O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos.Friedrich Nietzsche

sábado, 19 de março de 2011

ALEXANDRE O’NEILL (1924/1986)


A poesia de Alexandre O’Neill concilia uma atitude de vanguarda – surrealismo e experiências próximas do concretismo – que se manifesta no carácter lúdico, que evidencia o lado surreal do real, ou nos típicos «inventários» surrealistas. Os seus textos caracterizam-se por uma intensa sátira a Portugal e aos portugueses, numa alternância entre a constatação do absurdo da vida e o humor como única forma de se lhe opor.
Foi empregado de comércio e trabalhou em publicidade, tendo sido o criador do conhecido dístico «Há mar e mar, há ir e voltar».
Recebeu, em 1982, o Prémio da Associação dos Críticos Literários.
Filho de um bancário e de uma dona de casa, nasce em Lisboa, em 19 de Dezembro de 1924, Alexandre Manuel Vahía de Castro O’Neill de Bulhões, ou simplesmente, Alexandre O’Neill.
Em 1944, terminou o 1º ano da Escola Náutica de Lisboa mas, por causa da miopia, é-lhe recusada a cédula marítima para exercer pilotagem (“eu andei para marinheiro mas pus óculos de fiquei em terra”). O’Neill não continua os estudos.
Em 1946, por desavenças familiares, abandonou a casa dos pais e foi viver em casa do tio materno; em 1948, com Mário Cesariny, José-Augusto França, António Pedro e Vespereira, é um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa: colabora na Ampola Miraculosa, um livro de colagens surrealistas; em 1949, apaixona-se pela surrealista francesa Nora Mitrani; em 1950, em grande polémica, O’Neill rompe com o movimento surrealista; no ano de 1951, publica a colectânea “Tempo de Fantasmas”; é preso pela PIDE em 1953 e permanece nos calabouços durante 40 dias: casa com Noémia Delgado em 1957; em 1958 publica “O Reino da Dinamarca”; nasce o seu primeiro filho em 1959 e, em 1960, publica “Abandono Vigiado, em 1962, “Poemas com Endereço”, em 1965, “Feira Cabisbaixa”, e em 1966, em Turim, são publicados poemas de O’Neill sob o título “Portogalo mio rimorso”; em 1969 publica “De Ombro na Ombreira” e, em 1970, “As Andorinhas não têm Restaurante”; divorcia-se de Noémia Delgado em 1971 e casa-se com Teresa Patrício Gouveia; no ano de 1972 é publicado “Entre a Cortina e a Vidraça” e, em 1976, nasce o segundo filho do poeta; publica, em 1979, “A Saca de Orelhas”. Em 1980 apaixona-se por Laurinda Bom, publica “Uma Coisa em Forma de Assim”; em 1981 divorcia-se de Teresa e publica “As Horas já de Números Vestidas”; em 1983 publica “Dezanove Poemas”; em 1986 escreve “O Principio da Utopia”, “O Princípio da Realidade” e morre de doença cardíaca.
No ano da sua morte foi publicada a antologia "Tomai lá do O'Neill!", título escolhido pelo poeta que já não chegou a assistir ao lançamento da obra.
Sobre a obra de Alexandre O'Neill escreveu António Tabucchi: «Como um simples curto-circuito, diz mais que um tratado de antropologia, mais que um volume de história, mais que um breviário de estética! A poesia de O'Neill fala do sonho, do riso, da dor, da coragem de nos olharmos ao espelho».

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