sábado, 25 de agosto de 2012

O processo de desmaterialização da moeda e o €uro


Desde a moeda-mercadoria até hoje, passando pela moeda-metálica, papel-moeda, moeda fiduciária e moeda escritural, tem-se desenvolvido um longo processo de desmaterialização da moeda. Ou seja, a moeda foi perdendo o seu conteúdo material e passou a ser formada por meros registos contabilísticos, deixando de ter realidade material.
Atualmente circulam enormes quantias entre contas bancárias no mesmo país, ou entre países, constituindo mais um passo no processo de desmaterialização da moeda. Grande parte das transações atuais são efetuadas através da movimentação contabilística de depósitos por via informática.
Regra geral a moeda desempenha três funções:
- Meio de pagamento ou instrumento geral de trocas, pois sendo aceite por todos, é utilizada na aquisição de todos os bens;
- Unidade de conta ou medida de valor, visto ser através da moeda que se mede o valor dos bens entre si, isto é, o seu preço;
- Reserva de valor, que se traduz na possibilidade de se conservar moeda por algum tempo, utilizando-a mais tarde.
A motivação política que levou à introdução do Euro foi aprimorar a solidariedade política dos países europeus. Embora tenha um efeito económico de unificação das economias das nações participantes, a moeda comum faz muito mais pela União Europeia.
As vantagens económicas do euro compreendem:
- Eliminação da flutuação das taxas de câmbio. O euro elimina as flutuações do valor do dinheiro através de certas fronteiras;
- Transparência de preços. Os preços variam, mas os consumidores podem identificar bons, ou maus negócios mais facilmente. Cada país pode desenvolver melhor a sua vocação económica para determinados produtos;
- Custos de transação. Particularmente útil para turistas e outros que atravessam diversas fronteiras durante o percurso de uma viagem. Com o euro, deixou de ser necessário troca de moeda dentro dos países aderentes;
- Aumento do comércio entre fronteiras. A transparência dos preços, a eliminação das taxas de câmbio e a eliminação dos custos de transações de câmbio contribuiu para o aumento do comércio entre países da Europa;
- Faturação simplificada. Com a entrada do euro, a faturação dos produtos, serviços e outros tipos de pagamento, foram simplificados;
- Expansão de mercados. Permitiu expandir mais facilmente os negócios para países vizinhos, pois o euro torna mais simples os sistemas de contabilidade bancária para transações entre países;
- Estabilidade do mercado. Em larga escala o mercado financeiro e a bolsa de valores pode relacionar cada instrumento financeiro em euros em vez de fazê-lo na denominação de cada país;
- Estabilidade macroeconómica. Por causa do Banco Central Europeu, a introdução do euro ajuda a reduzir e a controlar a inflação entre os países da EU;
- Baixas taxas de juro. Em virtude da reduzida taxa de risco de câmbio, o euro encoraja taxas de juro menores, deixando de ser cobrados juros adicionais para cobrir o risco de uma flutuação na taxa de câmbio;
- Reforma estrutural das economias europeias. Para participar na moeda única os países aderentes foram forçados a deixar as suas economias em boa forma e a melhorar o seu crescimento económico.
Desvantagens e riscos do euro:
A introdução da moeda única requereu uma enorme tarefa de organização, planeamento e implementação. A mudança de sistemas contabilísticos, mudança de programas, de material, de máquinas de venda, etc., que acarretou enormes custos. A possibilidade de um choque económico pela introdução da moeda única, pois cada país aderente deixou de ter controlo sobre a flutuação monetária, como no passado.
- Sem moeda própria, os países deixam de poder ajustar as taxas de juro para encorajar investimentos e o consumo interno;
- Deixa de haver a possibilidade de desvalorização monetária, ajustando a taxa de câmbio, em declínio económico, desencorajando as exportações e dificultando a recuperação económica.
- Os governos são forçados a manter os seus défices dentro das exigências do Pacto de Estabilidade e Crescimento, restringindo-se a liberdade de gastar durante os períodos economicamente difíceis, limitando a eficácia de retirar o país de uma recessão.

Sem comentários:

Enviar um comentário