Considerado o mais universal poeta português, Fernando Pessoa, por ter
sido educado na África do Sul, teve maior familiaridade com a língua inglesa do
que com a portuguesa. É um paradoxo num dos maiores vultos da nossa literatura.
O poeta publicou em vida apenas quatro obras, das quais três são em
inglês, tendo-se dedicado à tradução de várias obras inglesas para português e
algumas outras de autores nacionais para o inglês.
Apesar de conviver com os amigos, este ícone da língua portuguesa era
um homem solitário,reservado, com tendência para o isolamento, mesmo daqueles
que lhe eram mais próximos.
Remetido aos seus silêncios e cogitações, Pessoa encontrou refúgio na
escrita, expressando, quer através do seu ortónimo, quer das multifacetadas
personalidades dos vários heterónimos, todo o seu lirismo poético.
Através
da sua obra, o poeta soube transmitir a sua subjetividade, a forma como sentiu
as suas dores “Que chega a fingir que é dor / A
dor que deveras sente” (Autopsicografia), assim como as dos outros
“Ó sino da minha aldeia, / Dolente na tarde
calma,” (Ó sino da minha aldeia), através da intelectualização das
emoções. Por isso ele diz àqueles que o acusam de mentir: “Eu simplesmente sinto / Com a imaginação. /
Não uso o coração.” (Isto).
Na
sua obra, o artista exprimiu não as emoções do momento, mas sim mais
tarde a sua idealização, a possibilidade de as sentir através de uma atitude pensada, refletida, onde a
razão se sobrepôs à emoção, dando uso à imaginação.
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