Profundamente influenciado pelas consequências
negativas do mundo tecnológico em que vivemos, o homem sofre de uma perda do
sentido dos valores humanos. De uma sociedade em que os valores familiares, a
convivência social, a amizade e a solidariedade eram valores fundamentais, e os
objetos elementos acessórios com o fim de proporcionar algum conforto e
segurança, vamos sendo reduzidos cada vez mais a uma sociedade voltada para o
culto materialista. De uma sociedade humanizada vamos passando progressivamente
a uma sociedade objeto. De um mundo humano a um mundo-coisa.
Os exemplos da segunda guerra mundial e as
experiências científicas então realizadas nos campos de concentração, a
continuidade dos conflitos regionais que têm alastrado pelo globo até aos dias
de hoje; a dominação, a subjugação dos povos, a ganância que conduzem
populações à miséria e à escravidão, são a demonstração de que se a ciência e a
tecnologia que têm como fim único o benefício do homem, também podem ser
utilizadas com fins perversos.
Face a estas anomalias e desorganização impera um
espírito de irreflexão e confusão. Não é fácil ao homem de hoje conciliar uma
reflexão sobre o sentido da sua existência com a velocidade vertiginosa dos
meios de transporte e do ritmo de trabalho, com o ritmo das cidades, com a
pressa com que se vive e comunica. Os espantosos avanços da ciência e da
técnica geram nos meios de comunicação o culto do consumismo; esvai-se o
humanismo do homem e emerge a conceção rigorosamente neutra do homem-objeto. A
ciência e a técnica parecem estar, nos nossos dias, mais ao serviço das
estratégias do poder instituído e das multinacionais do que do bem-estar da
humanidade.