O negócio da arte deve obedecer
às leis do mercado? A arte não é, também, um negócio?
Afinal de que vivem os artistas?
Não é, na maior parte dos casos, senão das suas obras?
A partir do século XVI ter-se-á consolidado
uma cultura erudita, alta cultura ou cultura cultivada, própria dos grupos
sociais dominantes. Eram estes os mecenas, os protetores e os principais
compradores das obras de arte produzidas pelas elites dos criadores culturais. Possivelmente,
nem todos teriam a faculdade de apreciar a verdadeira arte, segundo os cânones
da época, mas contribuíam dessa forma para a sustentação dos artistas e para
manter a sua aparência de classe erudita.
Já o conceito de cultura popular
está intimamente ligado ao processo de urbanização que se desenvolve a partir
de revolução industrial, e ao despertar de uma outra forma de cultura – a
cultura de massas – divulgada pelo romantismo e que ocupará no imaginário da
burguesia oitocentista as memórias de uma sociedade em declínio.
Nos países industrializados, o
aumento da produção, dos rendimentos familiares e dos tempos livres
proporcionou o acesso a uma variada gama de produtos, desde o consumo ao lazer
passando pelos culturais, assistindo-se ao nascimento – no século XX – de uma
das mais importantes indústrias, a indústria cultural.
A situação começou a ser rapidamente alterada após a segunda Guerra Mundial
e as diferenças na fruição das artes passaram a ser feitas em função de grupos
culturais, que não coincidem necessariamente com grupos sociais, tornando-se
evidente a importância dos críticos, historiadores de arte, curadores e outros,
especializados na seleção dos vanguardistas e a influenciarem a compra das suas
obras pelos grupos sociais dominantes ou instituições públicas.
No estudo da sociologia da arte encontram-se vários fatores que intervêm do
ponto de vista social na criação artística, como a situação social da artista
ou a estrutura social do público, passando pelos mais específicos: mecenato,
mercantilismo e comercialização da arte – as galerias de arte, a crítica de
arte, os colecionadores, os museus, as instituições e fundações artísticas, e
outros, com especial destaque para a difusão dos meios de comunicação: a
cultura de massas e a moda, a incorporação de novas tecnologias e a abertura de
conceitos na criação material da obra de arte (arte conceptual, arte de ação).
A massificação da arte facilita o
seu acesso ao grande público. Se no passado a arte era do domínio dos artistas
que produziam para os seus senhores, que a ostentavam como forma de riqueza,
poder, moda e cultura, hoje as diversas formas artísticas estão acessíveis ao
grande público. Podemos admirá-las visitando os monumentos arquitetónicos, os
museus, adquirir obras literárias ou musicais, assistir a espetáculos
artísticos, entre outros.
Ontem como hoje, a arte sempre um
foi negócio, de que geralmente o artista, o criador da arte, nem sempre é o
principal beneficiado. Argumenta-se que a sua massificação leva ao esquecimento
daquilo que é a essência da arte, conduzindo à sua banalização. Da mesma forma,
este negócio, leva muitos artistas a produzirem obras efémeras, que facilmente
entram no circuito comercial, alcançam fama e são moda, rendem proveitos para
quem produz e vende, mas depressa são esquecidas, talvez por que realmente não
são verdadeiras obras de arte.
O consumo da arte pelas grandes
massas, sendo um avanço civilizacional, suscita interesse pelo negócio não
fugindo às leis do mercado e importa, para que não se caia na banalização, que
este privilégio seja acompanhado de algo que é muito importante, o
conhecimento, para que se possa fruir da experiência estética, sentir a obra,
dialogar, sentir interesse, entrega e experiência emocional.
A cultura e as artes desempenham um papel importante no desenvolvimento dos
atores (todos nós) que compõem as organizações. Através das artes temos a
representação simbólica da sociedade, dos seus traços espirituais, materiais,
intelectuais e emocionais, o seu modo de vida, sistema e valores, tradições e
crenças. A cultura de um país só pode ser entendida se conhecermos as suas
artes. A arte na educação como expressão pessoal e como cultura é um importante
instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento.
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