sábado, 22 de novembro de 2014

Um pequeno retrato de Fernando Pessoa


Considerado o mais universal poeta português, Fernando Pessoa, por ter sido educado na África do Sul, teve maior familiaridade com a língua inglesa do que com a portuguesa. É um paradoxo num dos maiores vultos da nossa literatura.
O poeta publicou em vida apenas quatro obras, das quais três são em inglês, tendo-se dedicado à tradução de várias obras inglesas para português e algumas outras de autores nacionais para o inglês.
Apesar de conviver com os amigos, este ícone da língua portuguesa era um homem solitário,reservado, com tendência para o isolamento, mesmo daqueles que lhe eram mais próximos.
Remetido aos seus silêncios e cogitações, Pessoa encontrou refúgio na escrita, expressando, quer através do seu ortónimo, quer das multifacetadas personalidades dos vários heterónimos, todo o seu lirismo poético.
Através da sua obra, o poeta soube transmitir a sua subjetividade, a forma como sentiu as suas dores “Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente” (Autopsicografia), assim como as dos outros “Ó sino da minha aldeia, / Dolente na tarde calma,” (Ó sino da minha aldeia), através da intelectualização das emoções. Por isso ele diz àqueles que o acusam de mentir: “Eu simplesmente sinto / Com a imaginação. / Não uso o coração.” (Isto).
Na sua obra, o artista exprimiu não as emoções do momento, mas sim  mais tarde  a sua idealização, a possibilidade de as sentir através de uma atitude pensada, refletida, onde a razão se sobrepôs à emoção, dando uso à imaginação.