Do ponto de vista religioso, parece que a vida só tem sentido quando o
seu fim último é alcançar a felicidade eterna. Então, a passagem terrena não é
mais do que um calvário de sacrifícios, de mortificações, sem os quais não conseguiremos
o currículo necessário que nos permita obter o passaporte para entrar no céu.
Deste ponto de vista, até o mais inocente sonho de felicidade terrena pode ser
pecaminoso e um entrave para «a verdadeira felicidade», que só poderá ser
eliminado do nosso historial mediante um verdadeiro arrependimento e
cumprimento do competente castigo. A vida terrena é uma mera passagem da nossa
existência para chegar ao bem celestial e «todos os sacrifícios» são uma
mais-valia para alcançar o objetivo final.
Contudo, para aqueles que não acreditam no misticismo mas acreditam que
a vida é a nossa existência enquanto seres que habitam o planeta e termina para
sempre com a morte, faz todo o sentido a procura constante da felicidade, da
nossa felicidade e daqueles que nos são próximos, de sonhar e procurar realizar
os nossos sonhos, de procurarmos ser felizes o mais possível e sentirmos que
contribuímos para a felicidade dos outros, de nos sentirmos realizados.
Para cada um de nós a vida terá um sentido. Se para uns faz sentido arrostar
com todos os sacrifícios para alcançar a felicidade eterna, para outros faz
todo o sentido viver na procura (sempre) da felicidade, sonhar (principalmente
acordado) e procurar realizar os seus sonhos sabendo que a vida nos traz muitos
escolhos, mas é precisamente nas vitórias mais difíceis que a felicidade atinge
o seu pleno.
No fundo, a vida é uma ilusão. Todos nós vivemos na procura dessa
ilusão que é a felicidade. Uma felicidade que não é perene, mas bastas vezes
efémera.
Uns gozam-na mais, outros têm menos, mas cada caso é um caso e não há
medida quantificável para isso.
Sem comentários:
Enviar um comentário