domingo, 14 de dezembro de 2014

Fernando Pessoa



Considerado como o mais universal dos poetas portugueses e um dos mais importantes escritores do modernismo em Portugal, Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa a 16 de Junho de 1888. O nome Fernando António talvez tenha surgido do facto de ter nascido no dia de S. António (Fernando de Bulhões).
Desde a infância que toda a sua vida foi marcada por acontecimentos nefastos, que muito terão contribuído para marcar a sua personalidade. Em 1893, com apenas cinco anos de idade, vê desaparecer o pai a quem era muito apegado, vitimado pela tuberculose aos 43 anos de idade, e a família é obrigada a leiloar parte dos seus bens e ir viver com a avó Dionísia. Um ano depois, com um ano incompleto, morre o seu irmão Jorge. Para compensar estas perdas, Pessoa encontra um amigo invisível, o seu primeiro heterónimo, através do qual escreve cartas a ele próprio.
Dois anos mais tarde, em 1895, escreve o seu primeiro poema. Em Dezembro desse ano a sua mãe casa, por procuração, com João Miguel Rosa, que fora nomeado cônsul de Portugal e, entretanto, partira para Durban, África do Sul. No ano seguinte, em Janeiro, é concedido o passaporte à sua mãe e a família parte para Durban, onde conclui, na escola de freiras irlandesas da West Stret, o curso primário e faz a primeira comunhão. (1897)
Ingressa no High School, em Durban (Abril/1899) e cria o seu pseudónimo Alexander Search. Mais tarde (1900) é admitido no terceiro ano do liceu, sendo considerado um aluno brilhante e, antes do final do ano, é promovido ao quarto ano. É também premiado em francês.
Em Junho de 1901, Pessoa é aprovado no exame da Cape School High Examination e é nessa altura que começa a escrever as primeiras poesias em inglês. Dá-se a morte da irmã Madalena Henriqueta. Em Agosto parte com a família para Portugal, visita a Ilha Terceira em Maio de 1902, e, em Junho, a família regressa a Durban mas Pessoa apenas volta para junto dos seus em Setembro.
Submete-se ao exame de admissão à Universidade do Cabo (1903) e consegue a melhor nota em inglês, ganhando o Prémio Rainha Vitória. Em Dezembro de 1904 termina os seus estudos na África do Sul.
Vem para Lisboa, em 1905, viver com a avó Dionísia, continuando a escrever poemas em inglês. Um ano depois, em Outubro, matricula-se no Curso Superior de Letras, que abandona ao fim de 2 anos e sem ter feito um único exame. Como a mãe e o padrasto voltam a Lisboa, Fernando Pessoa vai morar com eles e, algum tempo depois, vê desaparecer a irmã Maria Clara.
Com o regresso da família a Durban (1907), Pessoa volta a morar com a avó e, depois da desistência do Curso de Letras, acontece a morte desta. Fernando Pessoa estabelece uma tipografia mas por um curto período de tempo, pois esta não resulta. Começa então a trabalhar como correspondente estrangeiro em escritórios comerciais.
Dá-se uma intensa produção de poesia e prosa em inglês e francês e, por volta de 1910, também em português. Respeitado como intelectual, publica com regularidade o seu trabalho em revistas, algumas das quais ajuda a fundar e a dirigir (Orpheu, 1915, Olisipo, 1921 e Athena, 1924)). É em 1912 que publica na revista “Águia” o seu primeiro ensaio de crítica literária.
Em 1914 cria os heterónimos Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Bernardo Soares e escreve os poemas de “O Guardador de Rebanhos” e o “Livro do Desassossego”. Em 1915 sai o primeiro número da “Orpheu” e Pessoa decide “matar” Alberto Caeiro.
É em 1920 que Pessoa conhece a mulher que amou, Ofélia Queiroz, com quem nunca se permitiu uma relação amorosa, por se dedicar por completo à sua paixão pela poesia. Entretanto, a sua mãe, após a morte do segundo marido, deixa a África do Sul e regressa a Lisboa. Pessoa arrenda um andar para a família e foi aí, naquela que é hoje conhecida como a “Casa Fernando Pessoa”, que o poeta passou os últimos 15 anos da sua vida. Em Outubro desse ano, este vulto das nossas letras atravessa uma grande depressão, pensa em internar-se numa casa de saúde e rompe com Ofélia.
A 17 de Março de 1925 morre-lhe a mãe. Pessoa ainda dirige, algum tempo depois e com o seu cunhado, a “Revista do Comércio e Contabilidade”. Mais tarde colabora com a revista “Presença” e, mais tarde ainda, volta a relacionar-se com Ofélia para voltar a romper com ela algum tempo depois.
O seu único volume de versos portugueses que se publica em vida, “Mensagem”, sai em 1934. Trata-se de uma obra que aborda o glorioso passado de Portugal de forma encomiástica e tenta encontrar um sentido para a antiga grandeza e a decadência existente na época.
A 29 de Novembro de 1935, é internado com o diagnóstico de cólica hepática e morre no dia seguinte.
A sucessão de factos ocorridos na infância e adolescência viriam a influenciar a personalidade de Pessoa. Tímido, estudante brilhante, dotado de grande imaginação, não tendo amigos com quem brincar, refugiava-se nos amigos imaginários com quem trocava confidências e desabafos.
Desde muito novo, Pessoa sentiu necessidade de escrever por alguém que não ele próprio. Daí a profusão de heterónimos dotados de variadas personalidades.
Homem muito reservado e solitário, era no entanto afetuoso e bem-humorado. Meditativo, escrevia afanosamente em cadernos de notas, folhas soltas, verso de cartas, anúncios, papel timbrado das firmas para as quais trabalhava e dos cafés que frequentava, subscritos, nas margens dos textos, etc., acumulando os seus escritos ao longo dos anos e deixando-nos um valioso espólio de textos em poesia, peças de teatro, filosofia, crítica literária, etc.
Aos seus heterónimos, os “outros eus”, Pessoa dotou-os de biografias, características físicas, visões políticas, religiosas e atividades literárias próprias. Algumas das suas obras mais memoráveis escritas em português são atribuídas aos quatro heterónimos principais – Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares, este último é considerado como um semi-heterónimo por possuir muitas semelhanças com o seu ortónimo e não ter uma personalidade muito característica.

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