segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Curiosidade – A história do «molete»



Pensa-se que «molete» é o aportuguesamento do nome do general francês Mollet (ou Moulet), um dos comandantes do exército inimigo quando das invasões francesas. O molete é um pão em forma de bola tal como outros produtos similares de padaria conhecidos noutras regiões por: trigo, carcaça, papo-seco, ou simplesmente um pão.
Atribui-se a origem do nome “molete” à região de Valongo, pois era aí que se produzia o pão que se consumia na cidade do Porto. Tradicionalmente um pão demasiado grande, para consumo individual, a Regueifa.
Aconteceu que quando das invasões francesas o general Moulet (ou Mollet) tomou de assalto o Convento que é hoje o Colégio da Formiga, em Ermesinde, aí aquartelou as suas tropas e se tornou um grande apreciador desse pão, não o dispensando ao pequeno-almoço todos os dias.
Em virtude de ter um exército para alimentar e, face à crise de cereais existente, determinou que o pão teria que ser mais pequeno e em doses individuais.
Na localidade, os padeiros tinham que ter o pão, sempre fabricado durante a noite, pronto à mesma hora. Já que eram obrigados a confecionar os pães pequenos para o exército, faziam mais alguns para venda.
Assim, quando carregavam as cestas com o pão que iam para o Porto, como não sabiam falar francês, diziam: lá vai o pão para o Molete!
E foi assim que os pãezinhos pequenos começaram a ser conhecidos como “moletes”. Como se verificou ser uma ideia bastante prática, passaram a ser fornecidos às populações até aos nossos dias.
Uma outra explicação para o nome deste tipo de pão conta que um soldado do exército de Soult optou por ficar pelo Porto e aí se dedicou à profissão que exercia em França – padeiro – introduzindo no país o "pain mollet", por oposição ao pão duro (broa), sendo adotado imediatamente pelo povo portuense como "molete".
Circulam outras versões sobre a origem do nome «molete», mas todas sempre à volta do mesmo evento: as invasões francesas.
Há, no entanto, quem atribua a origem do nome a uma influência castelhana, porém, este vocábulo é referido no foral que D. Manuel I outorgou à vila de Monção (Santa Rosa Viterbo,  Elucidário). No Dictionarium ex Lusitanico in Latinium Sermonem, de 1562, é referido «molete» como molliculus panis, assim como no Vocabulário Portuguez e Latino (1716) aparece como panis molior. Em Espanha, o Tesoro de la Lengua Catellana o Española (1611) menciona o mollete como el pan regalado y blando.
Uma outra versão dá-nos conta que este tipo de pão terá sido uma criação dos cozinheiros de Catarina de Médicis (1519/1589), cônjuge de Henrique II de França, confecionado com leite, sal e levedura de cerveja, conhecido como pain mollet e que terá provocado grande furor em Paris. O uso da levedura de cerveja provocou grande polémica sendo considerada como prejudicial à saúde, passando a ser utilizado o tradicional fermento. Fruto de inovações tecnológicas a panificação francesa sofreu uma grande incrementação, a qualidade do seu pão conquistou a Europa e Portugal não foi exceção.
Ao que parece o pão «molete» terá surgido, eventualmente por influência castelhana, na região de Entre Douro e Minho, passando a ser de consumo corrente. As invasões francesas terão reforçado o seu consumo na cidade do Porto e áreas circundantes.
O certo é que este tipo de pão é a imagem de marca das gentes do Norte.

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