O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos.Friedrich Nietzsche

sábado, 28 de maio de 2011

Aprendizagem ao longo da vida

Aquilo que somos hoje é o reflexo daquilo por que passamos e reflectir-se-á nos actos e atitudes do nosso futuro.
Quando em crianças, sentíamos fascínio e admiração por pessoas com conhecimentos acima da mediania que nos rodeavam; o professor, o médico, o advogado e pessoas que pouco mais estudaram para além da instrução primária ou mesmo não tendo passado disso, eram ouvidas com atenção, com respeito e as suas opiniões eram merecedoras de encómios mesmo que não merecessem total aprovação, não deixávamos de sonhar de um dia vir a ser também assim, de nos ser reconhecida alguma importância e de podermos contribuir para o bem, pelo menos, daquele núcleo da sociedade à nossa volta.
Se o sonho comanda a vida, também cedo aprenderíamos que muitos dos nossos sonhos iriam cair por terra e que a realidade seria até cruel, pois muitos dos sonhos de criança ou adolescente estavam dependentes, não só de nós, da nossa vontade, mas do projecto de vida que os ascendentes tinham para a nossa realização pessoal, projectos esses condicionados pelas tradições, seus pontos de vista, condições do meio e condições económicas ou outras.

sábado, 21 de maio de 2011

Falar Português



Não é fácil fazer um levantamento de expressões ou vocábulos característicos desta ou daquela região, porque se nela (região) estamos inseridos, eles nos são tão familiares que passam despercebidos, pelo que só quem viaja e contacta com alguma frequência com o povo de outras regiões, poderá ter uma percepção das diferenças no seu linguajar.
De qualquer maneira, os vocábulos ou expressões do norte, do centro, do sul, do madeirense ou do açoriano; minhoto, transmontano, beirão, alentejano ou algarvio, são formas muito características do nosso digníssimo falar português e, realçando a peculiar troca dos Vês pelos Bês do povo do norte, não me parece que se fale assim tão mal como por vezes se quer fazer crer.
Acho até natural que este nosso polifónico verbo português sofra alguns atropelos por parte dos menos letrados, o que não concebo é que os maus exemplos, contrariamente ao que seria expectável, como hoje se diz, venham de cima, dos que se consideram «instruídos»; de quem tem a missão de dirigir, ensinar, corrigir e informar. Quase diariamente se ouve nos noticiários das rádios e televisões e se lê nos jornais, relatos de acidentes de viação ou de aviação, de atentados bombistas, naufrágios, catástrofes, etc., onde se “fazem” mortos e feridos; de senhoras a quem lhes esticaram a dizerem-nos que “fizeram” uma plástica; na rádio e televisão, quando se referem à idade de uma pessoa, por exemplo, dizem que tem “vintanos”, “vintissetanos” ou “vintoito” ou “vintinovianos”, em vez de “pode levá-la” preferem o “pode a levar” e então lá vai o “podiá levar”, o “que atinge” passa a o “catinge”, o “também” agora virou “támém” e o médico de família a quem me queixo quando algo não está bem com a minha saúde, já por diversas vezes me mandou “fazer” análises, e eu por diversas vezes lhe disse que não estou habilitado para isso e que tenho que recorrer a alguém que as faça.
O país está numa profunda crise, os índices de produtividade, dizem, são baixos, no entanto pelo que se ouve, qualquer um “faz” cirurgias, “faz” ginásios, “faz” piscinas, “faz” cursos, “faz” mestrados ou doutoramentos, etc. A autoestrada de Lisboa ao Porto (A1) já tem sido “feita” inúmeras vezes, e por várias pessoas, com a rapidez incrível de algumas horas, no entanto durante muitos anos só existiu esta e, desde há alguns anos até agora só se viu mais uma e repartida em vários troços, A8, A17, A25 e A29. Como resultado destas “feituras” têm sido muitos os acidentes provocaram (não feitos), muitos os mortos e muitos mais feridos.
Os portugueses aplicam o verbo «fazer» para tudo e para nada e depois “fazem” as coisas mais mirabolantes que, depois de bem espremidas, de pouco ou nada servem e são perfeitamente dispensáveis.
Os estrangeirismos são outra praga da nossa língua, (e mais uma vez os maus exemplos partem, invariavelmente, quase sempre de cima), que os portugueses teimam em adoptar, como que querendo demonstrar uma cultura acima da média, mais não passando de pobres coitados que nem sequer são capazes de preservar o que mais e melhor define a nossa identidade de povo e nação, que é a Língua Portuguesa.
Podem argumentar que foi assim que a língua portuguesa se fortaleceu, que foi na diversidade que se enriqueceu acrescentando-lhe novos vocábulos, mas substituir, sem necessidade, palavras que fazem parte do nosso vocabulário por uma amálgama de palavras estrangeiras, é diversidade a mais que levará, a prazo, ao desaparecimento da nossa identidade e da nossa cultura como nação.
Pegando na conclusão duma crónica publicada no “Público” de 04/01/2000, “(…) confesso que não me agrada a ideia de que, por força da força homogeneizadora da televisão, cada vez mais portugueses sejam «colonizados» (…)” por esta maneira de falar, “(…) e mais preocupado ainda fico quando penso que nessa altura provavelmente teremos de falar em inglês para nos entendermos (…)” não com os espanhóis ou brasileiros como escrevia o cronista, mas entre nós, portugueses!

sábado, 14 de maio de 2011

Heterofobia – Tribo – Sociedade – Solidariedade – Património Comum

A heterofobia tem as suas raízes em mecanismos atávicos de socialização, quando a pertença ao grupo implicava a hostilidade aos que não eram da tribo ou como os da tribo. O que antes foi útil nas formas primitivas da sociedade humana é algo que hoje tem a ver com o primitivismo da sociedade moderna. O que caracteriza as sociedades actuais é o reconhecimento da pluralidade dos grupos e a autonomia dos indivíduos. A organização moderna das sociedades considera a harmonização pactuada dos grupos pela força do direito ou pelo direito da força, de se unirem no ofício de constituir uma sociedade superior. Progridem mais as sociedades capazes de integrar maior número de diferenças dentro dos direitos reconhecidos, de encontrar um marco homogéneo que permita maior heterogeneidade, de maximizar a autonomia dos indivíduos e limitar as responsabilidades ao que fazem por opção e não aos seus traços característicos que não puderam escolher. A sociedade democrática liberal, ao contrário do que foi a constante milenária das tribos, representa um sistema que estabelece o desenraizamento dos direitos vindos dos deuses, linhagem ou pertença territorial, a refundação como convenção igualitária e respeitadora da autonomia individual.

sábado, 7 de maio de 2011

GOVERNAÇÃO GLOBAL

O tema sobre governação global vem ganhando importância na actualidade, pois apresenta-se intimamente ligado ao processo acelerado de globalização, às suas variáveis e consequências, tanto no contexto local como internacional.
O conceito de globalização indica um processo de reestruturação económica, em que as relações entre seus agentes adquirem um alcance planetário, originando mudanças significativas no sistema produtivo, nas interacções tanto comerciais como políticas, ultrapassando as fronteiras nacionais, colocando desafios comuns através do multilateralismo.
Do ponto de vista técnico, é uma verdade aceite de forma universal que a preservação do meio ambiente não pode ser problema de um ou alguns países, atingidos pela degradação causada pela poluição de outros. Respiramos o mesmo ar e estamos expostos ao mesmo sol. A escassez dos recursos naturais em partes do mundo geraria a migração dos povos e o surgir de inúmeros conflitos.
Questões globais – como a recente crise financeira – exemplificadas pelas abordagens multilaterais, demonstram que os desafios globais exigem soluções globais.
Embora preservando a identidade própria de cada nação, as fronteiras dos países vão perdendo importância e os governos vão adoptando, cada vez mais, políticas de consenso alargado, o que é eticamente recomendável.