sábado, 19 de março de 2016

A CAPACIDADE PROSPETIVA

[Prospetivo: que faz ver longe ou adiante. (Do latim prospectīvu-, «relativo a prospetiva» Infopédia; dicionários Porto Editora). Prospetiva: Conjunto de investigações que têm por fim a previsão a longo prazo no domínio das ciências humanas. (idem)]

É crescente a importância dos estudos prospetivos pois eles são componentes fundamentais para políticas e estratégias de inovação, não só como meios de ampliar a capacidade de antecipação, mas também de estimular a organização dos sistemas de inovação.
A prospetiva ensina-nos que o futuro está por realizar e depende da visão de quem o constrói. O contexto em que vivemos exige-nos um constante esforço de reflexão prospetiva face ao aumento de incertezas. A multiplicação das interdependências, a aceleração da mudança em diversos domínios e a acentuação da inércia noutros, fazem-nos viver num mundo de incerteza e mudança.
No início, os estudos prospetivos procuravam maximizar a capacidade de previsão dos avanços da ciência e da tecnologia. No entanto, nas sociedades modernas, a prospetiva impõe-se também face à conjugação de dois fatores antagónicos: as constantes mudanças no domínio da tecnologia, da economia e do tecido social, para as quais é importante haver uma visão a longo prazo, e a resistência ligada às estruturas sociais e aos comportamentos enraizados.
As mudanças tecnológicas, económicas e sociais acontecem continuamente e a grande velocidade, obrigando as organizações a grandes transformações.
A aceitação ou a resistência à mudança dependem muito de três fatores essenciais: a utilidade da mudança, a adequação ou conveniência da mudança e a rotina de um sistema social.
A resistência à mudança é reconhecida como uma resposta inevitável e um fator importante que pode condicionar o sucesso dessa mudança. Está associada à forma de lidar com mudanças, o medo do desconhecido, a proteção de interesses ou mesmo desconfiança com base em experiências passadas. A resistência não acontece por si só, mas face às incertezas e resultados potenciais que a mudança pode causar. Como tal, desempenha um papel essencial chamando a atenção para aspetos da mudança que podem ser inapropriados, mal pensados ou, simplesmente, errados.
A previsão de possíveis atitudes ou sentimentos de resistência pode ser um passo muito útil para antecipar quaisquer problemas potencialmente sérios que poderiam surgir pela implementação da mudança proposta ou da forma de a instituir.
Consultas:
http://www.aedb.br/seget/artigos09/243_UMA%20PROPOSTA%20DE%20MODELO%20PARA%20AVALIAR%20A%20RESISTENCIA%20A%20MUDANCA_seget.pdf

sábado, 12 de março de 2016

A Arte como mercadoria e bem de consumo

O negócio da arte deve obedecer às leis do mercado? A arte não é, também, um negócio?
Afinal de que vivem os artistas? Não é, na maior parte dos casos, senão das suas obras?
A partir do século XVI ter-se-á consolidado uma cultura erudita, alta cultura ou cultura cultivada, própria dos grupos sociais dominantes. Eram estes os mecenas, os protetores e os principais compradores das obras de arte produzidas pelas elites dos criadores culturais. Possivelmente, nem todos teriam a faculdade de apreciar a verdadeira arte, segundo os cânones da época, mas contribuíam dessa forma para a sustentação dos artistas e para manter a sua aparência de classe erudita.
Já o conceito de cultura popular está intimamente ligado ao processo de urbanização que se desenvolve a partir de revolução industrial, e ao despertar de uma outra forma de cultura – a cultura de massas – divulgada pelo romantismo e que ocupará no imaginário da burguesia oitocentista as memórias de uma sociedade em declínio.
Nos países industrializados, o aumento da produção, dos rendimentos familiares e dos tempos livres proporcionou o acesso a uma variada gama de produtos, desde o consumo ao lazer passando pelos culturais, assistindo-se ao nascimento – no século XX – de uma das mais importantes indústrias, a indústria cultural.
A situação começou a ser rapidamente alterada após a segunda Guerra Mundial e as diferenças na fruição das artes passaram a ser feitas em função de grupos culturais, que não coincidem necessariamente com grupos sociais, tornando-se evidente a importância dos críticos, historiadores de arte, curadores e outros, especializados na seleção dos vanguardistas e a influenciarem a compra das suas obras pelos grupos sociais dominantes ou instituições públicas.
No estudo da sociologia da arte encontram-se vários fatores que intervêm do ponto de vista social na criação artística, como a situação social da artista ou a estrutura social do público, passando pelos mais específicos: mecenato, mercantilismo e comercialização da arte – as galerias de arte, a crítica de arte, os colecionadores, os museus, as instituições e fundações artísticas, e outros, com especial destaque para a difusão dos meios de comunicação: a cultura de massas e a moda, a incorporação de novas tecnologias e a abertura de conceitos na criação material da obra de arte (arte conceptual, arte de ação).
A massificação da arte facilita o seu acesso ao grande público. Se no passado a arte era do domínio dos artistas que produziam para os seus senhores, que a ostentavam como forma de riqueza, poder, moda e cultura, hoje as diversas formas artísticas estão acessíveis ao grande público. Podemos admirá-las visitando os monumentos arquitetónicos, os museus, adquirir obras literárias ou musicais, assistir a espetáculos artísticos, entre outros.
Ontem como hoje, a arte sempre um foi negócio, de que geralmente o artista, o criador da arte, nem sempre é o principal beneficiado. Argumenta-se que a sua massificação leva ao esquecimento daquilo que é a essência da arte, conduzindo à sua banalização. Da mesma forma, este negócio, leva muitos artistas a produzirem obras efémeras, que facilmente entram no circuito comercial, alcançam fama e são moda, rendem proveitos para quem produz e vende, mas depressa são esquecidas, talvez por que realmente não são verdadeiras obras de arte.
O consumo da arte pelas grandes massas, sendo um avanço civilizacional, suscita interesse pelo negócio não fugindo às leis do mercado e importa, para que não se caia na banalização, que este privilégio seja acompanhado de algo que é muito importante, o conhecimento, para que se possa fruir da experiência estética, sentir a obra, dialogar, sentir interesse, entrega e experiência emocional.
A cultura e as artes desempenham um papel importante no desenvolvimento dos atores (todos nós) que compõem as organizações. Através das artes temos a representação simbólica da sociedade, dos seus traços espirituais, materiais, intelectuais e emocionais, o seu modo de vida, sistema e valores, tradições e crenças. A cultura de um país só pode ser entendida se conhecermos as suas artes. A arte na educação como expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento.
Fontes: