha – Enredo; intriga; negócio intrincado, astúcia. Fios, linhas, cabelos, etc., embaraçados.
Marco milliar – A milha romana representava, com pequena diferença, 2 quilómetros. Eram, pois, estes marcos que se encontravam nas vias militares romanas. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, vol. 3, pág. 68 e vol. 5 pág.68)
Marichal | Mariscal – Marechal.
Marido conuçudo – Marido público e notório, e que todos reconhecem como tal, mas não recebido pela Igreja, cujo contrato matrimonial não foi santificado com a bênção do sacerdote.
Já antigamente havia 3 espécies de contratos matrimoniais: o 1º era o consagrado pela bênção do sacerdote. Aquele a que hoje chamamos "casamento católico"; o 2º consistia meramente no contrato matrimonial que se fazia público e notório, assim aos parentes, como aos vizinhos, mas sem lhe acrescentarem a bênção sacerdotal. Seria aquele a que hoje chamamos "casamento civil"; o 3º resumia-se simplesmente no contrato de um matrimónio segundo o direito natural, que só pendia da vontade séria e livre dos contraentes, sem que alguém soubesse ou ao menos fosse pública a sua determinação e vontade. Era aquele a que hoje chamamos "união de facto". Estes viviam maritalmente, mas sem o favor das leis, que não aprovavam estes atos, nem concediam comunidade de bens, nem herança aos filhos que destes particulares ajuntamentos procediam, contrariamente às leis de hoje.
Marlota – Capote com capuz, usado pelos Mouros; antigo casaco de senhora. Do grego meloté, «pele de ovelha», pelo árabe malũtâ, «capote curto», pelo castelhano marlota, «capote mourisco, curto e com capuz».
Marnel | Marnoceiro – Campo alagadiço que só em pequenos barcos ou bateiras se pode vadear (passar a vau).
Marran | Marrã | Marrãa – Porca nova que deixou de mamar; carne fresca de porco; toucinho fresco. Corcunda; corcova.
Marrano | Marranho – Designação injuriosa que se dava aos Moiros e Judeus, talvez por não comerem carne de porco. Imundo; excomungado. Porco já crescido.
Marruaz – Certa embarcação da Ásia; amarrado à sua opinião; obstinado.
Martinegua | Martinega | Martiniega – Foro; tributo; pensão que se paga por dia de S. Martinho, donde tomou o nome; tributo que os proprietários pagavam no dia de S. Martinho.
Mascabo – Menoscabo; descrédito; desdouro; diminuição de reputação; estada de…
Masmorra | Matamorra - Matmorra – Primitivamente, celeiro subterrâneo, que também servia de cárcere entre os moiros. Prisão subterrânea. Lugar ou aposento sombrio e triste.
Mastaréu – (Náutica) Mastro pequeno; cada uma das pequenas hastes de madeira com que se rematam no topo os mastros principais.
Mastaréu de joanete – Mastaréu fixo a outro, para onde ia o cesto de gávea, para aumentar o alcance do vigia.
Mastim – Cão para guarda de gado. Cão bulhento. Agente de polícia, malsim. Pessoa maldizente.
Masto – Na maior parte dos Clássicos se lê masto, masteação; hoje mastro.
Mazagania – Companhia de soldados mouros.
Mean – Meã.
Medês – Antiq.; sing. e plural: por mesmo. (esso medês: isso mesmo, ou assim mesmo).
Meefestar – Confessar-se sacramente.
Meefesto | Menfesto – Confissão sacramental.
Melinde – Cidade no Quénia.
Menagem – Dar a sua fé de não desertar; homenagem.
Menefesto – Ouvir sua confissão sacramental.
Menencoria | Merencoria – Tristeza; enfado; melancolia; indignação.
Menencorio | Merencório – Melancólico; sorumbático.
Menfestar – Dar ao manifesto; confessar-se.
Menhã - Manhã.
Menir – Monumento megalítico composto por uma pedra grande e comprida, fixa verticalmente no solo.
Mentes Em mentes: em tanto que; enquanto; no ínterim; no entretanto. Conspiração; parar mentes: ter atenção.
Mentre | Mentres – Entretanto, enquanto; de maneira que.
Meor – O mesmo que menor.
Mercê – Título que se dava, nos primeiros séculos da monarquia portuguesa, aos reis. Deste tratamento usavam os reis das Hespanhas até aos reis católicos de Castela, Fernando e Isabel e D. Manuel de Portugal. A partir de então se introduziu o de alteza, a que se seguiu pouco depois o título de majestade, trazido da Alemanha por Carlos V (pai de Filipe II). Os reis de Portugal e Castela sempre se trataram por alteza, mas no encontro, em Guadalupe, entre Filipe II de Espanha com D. Sebastião, aquele se apressou a tratar por majestade ao nosso rei. Foi com os Filipes que se radicou em Portugal este tratamento real, que é o de todos os países monárquicos. (Leal, Pinho. Portugal Antigo e Moderno, Volume Quinto, pág. 180)
Merceeria – Ofício de rezar ou ouvir missas por alma de alguém, que deixou por morte esmola à pessoa com essa obrigação, ou certa renda para quem quiser encomendar a Deus a sua alma; igreja onde os merceeiros oram, etc.
Merlão – Da fortificação, a porção do parapeito que fica entre as ameias. Porção de muro entre duas ameias de uma fortaleza. Do francês merlon.
Mesnada Antiquado: força militar com que os ricos-homens ou os senhores da Igreja contribuíam para o exército real em campanha; tropa mercenária. (do latim mansionāta-, «criados da casa», pelo provençal maisnada, «idem»).
Mesquindade – Infelicidade; desgraça; infortúnio = mezquindade.
Mesteiral | Méesteiral | Menesterial – O mesmo que artífice. Homem de mester ou profissão manual. Oficial mecânico.
Mesteiroso – Necessitado; em urgência de necessidade.
Métopa – Intervalo quadrado entre tríglifos do friso dórico.
Metropoli – Capital; outra forma de metrópole; nação considerada em relação às suas colónias; país donde nasceram colónias.
Miasma – Emanação considerada outrora, erradamente, como causadora de doenças e proveniente de detritos orgânicos em decomposição ou de doenças contagiosas, e cuja ação se pode identificar, atualmente, com a dos micróbios; figurado: má influência; corrupção. Do grego míasma, -atos, «exalação impura».
Mice – Senhor.
Ministris – Ministreis (músicos).
Minotauro – Monstro fabuloso que os poetas fingem meio homem, meio touro. Indivíduo a quem a mulher é infiel; cabrão.
Mirabolano – Fruto medicinal usado em Farmácia, de que há várias espécies.
Miscellanea | Miscelânea - Compilação de várias peças literárias, no mesmo volume; coletânea. Mistura de diferentes coisas; confusão; salgalhada; mistifório.
Mistagogia – Iniciação nos mistérios de uma religião. Do grego mystagogía, «idem».
Mister – Necessidade, precisão.
Misura – Mesura.
Mitra – Antigo albergue de mendigos. Barrete de forma cónica, fendido na parte superior, e que em certas solenidades é usado pelos bispos, arcebispos e cardeais. O poder pontifício. Dignidade ou jurisdição de um prelado eclesiástico.
Miúça | Miunça – Miuçalha. Antigo dízimo que se pagava à Igreja, em géneros, por miúdo.
Miuçalha – Pequena porção. Pequeno fragmento. Conjunto de coisas miúdas de pouco préstimo.
Moabitas – Antigo povo da margem oriental do Mar Morto. Nome que em Portugal se deu aos mouros residentes em África, para os diferençar dos residentes ou naturalizados na Hespanha.
Mocambo – (arcaico) Refúgio; esconderijo. (Brasil antiquado) Esconderijo de escravos fugitivos, geralmente em zona de mato; quilombo.
Módio – Antiga medida de capacidade, entre os Romanos, que equivalia ao alqueire e medida agrária de 12 pés de longo e outro tanto de largo, também conhecida por mina. Em muitas escrituras de compra de propriedades, no século XI e XII, consta o módio como moeda de troca; supõe-se ser o correspondente ao valor em dinheiro, do módio de pão.
Moesteiro – Mosteiro.
Mogores – Segundo o dicionário, antigos povos do império Mongol.
Moimento – Sepultura; monumento ou mausoléu; o estado do corpo moído, lasso e fatigado.
Moio – Antiga medida de capacidade, equivalente a 60 alqueires. Talvez também medida de vinho (moios de vinho). Moio de terra (saco de terra de semeadura de um moio. Provérbio: Já tenho um moio de anos (o número de 60).
Moiram | Moirão – Antigo morrão; de morrer.
Molinismo – Doutrina do teólogo espanhol Luís de Molina (1535-1600), professor em Coimbra e Évora, que tentava conciliar a eficácia da graça com a liberdade da vontade.
Monetágio – Moeda. Direito majestático de quebrar a moeda, i.e., fundi-la de novo, aumentando-lhe o valor e diminuindo-lhe o peso, de que os nossos soberanos muitas vezes usaram.
Monitória – Admoestação eclesiástica, feita à missa conventual aos paroquianos, para irem declaram sobre a matéria da minotoria. Aviso em que se convida o público a ir declarar o que souber acerca de um crime.
Monomachia | Monomaquia – Combate entre dois homens. Meio de prova judiciária por meio de duelo.
Monomotapa – Antigo império da África Oriental, também conhecido por Benomotapa, que se situava no território do atual Zimbabué, junto a Moçambique; chefe desse império.
O Estado da Índia foi em tempos dividido em três partes: a primeira, o governo da Índia, abrangia o Cabo Guardafu até a Ilha de Ceilão; a segunda, o governo de Monomotapa, abrangia toda a costa d’África; e a terceira parte, desde o Pegu até à China, era o governo de Malaca.
Montante – Grande espada antiga que se brandia com ambas as mãos.
Montático | Montádigo | Montádego | Montado – Certa pensão ou tributo que se pagava por pastar os gados no monte de algum concelho ou senhorio.
Monte Dely – Na costa da Índia, a primeira vista de terra, na viagem de Vasco da Gama, no reino de Cananor. Ily, na linguagem da terra quer dizer rato, e lhe chamam monte dely porque neste monte havia muitos ratos.
Monteiro – Caçador de monte; o que guarda matos.
Monteiro-mor - Oficial da casa real que governa as coutadas, dirige as caçadas reais e as pessoas a elas pertencentes; nas comarcas: superintendente dos monteiros.
Moque – Tributo que os mouros pagavam em Portugal e que abrangia a quarentena dos frutos. (ver Azaqui e Alfitra)
Mórbus | Morbo – Doença; estado patológico. (Latim morbus)
Moro – Género de medida.
Morphea | Morfeia – Designação antiga de doença cutânea mal classificada. Elefantíase. Doença de S. Lázaro, lepra.
Mosleme | Moslém – O mesmo que muçulmano.
Motira – Tranca ou fecho com que se segura uma porta.
Moyaçom | Moiação – Parece ser medida de tantos moios de vinho, ou de tantos moios de grão, os quais, nos forais, arrendamentos, etc., eram avaliados a dinheiros.
Moyador – Medidor de moios para cobrar impostos.
Munificente – Magnânimo; generoso; liberal.
Murça | Mursa – Vestidura de cónegos. É de lã ou seda preta, vem do pescoço até abaixo dos peitos e anda sobre a sobrepeliz.
Mursello – Cavalo cor de amora preta.
Muslim – O mesmo que muçulmano.

N

Naique – Contínuo de um tribunal (Ásia); empregado inferior, espécie de contínuo nas repartições da antiga Índia portuguesa. (do indost. naiak).
Naire – Militar nobre e cavaleiro, entre os Índios do Malabar; domador de elefantes. Do malaialim naiar, «idem».
Nanquim | Nankim – Tecido de algodão ou ganga amarela, que vinha antigamente da China; cor semelhante à desse tecido. Tinta preta procedente da China, usada em desenhos e aguarelas; traço semelhante ao que é feito com essa tinta; o desenho em que essa tinta é utilizada; tinta-da-china. Cidade da China (32.060138, 118.796920).
Nauta – Aquele que navega; navegante; mareante; marinheiro.
Nebri – Designativo do falcão adestrado para a caça. Do castelhano neblí, «idem».
Necessária – Casa; latrina; secreta.
Nembrado | Nembrar | Nembro – Lembrado; lembrar; lembrado.
Neveiras – Poços onde se guarda a neve natural, que em todo o verão abastecem as principais cidades do reino.
Nímio – Demasiado; exagerado; excessivo.
Ninha – Do antigo português que dizer menina. Corrupção do espanhol niña. (Leal, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, Volume Segundo, pág. 111)
Noa – Hora do ofício divino, entre a sexta e a véspera.
Nojo – Náusea, repulsão; enjoo. Aquilo que inspira asco, repugnância. Dano, mal (o pellouro ia já tão morto, que dando em hum barril, não fez nojo algum). Descontentamento, aborrecimento, fastio, desgosto; pesar; tristeza; luto.
Novea – O mesmo que novena. Série de nove dias.
Nuncupativo – O mesmo que oral; feito de viva voz (testamentos ou disposições de última vontade). Instituído ou nomeado oralmente (herdeiros). Oposto ao que se faz por escrito.

O

Oblatos e Familiares – Aqueles que, doando todos  os seus bens (ou parte) a algum mosteiro ou outra casa eclesiástica, umas vezes se entregavam eles mesmos ao serviço dessa corporação, debaixo da obediência do seu prelado; outras vezes, ligados com o matrimónio, ficavam em suas casas, como caseiros colonos ou usufrutuários dos ditos lugares santos, que os faziam participantes em todas as boas obras. Estes chamaram-se Oblatos, Ofertos, Donatos, Condunatos, Confrades ou Familiares. Antes do concílio de 1215 não havia uniformidade na receção e conduta dos Oblatos: uns se ofereciam com mulher e filhos para serem admitidos à profissão monacal; prometendo estabilidade, conversão e obediência; outros ficavam seculares, com liberdade de professarem o monacato ou não; mas todos eram reputados por Familiares do mosteiro, a cujo abade obedeciam e de quem recebiam hábito e mantença. Além destes, havia outros que viviam sempre no mosteiro, mas com hábito mui diferente dos monges e sem profissão alguma monacal. Outros se faziam Escravos dos mosteiros ou igrejas, com suas mulheres, filhos e bens, tendo por verdadeira nobreza a escravidão a Cristo. Por fim, outros pagavam ao mosteiro um certo censo anual, que voluntariamente tinham imposto nas suas fazendas, de que haviam conservado o usufruto; a estes, que se ofereciam com suas famílias, se chamaram Hospites Oblatiarii; ou seja, gente de fora que se ofereceu ao serviço de Deus e do mosteiro.
Ochava | Ochavilha | OchavilaOchavilla – O mesmo que oitava.
Ola – Palmeira. Folha de ola: folha da palmeira preparada por forma a que, com um estilo ou ponteiro, se escreve nela. Com a ola se cobrem também os tetos das casas.
Olanda – Lençaria fina que vem da Holanda; mal de olanda, doença dos cavalos, lândoas internas e superficiais.
Olga – Porção de terra lavradia e capaz de dar fruto, cercada de sebes ou valados, e que no espaço de um dia se podia cavar, lavrar, gradar e semear. Leira; coirela.
Olhandilhas – O mesmo que farricoco; alusão ao pano desse nome usado talvez por farricocos em armações fúnebres.
Omenagem – Homenagem.
Omíadas – Trata-se duma dinastia de califas muçulmanos do clã dos Coreichitas, que reinaram em Damasco de 661 a 750 e em Córdova de 756 a 1031.
Onzenar – Praticar usura. Levar grandes juros de quantia emprestada. Mexericar; intrigar.
Onzeneiro – Relativo à onzena; que envolve usura; que é mexeriqueiro, intriguista; agiota, usurário; bisbilhoteiro, mexeriqueiro. De onzena+-eiro.
Ópido | Óppido – Cidade forte; praça fortificada. (Latim oppidum) No Portugal Antigo e Moderno, Volume Segundo, a págs. 298/299, cidade em latim pode ser urbs, civitas ou oppidum. Só se chamava urbs à povoação acastelada, cercada de muralhas e verdadeiramente defensável; civitas era a capital de uma nação ou grande parte dela e todo o seu território, campo ou diocese. Na baixa latinidade eram chamadas cidades os grupos de lugares abertos e que tinham o mesmo governo. Esta denominação ainda se dava, no tempo dos nossos primeiros reis, a vastos territórios compreendendo muitas povoações; em documentos daqueles tempos vemos dar-se à Terra da Feira a denominação de cidade de Santa Maria, assim como à Terra de Panoias, Terra de Server do Vouga, etc.
Orco – A morte; região dos mortos; inferno, segundo a crença dos antigos pagãos.
Ordenança – Decreto, ordem, lei, estatuto ou preceito do legítimo superior, assim temporal como espiritual. Disposição, ordem do Regimento, Exército. Soldados ou gente da Ordenança; eram os soldados, ou gente de guerra, dada pelas Câmaras e Concelhos, e ordenada à defesa da terra, alistada, exercitada, sempre prestes, apercebida e armada à sua custa.
Ordinário – Superior eclesiástico.
Orilhádo – Tecido grosseiro de lã, usado dantes em vestidos de luto.
Ortiga – Canhão de 19 palmos que atirava pelouros de pedra. Tiro de pelouro de pedra.
Ostender – Mostrar; ostentar, (lat. ostendere).
Ousança – Ousadia, confiança, atrevimento.
Outiva – Ouvido; audição.
Ouvençal – Antigo oficial da fazenda ou justiça.
Ouvidor – Juiz especial junto de algum ministério ou tribunal. Do latim auditōre-, «o que ouve».

P
Paceiro-mor - Intendente, vedor, curador ou inspetor das obras e fábricas dos paços reais; o que frequenta o paço real; cortesão; palaciano.
Pacer – Pascer; pastar.
Padeliças – Pastagens. Pastos ou lugares destinados a pastagem dos animais.
Padinhadamente – Às claras; publicamente; manifestamente.
Padrasto – Monte colina ou edifício que sobreleva e fica superior a vale, ou edifício mais baixo, do qual se podem fazer tiros e combates às praças mais baixas, sem resguardo dos seus defensores.
Padroado – Direito de conferir benefícios eclesiásticos; direito de protetor adquirido por quem fundava uma igreja.
Paguado – Pagado.
Paguel | Paguer – Antigo; embarcação indiana.
Pairamente | Pararmentes – (plural: paredementes) O mesmo que para-bem-mentes - atende bem e repara; refletir; lançar sua confiança; esperançar-se; por notar; reparar, ponderar.
Paje – Pajem.
Pala – (…) Espécie de embarcação asiática.
Palafrém – Cavalo manso, elegante, destinado principalmente às senhoras, e que os reis e nobres montavam ao entrar na cidade.
Palanquim – Rede suspensa pelas duas pontas num varal, onde vai alguém sentado ou deitado, sobre o varal corre um sobrecéu com cortinas que cobrem a pessoa. Usa-se na Ásia, no Brasil e em Angola é a tipoia.
Palatino – Relativo a palácio imperial ou pontifício. Príncipe ou senhor que tinha palácio e administrava justiça; título de diversas dignidades segundo o uso das terras.
Palhabote – Barco de dois mastros muito juntos e vela triangular ou latina.
Palliar – Encobrir com disfarces e pretextos; colorar. Encobrir com falsa aparência; disfarçar; atenuar; remediar provisoriamente; adiar; empregar paliativos. (do latim palliare)
Panceira – Parte da armadura com que os guerreiros resguardavam o ventre.
Pangaio – Pequena embarcação asiática.
Pangajoa | Panguejava | Panguejaoa – Embarcação asiática, comprida, chata e muito veloz.
Parangue – Ásia; embarcação de carga, cosida com cairo (filamentos de noz de coco), do lume d’água para cima e é de esteiras de palma.
Parau – Pequeno barco asiático. Do dravídico padavu, «idem», pelo malaio parahu ou parau, «idem».
Parca – A morte; a causa da morte; cada uma das três deusas que cortavam o fio da vida, segundo a mitologia latina.
Parçaria | Praçaria – O mesmo que pareceria.
Parcel – Escolho. Baixio; recife. Banco de areia ou pedra, plano e extenso, coberto por água do mar ou de rio pouco funda, que dificulta ou impede a navegação; baixio; restinga; escolho; cachopo.
Páreas – Tributo, pago antigamente por um soberano ou estado a outro, em reconhecimento de vassalagem; satisfação; desagravo. Do latim parĕre, «parir; gerar; dar à luz».
Pariato – Título ou dignidade dos antigos pares do reino.
Parlezia – Paralisia.
Parrafo – O mesmo que parágrafo.
Partasana | Partazana – Espécie de alabarda de ferro mais comprido e mais largo.
Partir – Partilhar.
Pascer – Nutrir-se, comer erva ou pasto.
Passamente – Mansamente; em voz baixa.
Passim – Advérbio latino que significa, literalmente, aqui e ali; por toda a parte; neste lugar e noutros. Colocado logo após o título de uma obra ou de um autor que citamos, indica que ali podem ser encontradas diversas referências a um determinado assunto, numerosas demais para serem indicadas pelo número de páginas em que aparecem. (https://www.dicionarioinformal.com.br/passim/).
Patacho – Embarcação ligeira de dois mastros.
Pateira – Designação de vários pontos da bacia hidrográfica do Vouga, encharcados d’água, que formam como que pequenas lagoas. Espingarda para caçar patos.
Patibular – Relativo a patíbulo. Que tem aspeto criminoso; lúgubre, medonho. Que traz à ideia o crime e o remorso.
Patrazana | Patrasana – Soldado da antiga guarda nacional.
Patronímico – Relativo a pai, em especial a respeito de nomes de família. Relativo ao nome paterno; que designa o nome do pai: Rodrigues é nome patronímico, i.e., mostrava que Rodrigues era filho de Rodrigo.
Paugágem – Paisagem (Goes).
Paulina – Breve de excomunhão cominatória a quem não revelar o que sabe em alguma matéria, de que só por essa via pode haver notícia. Repreensão; descompostura. Maldição; praga. Bebida venenosa.
Pavês – Escudo grande que cobria quase todo o corpo do soldado; paveses de guerra: reparo de teias grossas ou redes, e talvez de tábuas, para resguardar os de dentro dos tiros do inimigo e não serem vistos.
Pavesada – Pavês de pano basto, de ordinário encarnado, ou de rede, que cobre os navios; reparo defensivo com paveses unidos; paveses de campo: atrás dos quais se amparavam canhões e soldados besteiros ou de outras armas.
Paxá | Pachá | Bachá – Título dos governadores das províncias turcas.
Pé d’altar – Rendimento que os párocos usufruem dos serviços religiosos prestados aos paroquianos (casamentos, batizados, funerais, esmolas, ofertas pelas missas, desobrigas, etc.).
Peage | Peagem | Pedágio – Portagem. Imposto que se pagava (como hoje) pela passagem por uma ponte, barcos, entrada de cidades, etc.
PedâneoJuiz pedâneo: o ordinário das Vilas, aldeias, etc.; opõe-se ao de fora e letrados. Diz-se dos juízes que, nas localidades menos importantes, julgavam de pé. (Latim pedaneus)
Pederastia – Prática homossexual do homem com o rapaz. Pejorativo: toda a prática homossexual. Do grego paiderastía, «idem».
Pedra de cevar/sebar – Íman; magnete.
Peia – Embaraço; estorvo; impedimento. Cabos náuticos. Tudo o que serve para prender os pés das bestas para lhes moderar o andamento.
Peita – Tributo que era pago pelos que não eram fidalgos. Dádiva ou promessa com o fim de subornar; suborno.
Pejada – Diz-se da mulher que está grávida.
Pélago – Mar alto; profundidade do mar; abismo; voragem; imensidade. Do grego pélagos, «idem», pelo latim pelăgu-, «idem».
Pelejar – Brigar na guerra; batalhar; lutar; guerrear; travar luta ou combate; bater-se; pugnar. Desavir-se; discutir com veemência.
Peleteria |Pelitaria – Multidão de peles. Muitos fardos de pilatarias (peleterias deve ser).
Peliteiro | Peliceiro | Peliterio – O que curtia, preparava ou vendia peles.
Pella – Bola do couro cheia de lã com que se joga o jogo chamado pella.
Pelote | Pellote – Antigo vestuário de grandes abas; capa forrada de peles; vestidura portuguesa antiga como veste de abas grandes, que se trazia por baixo da capa, opa ou roupa.
Pelouro – Bala de metal que se empregava em algumas peças d’artilharia. Cada um dos serviços em que se costumava dividir a administração de um município. Bola de cera em que se incluía o voto de cada eleitor.
Pelta – Pequeno escudo, em forma de crescente, usado pelos Trácios e outros povos antigos.
Peltato – Antiga milícia romana.
Penadoiro – Punível.
Penagris – Penugem parda.
Pendença – Penitência; trabalho; castigo; pendência; conflito.
Pendenças – Multa eclesiástica em que se comutavam as penitências que se deviam pelas culpas; penitência.
Pendoenças – Penitências; ações; mostras e sinais de verdadeiro arrependimento.
Penisco – Porção de pinhão miúdo. Semente de pinheiro bravo.
Penol – Ponta da verga dos navios. Lais superior da verga.
Pentateuco – Os 5 primeiros livros da bíblia: Genesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio.
Per – Por.
Percalçar – Alcançar alguém em contas - conseguir algum emolumento - direito: conseguir que se lhe faça justiça.
Perdante – Ante; perante; diante de. (contração de per+de+ante)
Perfia – Porfia.
Peripatismo – O gosto ou doutrina dos peripatéticos, ou sectários de Aristóteles.
Perlonga – Maliciosa e fraudulenta demora; palavras com que se ganha tempo.
Permudação – Escambo; troca.
Permudar – Trocar.
Pero – Ainda que, posto que (todavia; mas; porém; contudo).
Perpao | Prepao | Perpau | Prepau – Pau junto do mastro que atravessa as escoteiras da gávea, tem seus furos e serve de dar a volta aos cabos que vêm de cima da vela grande.
Perponte | Perponto – Gibão forte, acolchoado com algodão e pespontado, para embaraçar a ponta da lança e espada.
PerroFigurado: que não cede; teimoso; obstinado; resistente; zangado; arreliado.
Petitório – Petições repetidas em material de pouco porte; o distrito onde pedem e o ato de pedir; ação de pedir a propriedade; pedido; petição.
Phalárica | Falárica – Sorte de lança que levava juntamente uma bola, ou tromba, ou manga, cheia de materiais inflamáveis, para pôr fogo onde se pregava o seu grosso ferro, atirada por grandes bestas de torno. (latim falárica)
Piastrão – Peça de ferro que forra por diante as couraças, ou peitos d’aço, ou coiras; note-se que se dá estas armas sempre aos piões. (do francês piastre; chapa, lâmina, folha ou solha)
Picota – Poste ou madeiro erguido em praça pública, em cuja extremidade superior se expunham as cabeças dos justiçados. Poste guarnecido de argolas e correntes, onde se executavam penas ignominiosas, açoitando-se os delinquentes, ou sendo expostos à irrisão pública.
Pífano | Pífaro – Instrumento popular pastoril, do feitio duma frauta, que se tocava nos regimentos.
Pilastra – Pilar de quatro faces, em geral aderente por uma delas a uma edificação ou parede.
Pinaça – Embarcação pequena, estreita, de vela e remos, que vai descobrir o mar, ou serve para levar tropas de desembarque.
Pindra | Pindrar – Penhor; penhora. Penhorar.
Pintalegrete – Que ou aquele que é peralta; janota; pedante; alegre; vivaz. De pinto+alegrete.
Piorno – Planta arbustiva semelhante à giesta, espontânea em Portugal.
Pipia – Cano da cevada, em que os meninos sopram, e fazem um som agudo.
Pique – Arma ofensiva, a modo de lança, com um ferro pequeno e agudo.
Pírola – Pílula; bola de remédio que se toma pela boca; má nova, coisa desabrida que se faz a alguém.
Pisão – Moinho de uma roda dentada, que faz alçar e baixar uns paus como martelos sobre um pano, para o fazer mais liso e firme.
Pita – Fibra das folhas da piteira; obra feita com essas fibras.
Pitança – Ração diária ou ordinária. Mesada ou ordinária em dinheiro. Prato extraordinário, que se dava em festa, fora do comum. Ração de alimentos extraordinária que se dava em comunidade, por ocasião de uma festa; iguaria saborosa; ração diária de alimentação; comida; dádiva em dinheiro, mesada; pensão; esmola de missa.
Plinto | Plintho – Peça quadrada que serve de base a um pedestal ou coluna. Soco ou pedestal de estátua. (latim plinthus)
Pobra | Pobla – O mesmo que povoação.
Pobrado – Povoado.
Pobrador – Povoador de terra, vila, castelo, herdade, reguengo, ou os que se avizinharam com os primeiros povoadores.
Pobrar – Povoar.
Podestade – Primeiro magistrado de alguma província que juntamente administrava as coisas da justiça e guerra, cargo que era ocupado por ricos-homens ou pessoas dessa sorte. Rico-homem com autoridade suprema em certas comarcas ou províncias. (do latim protestas)
Poer – Pôr.
Poimento – Ato de pôr ou depositar.
Poleá – Homem plebeu, no Malabar, Índia; homem de raça ínfima.
Poliandra – Que ou mulher que tem mais de um marido, ao mesmo tempo. Do grego polýandros, «que tem muitos homens».
Policia – Cultura, aperfeiçoamento de nação culta, política ou polida, (…), no saber, artes liberais. Polidez no servir iguarias, no falar, vestir; obras de curioso lavor, manufaturas de luxo; polícias de guerra, artifícios bélicos.
Por uma parte – Sector.
Porende – Porém, portanto, à vista do que, por esta razão, por isto.
Porquanto – Porque, visto que, uma vez que, já que, por isso que.
Porra – Maça.
Porsuivan – Passavante; espécie de arauto da casa real, encarregado de anunciar a paz ou guerra.
Porteiro – O pregoeiro dos leilões e almoedas judiciais, e que também faz citações. Cobrador de direitos reais.
Posseiro – Quinhoeiro de um prédio; que está na posse legal de um prédio ou prédios indivisos (de posse)
Postumaria | Posthumaria – O tempo e as coisas que sucedem depois da morte de alguém.
Postumeiro – Último.
Poterna – Galeria subterrânea ou porta falsa, para sair secretamente de uma praça fortificada. Do baixo latim posterŭla «porta das traseiras», pelo francês poterne.
Pouquidade – Pequena coisa; coisa pouca; coisa de pouco tomo, de pouca monta, valor, importância; pequenez; exiguidade; insignificância; pequeno mérito; deficiência de aptidão; pouco talento.
Povorar | Povrar – Povoar; rotear; cultivar.
Poyar – “Poyar gente em terra", pô-la, desembarcá-la em terra.
Praçaria | Parçaria – O mesmo que pareceria.
Pranteadeira | Carpideira | Choradeira – Mulher a quem se pagava, para ir com outras prantear os mortos. Mulher que anda sempre a lastimar-se.
Prasmar – Repreender de algum vício ou ação mal feita; censurar.
Praso | Praso | Emprazamento | Aforamento | Fateosim | Enfiteuse - Propriedade de raiz de que o dono concede a outrem o senhorio útil, por vida, ou vidas, impondo-lhe certa pensão, que se lhe paga em conhecimento, anualmente.
Preá – Roedor.
Préa – Presa.
Prear – Apresar.
Prebenda – Nome genérico dado a todos os benefícios eclesiásticos de ordem superior; rendimento pertencente a um canonicato; qualquer benefício eclesiástico. Figurado: emprego rendoso e de pouco trabalho; sinecura.
Preboste – Chefe de serviço de polícia militar nas grandes unidades, onde tem várias funções.
Precalçar – Ganhar; lucrar; alcançar.
Precudir – Castigar; ferir; desbaratar.
Prego – Carta fechada e selada, com ordens secretas. Peça de metal, delgada e pontiaguda dum lado e mais grossa do outro, destinada a cravar-se num ponto ou objeto, que se quer segurar ou fixar.
Preitar – Pagar, satisfazer.
Preitesia – Capitulação, ajuste, concerto.
Preito – Pacto; ajuste. Homenagem; tributo de vassalagem, veneração; juramento solene.
Prelo – Máquina tipográfica manual; prensa.
Prema – Constrangimento; opressão; vexame; angústia; dor; trabalho; pena; aflição; peia.
Premática – Pragmática.
Premissa – Antigo direito que os párocos tinham de receber certa parte das primeiras novidades que as terras produziam.
Presbítero – Clérigo que recebeu o presbiterado, isto é, a terceira ordem sacra; padre; sacerdote.
Presor – Cada um dos colonos, inferiores à classe nobre e privilegiada, que no tempo dos reis de Leão reconquistavam ou recebiam em partilha terras conquistadas aos Moiros. Tomador ou conquistador da Terra das mãos dos Mouros.
Prestameiro – Mordomo ou readeiro que cobrava os foros e pensões dos apréstamos.
Préstamo – Antigo imposto, em fruta ou em dinheiro, consignado a um terreno, a favor da Coroa.
Preste – Sacerdote; padre; presbítero.
Prestimónio – Pensão ou bens destinados à sustentação de um padre, e separados das rendas de benefício (latim prӕstimónium). Antiquado: préstamo; aprestamo.
Prestumeiro – Último, derradeiro.
Presúria – Tomada; conquista. Reivindicação ou reconquista à mão armada. Repartição de terras conquistadas aos mouros. Posse de terreno com justo título.
Pret – Pré; o vencimento diário de um soldado, ou que se paga de 3 ou de 5 em 5 dias.
Pretor – Magistrado Romano que exercia jurisdição em Roma, capitaneava os exércitos e governava as províncias. Na Idade Média, alcaide-mor ou senhor absoluto das terras que lhe eram confiadas.
Pretório – O lugar onde o pretor fazia a audiência e administrava a justiça. A casa do pretor.
Prima – A fêmea da espécie açor; dizem ser o primeiro ou o segundo que nasce da ninhada. O açor e a gavião prima são os de melhor sorte.
Priol | Priul – Prior.
Prior Claustral | Crasteiro – A que também chamaram Subprior ou Prior do Claustro, cuja inspeção se não estendia fora do mosteiro.
Prioste – Recebedor de rendas da Igreja; na universidade, o que cobrava as rendas, ou rendeiro, em falta do Prebendeiro, por arrematação.
Procela – Tempestade no mar; tormenta; temporal. Figurado: do homem que faz grande e vasto estrago; o estrondo e estrago de guerra; grande agitação; exaltação de espírito.
Prócere – Homem importante; personagem eminente; magnata. Do latim procĕre-, «idem».
Proconsul – Magistrado romano que ia governar as províncias com a jurisdição e direitos de cônsul; e poderes extraordinários.
Proe | Prohe – Utilidade, conveniência, proveito.
Profaçar – Acusar; repreender cara a cara; invetivar; estorvar.
Proiz – Cabo, para amarrar embarcações à terra.
Proluxidade – Prolixidade.
Promagem – Todo o fruto da espécie dos abrunhos.
Pronau – Parte anterior dos tempos antigos; vestíbulo de um templo grego formado pela colunata da fachada.
Pronóstico – Prognóstico.
Propinar – Dar a beber a… Figurado: ministrar. Do latim propināre, «dar de beber».
Prostimeira – Fim; remate desta vida mortal; último; derradeiro.
Protonotário – Notário-mor dos imperadores romanos. Dignitário da Cúria Romana que recebe e expede os atos dos consistórios. Título honorífico concedido pelo papa a alguns sacerdotes.
Protrair – Tirar para fora; prolongar; demorar; espaçar; protelar; adiar; procrastinar; prolongar-se; demorar-se. Do latim protrahĕre, «idem».
Prouve – Agradou.
Proveza – Pobreza.
Provicar – Publicar; elucidar.
Próvico – Público; manifesto; à vista de todos.
Proviso – Mofino; perverso; maldito; destinado para o inferno.
Prúbico – Público.
Prumagem – Antigo plumagem. Árvore que dá umas maçãzinhas amargosas, em que se enxertam maçãs.
Pruvico – Público; notório; sabido.
Psalterio – Livro de salmos. Instrumento de 10 cordas, usado pelos Hebreus.
Pugy – Pretérito de poer; eu pus - contra alguém; dar libelo, requer contra ele – em estado; formar acusação, queixa ou sumário contra alguém…
Punhar | Punar – Fazer todo o esforço e toda a boa diligência para concluir alguma coisa; empunhar; apunhar; pugnar; punir.
Puridade – Segredo íntimo de alguma pessoa.
Pyropo – Liga de quatro partes de cobre (ou três de latão) e uma de oiro, usada pelos antigos. Variedade de pedra preciosa.

Q

Qua – Acha-se por cá; antigo porque.
Quaderna | CadernaHeráldica: objeto composto de quatro peças em quadrado, de ordinário em forma de crescentes. A face do dado que apresenta quatro pontos. Pl. Os quatro pontos de uma face dos dados. (Do latim quaternus, grupo de quatro coisas). Sinónimo: quadra, quatro.
Quadrilheiro – Oficial inferior de justiça nomeado pela câmara para servir 3 anos; dá juramento; vigia o seu bairro, ou quadrilha; prende os incursos nas posturas; acode às brigas; vigia sobre os vadios, etc.; na antiga milícia era o oficial que repartia os despojos da guerra.
Quamanho – Qual; quanto; quão grande; qual quinhão; por quanto.
Quartão | Quartau | Painel – Medida de líquidos que leva 3 canadas, ou a quarta parte dum almude. Cavalo corpulento e quadrado, mas curto. Peça d'artilharia que é a quarta parte dum canhão. Cartão ou papelão com claro e lavores à roda, para inscrição ou letreiro, ou para lavores.
Quarto da alva – Período que começa às 4 horas da manhã, na distribuição do serviço náutico de 4 horas. (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
Quejando – Da mesma natureza ou laia, que tal.
Querena | Carena – Parte do navio que fica abaixo do nível da água.
Querenar | Carenar - Virar de querena (um navio) para consertar ou limpar.
Querençoso – Amoroso, afável, benévolo, apaixonado por algo.
Questa – O mesmo que queixa. Ant. Peditório; ato de pedir esmola. (Lat. quaesta)
Questor – Antigo magistrado romano que tinha a seu cargo as finanças; juiz criminal entre os romanos; funcionário que superintendia com outros nas repartições da Câmara dos Pares.
Quíloa – Ilhas de Kilwa Kisiwana e de Songo Mnara, à entrada da baía de Dar-es-Salam, Tanzânia. Coordenadas, -8.98, 39.52.
QuindennioQuindénio – Porção de quinze anos que se paga ao Papa de igrejas anexas. Pensão que, de quinze em quinze anos, era para à Santa Sé por certos beneficiados eclesiásticos, para as necessidades da Igreja. O mesmo que quinquénio. Porção ou espaço de quinze; quinzena.
Quinhoeiro – O que tem parte e quinhão em alguma coisa. Aquele que tem quinhão; comparticipante. O que é solidário, que compartilha, participa.
Quintal – Antiga unidade de peso equivalente a 4 arrobas, isto é, cerca de 60Kg.

R

Raçoeiro | Racioneiro | Reçoeiro – A quem pertence uma ração ou que a recebe. Que dá ração. Espécie de beneficiado em corporação religiosa. Aquele que tem direito a ração; aquele que distribui ração.
Rábita | Rábida – Lugar sagrado; lugar de oração. (Do árabe rabita, «idem»)
Rancora | Rancoura | Rancura – Querela; agravo.
Rás – Uma terra onde se tecem panos de guarnecer as paredes.
Rasa | Raza – Antiga medida de capacidade, correspondente ao alqueire. Pau cilíndrico que serve para tirar o que fica acima das bordas de uma medida; rasoira.
Raso | Razo – Tecido de seda lustrosa e fina; estofo de seda; cetim género de estofo de seda ou lã.
Rausar | Rouçar – Raptar e violar mulher honesta ou donzela. Forçar; violentar (mulher).
Raz – Cabeça; cabeceira.
Realengo – Do rei; real; régio.
Reame – Reino; governo do reino.
Rebelim | Revelim – construção externa de duas faces, que formam um ângulo saliente, para defesa ou cobertura de uma cortina de muralha, ponte, fortaleza, etc.
Recábdo | Recábito - Recebimento solene em face da Igreja e na forma dos sagrados cânones, santificado com a bênção do sacerdote.
Recadar – Recatar.
Reçafa – Ressaca.
Reçaga – Retaguarda de um exército; parte posterior.
Reção – Ração.
Recova – Ato de recovar; transporte de bagagens, mercadorias, etc., feito por recoveiro, mediante pagamento.
Recovar – Transportar de um lado para o outro (bagagens, mercadorias, etc.).
Recoveiro – Almocreve.
Recudir – Sair, vir a ser para o futuro - tornar a acudir, voltar para alguma parte.
Redente – Da fortificação: obra feita à feição de serra, com ângulos reentrantes e salientes, que se defendem reciprocamente. Entrincheiramento em forma de ângulo saliente.
Redingote – O mesmo que sobrecasaca ou casacão, roupão largo que se veste sobre a casaca ou fraque, contra a chuva ou frio, para montar a cavalo.
Refece – De sentimentos ordinários; vil; infame; miserável; de baixa condição. O mesmo que arfece - moeda baixa, assim no metal como no valor - vender a refece: por baixo valor; que não está na maior força, que declina dela.
Refertar – Escaramuçar, discutir.
Refle – Espingarda curta, espécie de bacamarte. (do inglês rifle)
Refojo – Recôncavo de terreno; gruta ou caverna onde se abrigam animais. (de re-+fojo).
Regardar – Ter respeito; olhar; respeitar.
Reguengo – Próprio de rei, real; terra do património real arrendada com a obrigatoriedade de certos tributos em géneros.
Rei d’armas – Intérprete internúncio; o primeiro-oficial de armaria; arauto.
Reinícola – Que habita no reino. Reinol. Jurisconsulto que trata especialmente de jurisprudência nacional. (do latim. regnícola)
Reinol – Que é do reino; próprio do reino.
Reitoria – Cargo ou dignidade de reitor; paróquia sob a direção de um reitor.
Relaxado – Sentenciado; dissoluto; devasso; desmazelado. Relaxado à justiça secular; i.e., entregue com o processo e sentença, para se imporem ao relaxado as penas de sangue e morte, como fazem certos juízes eclesiásticos.
Relé – Casta; companhia, laia; forte; espécie.
Relego – Descanso; sossego; tranquilidade. História: Parece ser contração ou abreviatura de Regalengo. Na baixa latinidade se disse Reletum e Bannum. É um direito com que o Soberano, ou o seu donatário, podem livremente vender o vinho que se cria nos seus Reguengos, jugadas ou coutos, em certos meses e por tantos dias, nos quais não se pode vender impunemente outro qualquer, segundo o que se determina nos respetivos forais ou mercês. Daqui nasceu chamar-se Relego: lagar, tulha, adega ou celeiro, ao lugar em que tal vinho se fazia e recolhia, e mesmo em que outros produtos se depositavam. Também se disse Relegueiro ou Relegueira o homem ou mulher que cobra as rendas dos senhorios que têm Relego.
Relinga – Cabo com que se atam as velas das embarcações. Cabo cosido em volta da vela para reforço.
Rem – Antiq.; Coisa (fazem honra dos lugares onde pagam rem; i.é., honram os lugares donde lhe pagam alguma coisa do censo).
Remercear – Agradecer.
Renembrar – Antq. Relembrar; lembrar; trazer à memória; fazer recordar.
Repairação – Repairado; repairar; reparação; reparado; reparar.
Rependido – Arrependido.
Rependimento – Satisfação; paga; recompensa; arrependimento.
Reposte – Casa de guardar móveis.
Reposteiro – Oficial que tem a seu cargo o reposte, ou o fato nele guardado.
Réprobo – Que ou aquele que foi reprovado; condenado; precito; detestado; malvado. Do latim reprŏbu-, «idem».
Repunhar – Repugnar; opor-se; ser contrário a…
Requeixada – Dizia-se de uma terra ou localidade pequena e despovoada. Dizem que a terra do dito logo (lugar) he requeixada por tal guiza que non ha hi homee, que aia (tenha) terra que avonde huma junta de bois a lavrar… A minha terra fica por esta rrazom mays requeixada para os meos foros e direitos. (Doc. da câmara secular de Lamego de 1352).
Requesta – Requerimento; súplica com instância; desafio; briga; duelo; estar prestes para fazer duelo com todas as condições que se propuserem ate se matarem, ou chegarem ao extremo da vida.
Resbutos – Gentios de Cambaia ou Guzarate; reisbutos.
Resentir – Tornar a sentir, ou sentir; ofender-se; mostrar algum sentimento ou pesar; sentir o efeito de…; despertar; excitar-se; advertir; dar fé.
Resoar – Retumbar; fazer eco; razoar.
Responsão – Pagar de conhecença a título foro, redito ou censo.
Restinga – Recife; escolho; banco de areia ou de rocha no alto mar. Terreno arenoso e salino no litoral, com ervas e vegetação caraterística.
Retar – Recusar; rejeitar. Denunciar o crime de…  Raptar.
Reteúdo – Pass. antq. de reter; retido.
Reto – Repto.
Retoar – Raptar.
Retouçar – Fazer travessuras; traquinar. Do castelhano retozar, «retouçar; andar na brincadeira».
Retraher | Retraer – Retrair; voltar atrás; arremedar; representar.
Retrahir-se – Recolher-se; retirar-se; agachar-se; recuar; retroceder; retirar.
Revelim | Rebelim – Construção externa de duas faces, que formam um ângulo saliente, para defesa ou cobertura de uma cortina de muralha, ponte, fortaleza, etc.
Revora | ReboraAntiq. Alvedrio. Decisão. Idade exigida por lei para certos atos. Idade da puberdade. Confirmação de doações ou de contratos. Donativos, luvas por ocasião de contratos. O mesmo que robora.
Revoso – Indignado; raivoso; cheio de ira; cuidadoso; pensativo.
Rezente – Recente.
Rio Madrasabat – Atual Shinghoda River (?), Kodinar, Gujarate, Índia.
Risso – Pano, veludo de lã ou seda.
Roble – Nome vulgar por que também é designado o carvalho comum ou alvarinho (do latim robŏre-, «carvalho»)
Rochete | Roxete – Sobrepeliz que usam os bispos por baixo do mantelete e sobre a sotaina; um tanto roxo, arroxeado.
Rocim – Cavalo pequeno e fraco.
Rocio – Chuva miúda; orvalho.
Rodela – Escudo redondo.
Roio – Arroio.
Rolação – Relação (justiça).
Rolda – Ronda.
Roncar – Dar um som rouco; ressonar; bravatear, ameaçar grandes coisas em vão.
Rool – O mesmo que rol. Plural rooles.
Rossio – Terreno que era roçado, ou fruído em comum, pelo povo. Lugar espaçoso. Logradouro. Terreiro. Praça larga.
Rostro – Rosto.
Rouçar | Rausar – Raptar e violar mulher honesta ou donzela. Forçar; violentar (mulher).
Roupas de estrado – Roupas do leito.
Roussar – Raptar ou violentar (uma mulher). Do latim tardio rapsãre, «raptar».
Rume – Termo genérico adotado pelos Portugueses no século XVI para se referirem aos Otomanos e Mamelucos que encontravam no Oceano Índico. Soldado turco ou egípcio, filho de cristãos, subtraído em criança a seus pais, doutrinado no maometismo e treinado para a guerra. Do hindustâni-persa-árabe rumi, «romano».
Ruxoxó – Voz com que se enxotam as aves; assuada; troça.

S

Sa(s) – Variação feminina de sua(s).
Sabasto | Sabastro | Sebasto | Sebastro – Tira de pano, sobre uma peça de vestuário, de cor diferente. Nas casulas, a do meio.
Sabendas – Com acinte; com conhecimento e notícia. Caso pensado. Sabença.
Saber de parte – Inquirir.
Sabudo – Sabido; pão sabudo, a medida de pão que se paga de renda.
Sabujo – Cão de montaria, variedade de podengo, de olfato apurado.
Sacaria – Rebate falso; sacarias: imposições, tributos sobre a saca, ou exportações.
Saco – Rapina que faz o vencedor depois da batalha; o mesmo que saque.
Sáfaro – Terreno ou solo árido, estéril ou inculto. Animal bravio, indomado ou difícil de domar. Rude, agreste, de trato difícil., indócil, arisco, esquivo, desconfiado, alheio, distante. (Do árabe çahar: árido, selvagem)
Sagaçaria – Sagacidade com muito juízo e finura; sagacidade; ardil.
Sage – Avisado, circunspecto, discreto, judicioso, prudente, sabedor, sábio.
Sageira | Sajaria – Sabedoria; discrição; prudência.
Sagena | Sejana – Cadeia ou prisão; cadeia de cristãos entre os mouros (ságena | séjana).
Sagesmente – Sabiamente; com sabedoria; com prudência; com juízo.
Sageza – Sabedoria; prudência.
Sagu – Espécie de farinha que se extrai da parte central das hastes de várias palmeiras; sagueiro. Bebida espirituosa feita do licor de sagueiro, usada na Ásia.
Saião | Sayom – Oficial executor de Justiça civil ou criminal, ou sacador, exactor de dívidas e impostos. O algoz, verdugo.
Saimel – A primeira pedra que, formando a volta de um arco, assenta sobre um capitel ou uma ombreira.
Saimento – Fim, ou expedição de uma assembleia - exéquias solenes.
Salamim – Direito de corretagem que se pagava em Dio.
Salamim | Selamim | Celamim – A décima sexta parte do alqueire.
Salema – Turquesco, cortesia, reverência profunda em sinal de obediência e submissão, acompanhada de certas palavras, entre as quais vem Zalamaq.
Salsete – É uma subdivisão do distrito de Goa do sul no estado indiano de Goa. Sua sede económica é Margão.
Sambuca – Antigo instrumento de cordas de forma triangular. Máquina de guerra, espécie de ponte de assalto, para o ataque de fortalezas.
Sambuco – Batel ou lancha usado na Índia. Do árabe sanbuq, «idem».
Sandalha – O mesmo que sandália.
Sangage – Também designado por samguajem ou sangaje. Termo proveniente do malaio Sang-Aji, formado pelos elementos samg - título honorífico usado na intitulação real, e Aji, real. Grupo equiparado aos duques. Homem nobre de Ternate.
Sanguicel – Pequena embarcação da Índia.
Santa Cruz no cabo de Aguer (Gué) – A fortaleza de Santa Cruz do cabo de Gué, ou de Aguer, também designada de Agoa de Narba, localizava-se na atual cidade de Agadir, no litoral de Marrocos (Wikipédia). Ver Roteiro Geral dos Mares, Costas, Ilhas e Baixos reconhecidos no Globo 4ª parte, págs 98/99.
Santimónia – Santidade fingida; beatice; hipocrisia; modo ou aparência de santo. Do latim sanctimonĭa-, «santidade».
São Lúcar – Almeria, Espanha.
Sapa – Obra ou trabalho de sapador; figurado: trabalho oculto, ardiloso (do latim sappa-, «sachola»).
Saragoça – Pano de lã preta fabricado no reino. Tecido grosso fabricado, primitivamente, na cidade espanhola de Saragoça.
Sátrapa – Governador de uma província, entre os antigos Persas; grande senhor, rico e voluptuoso; déspota (do persa antigo xsathra-pavan, «tutor do reino», pelo latim satrăpa-, «idem»).
Saturnal – Orgia; desregramento; devassidão. Do latim saturnāle-, «idem».
Sautor | Santor – Cruz de S. André formada por dois objetos em forma de X. Heráldica: aspa nos brasões.
Savasto | Savastro | Sevasto | Sevastro – O mesmo que sabasto.
Saya – Este nome que hoje se apropria a veste de mulher, significava antigamente a capa, saio ou roupão secular, e a túnica ou hábito do religioso.
Secaz – Sequaz.
Secretáriamente – Secretamente; escondidamente; em segredo.
Secta – Seita.
Secular – Que tem séculos; muito antigo; que se realiza de século a século; mundano; temporal; pessoa que não fez votos religiosos; leigo.
Religião: clero que não pertence às ordens religiosas.
Séda – Tribunal do juiz: cadeira em que ele se senta.
Sege | Caleche | Caleça – Antiga carruagem de 4 rodas e 2 assentos, aberta por diante, própria para jornada.
Segral – O mesmo que secular.
Segre – O mesmo que século; das coisas do mundo.
Seitavaca – Capital do reino homónimo, hoje Seethawaca ou Sitawaca 6°55'38.3"N, 80°08'36.0"E, no Sri Lanka. (https://domusinaequator.wordpress.com/2013/09/08/seitavaca-seethawaka-e-a-famosa-retirada-de-jeronimo-de-azevedo-de-1603/)
Seitosa – Ciosa, zelosa, cuidadosa, ciumenta, invejosa.
Sem torva – Sem impedimento.
Sembra – Na frase adv. ant. em sembra ou ensembra; juntamente; ao mesmo tempo; de companhia.
Semel – Geração; descendência; descendente. (do latim semen)
Semençar – Ponderar com engenho e subtileza; haver-se com veemência, atenção e diligência, tratar com atividade alguma coisa; cuidá-la bem.
Semitarra – O mesmo que cimitarra.
Sempremente – Simplesmente.
Sendal | Cendal – Tecido raro de cobrir o corpo, de sorte que se veja o que está por baixo; serve para cobrir o rosto, etc. Véu fino; transparente.
Sendeiro | Sindeiro – Um quartão, cavalo que não é de marca, nem pode servir para a guerra.
Sendo – Mandou a cada um dar sendo, a cada um o seu.
Senecto | Senectude – Antiquado; idoso. Do latim senectu-, «envelhecido». Velhice senilidade; decrepitude. Do latim senectūte-, «idem».
Senescal – Antigo mordomo-mor, ou vedor, em certas casas reais. Magistrado judicial em alguns países.
Senho(a)| Seno(a) – Diversos; vários; seus, suas, cada um seu, sua; carranca.
Senteal – Seara de centeio.
Sento – Eu sinto; herdade cultivada.
Seráfico | Seráphico - Relativo aos serafins; designativo da ordem dos franciscanos; beatífico, místico, devoto.
Sergente – Moço ou moça de servir; criado ou criada; ministro; servente assalariado e pronto para todo o serviço do seu amo.
Serralho – Palácio imperial na Turquia; parte desse palácio habitada pelas mulheres do sultão; harém; mulheres que habitam o harém; lupanar; prostíbulo; casa onde vivem concubinas várias de um só homem.
Sesmo – Termo; sítio; limite em que há sesmarias.
Sestro – Sistro, pandeiro usado pelos foliões. Manha de besta. Má manha; mau hábito. Mau ou sinistro conselho. Esquerdo; sinistro; agourento; sorte; manha; vício; hábito; mania; o mesmo que sistro.
Sestroso – Que tem manha; manhoso.
Setentrião – O polo norte; as regiões do norte; vento do norte.
Setual | Setial | Sitial – Banco ou assento, ornamentado; escabelo; assento; comoro ou elevação de terra em que alguém se pode sentar, como em banco.
Sevandija | Savandija – Pessoa que vive à custa de outrem; servil; vil; desprezível; patife; parasita; que se deixa humilhar. Designação extensível a todos os animais imundos e parasitas.
Sexteiro – A sexta parte de um moio, que era mais, ou menos porção e quantidade, segundo o moio era de mais, ou de menos, alqueires.
Sia – Variação antiquada de ser; estava.
Sicário – Assassino; facínora; faquista. Malfeitor ou homem armado de faca de ponta, adaga e semelhante arma oculta e aleivosa. Assassino pago.
Significança – Signo.
Sija – Seja, esteja.
Sim | Si – Consentimento; aprovação. Antigamente também se dizia sim por si, variação do pronome da terceira pessoa.
Simonia – Venda ou compra de bens espirituais ou de objetos estritamente ligados ao benefício espiritual; tráfico de coisas sagradas. Do latim eclesiástico simonīa-, «ato de Simão, o Mágico» (século I), que queria comprar a S. Pedro o dom de conferir o Espírito Santo.
Simpremente – Simplesmente.
Simpresa – Simpleza; singeleza.
Sindeiro | Sendeiro – Um quartão, cavalo que não é de marca, nem pode servir para a guerra.
Síndico | Syndico – Antigo procurador de uma comunidade, cortes, etc. Advogado de corporação administrativa. Aquele que é encarregue de uma sindicância. O que é escolhido para zelar ou defender os interesses de uma associação ou de uma classe.
Sinecura – Emprego rendoso e de pouco trabalho, ou que não obriga a trabalho.
Sipres – Simples e sem mistura.
Sirgir – De sirgo; por uso se diz serzir (cerzir).
Sisbordo – Carregaram a nau até meterem o sisbordo (cisbordo) debaixo d'água (risbordo ou resbordo?)
Sistro – Manha de besta; má manha; mau hábito.
SobcederAntiquado. O mesmo que suceder.
Sobcor | Socolor – O mesmo que sob cor. Debaixo de cor; pretexto; aparência. Socolor de piedade…
Sobegidão | Sobejidão | Sobegedom – Nimiedade; demasia; excesso; supérflua abundância; exorbitância; pujança; imensidade; transgressão; culpa.
Sobgeição – Sujeição; obediência; domínio; submissão (?).
Sobreavondavel – Superabundante.
Sobrestar | Sobreestar – Não ir por diante; descontinuar (sobresteja o juiz apelado na causa e não proceda pelo feito em diante, sobresteja-se da execução da…).
Sobrosso – Embaraço; impedimento.
Socresto – Depósito de coisa litigiosa até se averiguar cuja ela é. Pessoa em cuja mão se faz o depósito.
Soer – Antiq.: costumar.
Soes | Sois – Somente.
Sofrença – Sofrimento; aflição; dor; angústia; padecimento; sofrimento… dos trabalhos.
Sogigar | Sugigar – Subjugar.
Sohia | Soia – Costumava.
Solau – Antigo romance em verso, ordinariamente acompanhado por música. Antiga canção de caracter melancólico, que lembra o romance trovadoresco.
Solaz – O que favorece, dá consolação e alívio ao próximo; distração; recreio; consolação; consolador.
Soldadeiro – Assoldado.
Solfa – Música; arte de solfejar. As notas da música.
Solia – Antigo tecido de lã; vestuário feito desse tecido. Fig.: escudeiro de solia, i.é. de baixa sorte, não fidalgo, nem de linhagem ou de solar conhecido.
Someter – Sujeitar; humilhar-se; subjugar; submeter.
Sopena – Sob pena.
Sopitar – Fazer adormecer, adormecer; abrandar, acalmar; refrear; enfraquecer; dar esperança a (Do latim sopitāre, frequentativo de sopīre, «adormecer»).
Sorretício – Sub-reptício.
Sortija | Sortilha | Sortelha – Anel empregado nos sortilégios e magia. Anel e joias de homem ou mulher.
Sota – Designativo de inferior.
Sota capitânea – Antiga nau que servia de capitania.
Sota capitão – Comandante de sota-capitânia.
Sotea – Varanda no alto da casa; casa baixa para tomar o fresco; sótão.
Soteia – Eirado ou terrado em substituição do telhado.
Sotil | Sotis – Subtil. Navios sotis; com as popas estreitas e agudas.
Soveral – Mata de sobreiros.
Spathario | Espatário – Gladiador; soldado do corpo da guarda dos soberanos bizantinos. Soldado armado de espata. (Latim Spatharius)
Suaquém – Coordenadas 19.108395, 37.32826. Cidade e porto, situada no Mar vermelho a sul de Porto Sudão, cerca de 56 km.
Suggeridor – Que sugere
Sugigador – Subjugador.
Sultana – Mulher ou filha de Sultão. A odalisca ou amásia do Sultão que dele teve algum filho. Fita ou faixa que as espanholas usavam ao pescoço como enfeite.
Sultão – Título do imperador dos turcos e de outros príncipes maometanos e tártaros. Senhor poderoso; príncipe absoluto. Homem que tem muitas amantes.
Sumagre - BOTÂNICA (Rhus coriaria) planta arbustiva, da família das Anacardiáceas, pode atingir cerca de três metros de altura e tem folhas ovadas a lanceoladas, flores alvacentas e frutos drupáceos, usados como condimento culinário; sumagreira. Pó que se obtém a partir da trituração das folhas, flores e casca dessa planta, usado no curtimento de couros, em tinturas e em medicina.
Sumilher – Reposteiro da casa real; reposteiro do paço.
Supito | Súpeto – Súbito; acelerado em ira, assomado; sobressaltá-lo, tomá-lo de improviso.
Supricação | Supricaçom – Suplicação.
Surgião – O mesmo que cirurgião.
Surgidouro – Lugar onde os navios surgem e estão ancorados; ancoradouro.
Surgir – Aportar; lançar ferro no porto.
Sus – Que vale tanto como acima, tende ânimo, erguei os espíritos.
Susão – Que está acima. Dizia-se especialmente dalgumas localidades divididas em duas partes, que se distinguiam pela sua posição. SUSANO; SUSÃO: superior, do alto, de cima.
Suserania | Suserano – Qualidade ou poder suserano; área da jurisdição de um suserano; domínio; autoridade. Senhor de um domínio, de cujos vassalos dependem outros que lhes rendem homenagem ou pagam tributo, senhor feudal; designação dada aos monarcas durante o regime feudal.
Sya | Syha | Sia – Variação antiq. do verbo ser; estava.
Syrtes – Bancos de areia muito perigosos; coisa muito perigosa e arriscada.

T

Tabaliadego – Ofício de tabelião.
Tabardo – Antigo capote de mangas e capuz. Veste medieval, semelhante a uma túnica sem mangas, usada sobre outras peças. Hábito usado pelos donatos da ordem dos carmelitas.
Tabaréu | Tabaréo – Soldado mal exercitado, inexperiente; soldado bisonho; soldado de ordenança. Homem acanhado, tímido.
Taboas – Quaisquer escrituras e em qualquer material exaradas.
Tabola – Peça de osso ou marfim, que se usa para jogar o gamão, as damas, etc.
Taboleta – Mostrador onde, nas lojas, estão as peças já feitas para se verem (de tabola).
Taifa – Conjunto de soldados e marinheiros que combatiam na tolda do navio e no castelo da proa ou guarneciam estes pontos. História: Nome dado aos reinos muçulmanos criados na Península Ibérica, após a dissolução da Califado de Córdova.
Talante | Talente | Talan – Vontade, desejo, arbítrio, a seu bel-prazer.
Talapão – Monge budista da Birmânia e de Sião.
Talar – Sulcar (um campo) para o escoar; devastar; destruir. (do castelhano talar, «idem»).
Taleiga – Saco, de maiores ou menores dimensões, próprio para transportar cereais e farinha. Antiga medida de líquidos e cereais.
Talentoso – Alegre; satisfeito; contente; desejoso.
Tam – Tão.
Tanadar | Tanadaria – Oficial que na Índia recebia as rendas da gancaria. Território da jurisdição do Tanadar.
Tanor, reino de – Tem por capital o porto de Tanur. Coordenadas: 10º58’N, 75º51’E.
Taracena | Tarecena | Tercena | Tarracena – Armazém; arsenal em que se construíam e guardavam os armamentos navais e tudo o que era pertença da marinha.
Tarima – Estrado com alcatifa, coberto com dossel.
Tartana – Pequena embarcação do Mediterrâneo, de forma alongada, com um mastro e vela latina; carroça coberta de toldo em arco e aberto nos dois topos.
Taumaturgia – Poder ou obra de taumaturgo. Taumaturgo: que ou aquele que opera milagres.
Tavoa – Tábua.
Tavolagem | Tabulagem – Dar; ter casa de jogo de tabolas, dados ou cartas; casa de jogo; vício de jogar.
– Até.
Tea de justas – Era o círculo, ou cerco, aliás liça, ou liçada dentro da qual se faziam as justas e torneios; as coisas postas em ordem.
Teedor | Tédor – O que atualmente tem, e possui; ocupa; peja; dá estorvo; senhor; possuidor. Teedor das estradas e caminhos: ladrão público, que à mão armada e violentamente, ocupa, tem e embarga estes lugares, roubando os passageiros.
Tégula – Telha; (encontrada em escavações arqueológicas).
Teiga – Vasilha de palha com feitio de cesto; antiga medida de cereais.
Teiró – Parte da fecharia dalgumas armas de fogo.
Teito – Teto.
Tenalha – Pequena construção de duas faces nas fortalezas, com um ângulo reentrante para o lado exterior; a tenalha doble, ou flanqueada, tem na frente quatro faces, que se flanqueiam reciprocamente cada duas, e formam dois ângulos reentrantes e três salientes.
Tendilhão – Tenda; barraca; tenda de campanha; pavilhão.
Tenência – O cargo de tenente, do que tem algum posto por outrem. Cargo, residência ou repartição de tenente; posse; domínio.
Tenens | Maiorino – Juiz supremo do rei, até ao século XIV. Em Portugal havia desde o princípio da monarquia tantos maiorinos, ou meirinhos mores, quantas eram as comarcas ou províncias em que ela se dividia. O seu ofício se exprimia pela palavra Tenens, que vem do latim teneutentum.
Terçado – Espada curta, curva e larga. Diz-se do pão feito de três qualidades de farinha, em partes iguais.
Terçaria – Depósito; reféns; segurança de contrato; certo direito de uma terça parte; intercessão; mediação; caução.
Tercena | Tarracena | Tarecena | Terecena – Armazém; arsenal em que se construíam e guardavam os armamentos navais e tudo o que era pertença da marinha.
Tercer – O mesmo que terceiro.
Terrada – Pequeno navio de guerra asiático. (Do árabe terrad)
Terrádego – Imposto que se paga pela ocupação de um terreno, em que se faz barraca de feira, ou se expõem quaisquer produtos à venda. Terreno ocupado para esse fim. O que se pagava de renda pela posse e cultura de terra alheia. Laudémio de quarentena.
Terranquim – Uma espécie de embarcação da Índia.
Teso – Alto do monte difícil de subir; monte alcantilado, o ingreme; cimo do monte; suster um negócio com firmeza, sem afrouxar.
Tetor – O mesmo que tutor.
Teúdo – Obrigado, constrangido.
Tigello | Tigelo – Vara que se empregava em certos jogos; tijolo.
TimbreHeráldica. Insígnia que se põe sobre o escudo d’armas, para distinguir os graus de nobreza. Insígnia, marca. Divisa. Divisa honrosa. Selo. Carimbo.
Tiorba – Instrumento de cordas, semelhante ao alaúde, muito usado entre os séculos XVI e XVII, distinguindo-se pelos seus dois braços ou cravelhais.
Tiro de besta – Distância de 200 metros.
Tisso – Tecido leve e ralo.
Titor – Pop. e ant. O mês mo que tutor.
Tiufadia – Designação de uma legião de mil soldados entre os Godos.
Toa – Corda de rebocar; sirga.
Tomadia – Presa, roubo, despojo, que se faz à força e com armas; ato de tomar conquistando, fazendo apreensão; coisa apreendida.
Tomar língua – Tomar informações.
Tombo – Inventário autêntico dos bens e terras de alguém com suas confrontações, rendas, direitos, encargos, demarcações, etc.
Tone – O mesmo que almadia; sorte de embarcação Asiática.
Toneletes – Toneletes das armaduras ou peitos das armas: são como fralda, ou fraldão, ou peças que descem da cintura, talvez até aos joelhos, como pernas separadas umas das outras. (do francês tonnelle, ou tonnellet)
Tornaises – Torneses. Torneses de prata do Sr. D. Pedro valeriam na moeda d’agora 40 reis.
TosteAntiquado: Breve; rápido; depressa. Logo sem demora, ligeira e apressadamente.
Toura | Tourá – O Pentateuco hebraico sobre o qual se tomava juramento aos judeus tolerados no reino.
Trabuco – Antiga máquina de guerra com que se expediam pedras contra praças; espécie de bacamarte.
Trager – Forma antiga de trazer.
Trager mal – Maltratar.
Tragimentos – Parece que do verbo antigo trager se disse tragimentos sendo certo que os procuradores dos povos levavam às Cortes todas as maldades e desordens que precisavam de correção e emenda. E estes eram os maus tragimentos ou as maldades trazidas e dadas em apontamentos ou capítulos a el-rei.
Trama – Chaga; íngua; postema; mal contagioso; doença de peste; mal endémico.
Trance – Angústia; aperto; aflição; adversidade; pressa na guerra e fação ariscada; combater-se a todo o trance: até à morte, aos extremos da vida (frase da cavalaria andante).
Tranqueira – Cerca de madeira, estacada, paliçada para fortificar e fazer defensável um posto, ou para corro, estacada.
Tranquibérnia - Popular: confusão; desordem; misturada; trapalhada; negócio de má-fé; falcatrua; trapaça; burla; tramoia; fraude.
Transtagano – De além (ao sul) do rio Tejo. Do latim trans-, «além de» +Tagu-, «Tejo» +-ano
Trauto – Um bom espaço de caminho; um terço de légua; avença; contrato.
Travanca – Empecilho; embaraço; obstáculo.
Través – Baluarte feito de sorte, que do lado do ângulo pudesse defender o outro lado do ângulo seguinte, e talvez paralelo.
Travou dele – Agarrou-o.
Trebelhar – Trabalhar; jogar; brincar; divertir-se; saltar; bailar.
Treçó – O macho de uma espécie de ave de rapina; última ave ou a mais inferior de uma ninhada de falcões ou açores.
Tredor | Tredo – Traidor; traiçoeiro; falso.
Tremeter – Atrever; entremeter-se.
Trena – Fita, ou tecido semelhante de seda, ou fio d'oiro.
Trepeça | Trepeço – Roda de madeira cravada sobre três peças que serve de assento aos sapateiros e outros mecânicos; tripeça.
Trespasso – Dilação; demora.
Tresvariar – Delirar; dizer disparates por ter o cérebro mal ordenado.
Treu – Pano das velas do navio.
Triaga | Theriaga – Substância muito amarga; mezinha; panaceia; recurso; auxílio.
Tribolo | Turíbulo – Objeto de culto no qual se queima o incenso; incensório.
Trigança – Afã, azafama.
Trigar-se – Apressar-se; azafamar-se; atrigar-se; envencilhar-se; emaranhar-se.
Tríglifo – Ornato arquitetónico num friso de ordem dórica, constando de três sulcos verticais.
Trigosamente – Rapidamente.
Trigoso – Apressado.
Trintairo – O mesmo que trintário; exéquias do trigésimo dia do falecimento.
Tripeiro – Vendedor de tripas; natural ou habitante do Porto. História: D. João I, com um luzido exército e uma grande armada, atravessa o Atlântico e conquista Ceuta. Esta armada saiu do Porto sob o comando do Infante D. Henrique. Os habitantes do Porto, para que a armada fosse abundantemente provida de víveres de boa qualidade, enviaram para bordo toda a carne escolhida, reservando, para se sustentarem, somente as entranhas, cabeças e miúdos das rezes. Foi desta circunstância que aos portuenses se pôs a alcunha de tripeiros; poucos terão uma origem tão patriótica e gloriosa. (Leal, Pinho; Portugal Antigo e Moderno, vol. 7º, pág. 292).
Tripó – Tripeça, com a diferença de ter assento de sola e os três pés unidos em um eixo.
Triumvir | Triúnviro – Magistrado membro de alguma junta, entre os Romanos, que constava de três juízes; membro de um triunvirato.
Trocer – Torcer.
Trom – Trovão - bombarda, canhão, ou seu som. Estrondo do canhão; nome dado às primeiras peças de artilharia; espécie de catapulta; grande ruído; estrondo; fragor para arremessar pedras. De origem onomatopeica (que imita o som daquilo que significa).
Trosquiar | Trusquiar – Tosquiar.
Trotão – Cavalo que anda a trote, corredor ligeiro.
Troufer | trouver – Usar, trazer.
Truão (bobo) – Pessoa que diverte as outras; palhaço. Do provençal truan, «idem».
Tumba – Espécie de maca onde se conduzem cadáveres à sepultura; esquife. Lápide sepulcral. Sepultura; sepulcro; túmulo.
Tuna – Vida de vadio; ociosidade. Andar à tuna, isto é, vagamundeando e como tunante.
Turcol – Convento.
Turdetano – Relativo à Turdetânia, antiga designação da província espanhola que correspondia à parte ocidental da Andaluzia.
Turgimão | Trugimão – Intérprete; que leva recados; faraute.
Tutão – Antigo e principal dignatário na corte da China; governador de província, na Ásia.

U

Ũa – Uma. Variação feminina de um.
Ucasse | Ucace – Decreto outrora emanado do imperador da Rússia.
Ucha – O mesmo que hucha. Ficar à hucha, ficar sem nada, ficar a chuchar no dedo.
Uchão | Eichão | Ichão – Despenseiro; caixeiro; o que tinha à sua conta a ucharia real.
Ucharia | Hucharia – Depósito de géneros alimentícios. Despensa; ucha. Casa onde se guardam as viandas. Prov. Abundância, fartura: é muito rico, tem em casa uma hucharia de tudo o que é preciso.
Ufania – Qualidade de que é ufano; vanglória; vaidade; ostentação.
Ulemás – Sábios ou doutores de leis entre os árabes e turcos.
Ultramontanismo - Doutrina dos que, em França, defendiam a concentração de todos os poderes e atribuições da Igreja Católica na pessoa do papa e da Cúria Romana, deslocando, assim, para além dos montes (os Alpes), a sede total dos poderes eclesiásticos (em oposição ao galicanismo), e que preconizava ainda a permanência do poder temporal dos papas.
Umanidade | Umano – Humanidade; Humano.
Umbella | Umbela – Pequeno pálio redondo. Guarda-sol; sombrinha.
Urca – Antiga embarcação portuguesa, muito larga. Pop.: mulher gorda e feia.
Urco – Cavalo forte e corpulento, também conhecido por frisão.
Úrgico – O mesmo que urgente.
Usso – O mesmo que urso, como hoje se diz.

V

Vadear - Passar a vau. Vencer (uma dificuldade).
Vagamundo | Vagamão – Vagabundo. Que ou o que corre o mundo sem finalidade determinada.
Val – Vale: palavra latina de que usavam nas despedidas; a despedida.
Valencina | Valancina – Pano de lã fina que se fabricava no reino de Valência.
Valhacouto | Valhacoito | Velhacouto – Lugar seguro, forte, defensável. Asilo; refúgio; esconderijo; abrigo; proteção; pretexto; disfarce. Encobrimento de defeitos ou intenções. Expediente, meio de encobrir os seus intentos, propósitos.
Váli – Antigo nome dos governadores árabes, em território de Espanha. Do árabe uali, «senhor», pelo francês vali, «idem».
Valido – Que goza da estima e proteção de alguém; querido, estimado, prezado; aquele que tem o apoio ou proteção de alguém mais poderoso; protegido; favorito.
Vanzear | Banzear – Mover-se o mar vagarosamente em grandes massas; quando está vanzeiro ou banzeiro.
Vara – Antiga medida de comprimento, equivalente a onze centímetros. Vento rijo na costa do Coromandel. Pano de varas; antigo tecido de lã, de fabrico nacional, espécie de saragoça.
Varga – Armadilha para pesca, espécie de rede. O mesmo que várzea ou veiga; terra plana e que na força do inverno, pela maior parte, se cobre de água.
Vario – Leviano; não firme, não assentado; sem ponderação; inconstante; ligeiro; leve; leve de juízo.
Vaso (náutica) – Peças em que se sustinha o casco do navio; envasadura.
Vate – Indivíduo que faz vaticínios; profeta; poeta: Do latim vate-, «idem»
Vedro – Velho; antigo (Torres Vedras – Torres Velhas). Nos campos: valado; tapume; cômoro; sebe.
VeedorAntiq. Vedor, donde se formou Veador ou Viador; Proveedor ou Provedor; mordomo-mor da casa do rei ou dos príncipes; veedores da fazenda real: que tratavam da sua recadação, despesa, etc.; juiz a que se deu a comissão de ver, fiscalizar; juiz d'ofícios que avalia o bem ou mal feito das obras dos respetivos mesteres.
Veeiro | Vieira – Pele delicada e preciosa; forro de peles caras.
Vegada – Vez.
Veiga | Varga - Várzea; planície cultivada e fértil. Regionalismo: terra de cultura de centeio ou de milho serôdio.
Vela – Guarda.
Vendicada – Arrebatada; tirada por violência.
Vendidiço – Vendido falsamente, ou que se finge vendido.
Veniaga - Artigo vendível; mercadoria; traficância. Fig.: falcatrua, trapaça, tranquibérnia.
Ventagem – Vantagem por uso; vantagem de avante, dianteira, melhoria, superioridade, excesso, a respeito de outro, no lugar, posto, sítio.
Vento suão – Vento quente e abafado que sopra do sul.
VerguetaHeráldica: pala estreita, nos brasões e escudos, que tem apenas a terça parte da largura ordinária.
Vestaes | Vestais | Vestálias – Antigas festas romanas em honra da deusa Vesta.
Vestal – Sacerdotisa da deusa Vesta; sacerdotisa virgem dedicada ao culto de Vesta, na antiga Roma. Relativo ou semelhante às sacerdotisas de Vesta. Mulher casta ou virgem; formosa; donzela.
Vexilo | Vexillo – Estandarte; insígnia. Antiga bandeira dos exércitos romanos.
Vezado | Avesado – Acostumado; habituado; cada uma das vezes que se pratica ou sucede qualquer coisa.
Vêzo – Costume censurável ou vicioso; qualquer hábito ou costume.
Viandas – Mantimentos.
Viático – Dinheiro ou provisão para a jornada. O Sacramento Eucarístico que se administra ao moribundo.
Vicinal – Vizinho; adjacente; próximo. Designativo dos caminhos ou estradas que põem em comunicação povoações do mesmo concelho.
Vico – Prédio rústico, entre os Romanos; bairro de uma cidade; aldeia.
Vigário – Aquele que substitui alguém. Sacerdote que substitui o prelado da diocese (vigário-geral) ou que é seu delegado em certas povoações (vigário da vara). Título do pároco em algumas freguesias; coadjutor do pároco de uma freguesia.
Vilão – Aquele que não era de linhagem nobre; plebeu; rústico; grosseiro.
Villãamente – De modo vilão.
Villagem – Vila.
Villico | Vílico – Abegão; feitor; caseiro. Antigo regedor de pequena localidade que arrecadava os impostos e administrava a justiça.
Vilta – Injúria; sem razão; afronta; vitupério; tratamento vil e com desprezo.
Viltar – O mesmo que aviltar.
Vínculo – Ligação entre pessoas estabelecida por lei, como é o caso da filiação, do casamento, dos contratos laborais, etc. Correlação ou relações obrigatórias de deveres, reconhecimento, prestanças, etc. Grupo de bens inalienáveis que se transmitem sem serem divididos; morgadio.
Vinhático – Madeira não muito dura, de cor amarelada, de boa qualidade para a fabrico de mobiliário.
Virote | Virotão – Seta curta, forte e grossa; peça que, nas antigas espadas, atravessava a parte superior dos copos.
Viso | Vizo – Vista; ares; aparências. O mesmo que vice.
Vitualha | Bitalha – Mantimentos; víveres; munições de boca; aguadas; refrescos (vitualhas).
Vitualha(s) – Mantimentos; víveres. Do latim tardio victualĭa, «idem».
Vivandeiro – Aquele que vende mantimentos nas feiras ou às tropas que acompanha.
Vizinho – Habitante.
Vizir | Wasir – Cada um dos principais oficiais do conselho, ou ministros do imperador (sultão) da Turquia. Ministro ou membro do supremo conselho do Emir. (Alexandre Herculano, tomo II)
Voda – Boda.
Voivoda – Designação dos antigos príncipes soberanos da Moldávia, Valáquia e de outros países. Cobrador de impostos. Designação atribuída a chefe militar ou administrativo em algumas regiões da Europa central e oriental. (do eslavo vaivod, pelo francês voïvode, «idem»)
Volataria | Volateria – Arte de caçar aves. Arte de caçar por meio de falcões ou outras aves; altanaria.
Voluta – Ornato espiralado muito utilizado no capitel da coluna jónica.

W

Wasir | Vizir – Cada um dos principais oficiais do conselho, ou ministros do imperador (sultão) da Turquia. Ministro ou membro do supremo conselho do Emir. (Alexandre Herculano, tomo II)

X

– Título do soberano da Pérsia.
Xabândar – Patrão de porto na Índia; no Guzarate o mesmo que cônsul de nação.
Xácara – Romance, seguidilha que se canta à viola, em som alegre. Narrativa popular em verso.
Xael (ou Xaer) – Costa do Iémen no golfo de Adén (Ash Shihr - 14º45'49"N, 49º36'16"E).
Xarel | Xairel - Cobertura da cavalgadura sobre que se põe o selim ou albarda. Vestido ou xaile de má qualidade ou em mau estado. Diz-se do cavalo que tem malha branca no dorso, na área onde assenta o selim ou sela; xairelado. Fraco; adoentado.
Xaveco | Chaveco – Pequena embarcação, mal construída ou velha; embarcação ordinária.
Xiraz – Cidade da Pérsia (atual Irão). Leite coalhado.
Xobregas - Formula antiga de Xabregas, antigo mosteiro de Lisboa.

Z

Zambuco – Embarcação de transporte asiática; sambuco. Do árabe sanbúq, «barca».
Zarguncho – Uma meia lança, azagaia d'arremesso usada dos Cafres.
Zeilá – Somália.
Zimbório – A parte mais e exterior da cúpula de um edifício.
Zorrague – Azorrague; chicote; látego.
Zuarte – Género de lençaria de algodão, que vem da Ásia. Pano azul ou preto de algodão; ganga azul.
Zumbáia | Zumbáya | Çalema – Cortesia profunda cos braços cruzados: çalema ou çumbaia (entre os Malaios), a qual cortesia é baixar a cabeça até aos joelhos e a mão direita no chão, e isto três vezes, antes que cheguem ao senhor, e chegados a ele, metem-lhe a cabeça entre as mãos, em sinal de que lha oferecem.

Bibliografia:
Dicionário da Língua Portuguesa (António Moraes da Silva – 1813 Tomo I – 1831Tomo II)
Dicionário da Língua Portuguesa (Fr. D. Rafael Bluteau, Tomo Primeiro/Segundo – 1789)
Dicionário da Língua Portuguesa (Candido de Figueiredo – 1913)
Elucidário das Palavras, Termos e Frases (Fr. Joaquim de Santa Rosa Viterbo – Tomo Primeiro/Segundo)
Diccionario Portatil das Palavras, Termos e Frases (Fr. Joaquim de Santa Rosa Viterbo, Imprensa Real da Universidade, Coimbra, 1825)
Infopédia – Dicionários Porto Editora