sábado, 12 de março de 2016

A Arte como mercadoria e bem de consumo

O negócio da arte deve obedecer às leis do mercado? A arte não é, também, um negócio?
Afinal de que vivem os artistas? Não é, na maior parte dos casos, senão das suas obras?
A partir do século XVI ter-se-á consolidado uma cultura erudita, alta cultura ou cultura cultivada, própria dos grupos sociais dominantes. Eram estes os mecenas, os protetores e os principais compradores das obras de arte produzidas pelas elites dos criadores culturais. Possivelmente, nem todos teriam a faculdade de apreciar a verdadeira arte, segundo os cânones da época, mas contribuíam dessa forma para a sustentação dos artistas e para manter a sua aparência de classe erudita.
Já o conceito de cultura popular está intimamente ligado ao processo de urbanização que se desenvolve a partir de revolução industrial, e ao despertar de uma outra forma de cultura – a cultura de massas – divulgada pelo romantismo e que ocupará no imaginário da burguesia oitocentista as memórias de uma sociedade em declínio.
Nos países industrializados, o aumento da produção, dos rendimentos familiares e dos tempos livres proporcionou o acesso a uma variada gama de produtos, desde o consumo ao lazer passando pelos culturais, assistindo-se ao nascimento – no século XX – de uma das mais importantes indústrias, a indústria cultural.
A situação começou a ser rapidamente alterada após a segunda Guerra Mundial e as diferenças na fruição das artes passaram a ser feitas em função de grupos culturais, que não coincidem necessariamente com grupos sociais, tornando-se evidente a importância dos críticos, historiadores de arte, curadores e outros, especializados na seleção dos vanguardistas e a influenciarem a compra das suas obras pelos grupos sociais dominantes ou instituições públicas.
No estudo da sociologia da arte encontram-se vários fatores que intervêm do ponto de vista social na criação artística, como a situação social da artista ou a estrutura social do público, passando pelos mais específicos: mecenato, mercantilismo e comercialização da arte – as galerias de arte, a crítica de arte, os colecionadores, os museus, as instituições e fundações artísticas, e outros, com especial destaque para a difusão dos meios de comunicação: a cultura de massas e a moda, a incorporação de novas tecnologias e a abertura de conceitos na criação material da obra de arte (arte conceptual, arte de ação).
A massificação da arte facilita o seu acesso ao grande público. Se no passado a arte era do domínio dos artistas que produziam para os seus senhores, que a ostentavam como forma de riqueza, poder, moda e cultura, hoje as diversas formas artísticas estão acessíveis ao grande público. Podemos admirá-las visitando os monumentos arquitetónicos, os museus, adquirir obras literárias ou musicais, assistir a espetáculos artísticos, entre outros.
Ontem como hoje, a arte sempre um foi negócio, de que geralmente o artista, o criador da arte, nem sempre é o principal beneficiado. Argumenta-se que a sua massificação leva ao esquecimento daquilo que é a essência da arte, conduzindo à sua banalização. Da mesma forma, este negócio, leva muitos artistas a produzirem obras efémeras, que facilmente entram no circuito comercial, alcançam fama e são moda, rendem proveitos para quem produz e vende, mas depressa são esquecidas, talvez por que realmente não são verdadeiras obras de arte.
O consumo da arte pelas grandes massas, sendo um avanço civilizacional, suscita interesse pelo negócio não fugindo às leis do mercado e importa, para que não se caia na banalização, que este privilégio seja acompanhado de algo que é muito importante, o conhecimento, para que se possa fruir da experiência estética, sentir a obra, dialogar, sentir interesse, entrega e experiência emocional.
A cultura e as artes desempenham um papel importante no desenvolvimento dos atores (todos nós) que compõem as organizações. Através das artes temos a representação simbólica da sociedade, dos seus traços espirituais, materiais, intelectuais e emocionais, o seu modo de vida, sistema e valores, tradições e crenças. A cultura de um país só pode ser entendida se conhecermos as suas artes. A arte na educação como expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento.
Fontes:

Sem comentários:

Enviar um comentário